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Era o futuro. Eu era professor de uma faculdade de alto padrão. Tinha minhas formações, mas como todo professor não ganhava lá essas coisas. Eu dava aula de esportes, e biologia, então tinha um duplo conhecimento do corpo humano. Um dia pela televisão, vi que estavam formando um novo hormônio do crescimento. Tinha um efeito muito rápido, porém custava a bagatela de 100 mil reais a dose. Talvez alguns alunos teriam condição de comprá-los, mas poucos. Desencanei disso, no entando no outro dia esse era o único assunto na aula. Em como o novo hormônio funcionaria. Pelo pouco que eu vi e me dediquei a estudar é que funcionaria em todas as idades, porém só os mais abastados poderiam usar.

Já era normal as classes dessa escola terem os alunos mais altos e fortes, pelos pais terem melhor acesso a nutrição, e também por casarem entre si em famílias ricas de pessoas altas promulgando uma boa genética, sendo que com certeza muitos eram maiores que eu com meus 1,72, porém todos me respeitavam. Alguns já falavam em convencer os pais a comprar o hormônio que era o GH1. Aquela aula era a única no dia, e logo todos foram embora. Ao chegar em casa e ver o jornal, vi que as vendas do GH1 estavam sendo um grande estouro. E haviam mesmo muitos consumidores dispostos a pagar aquele dinheiro. Vi entre eles muitos pais de alunos, praticamente todos da minha classe comprando para não querer que os filhos fossem humilhados na escola (coisa que eles colocaram para obrigar os pais para comprar o hormônio, uma história triste) e também para não ver o filho dos outros tendo algo que eles não tinham.

As mães pareciam as que mais queriam comprar para as garotas, e realmente elas eram maioria na classe. Eram 10 na classe para somente dois homens, era um colégio difícil de entrar e também muito restrito pelo método de ensino e pelo preço, por isso preconizávamos poucos alunos na classe, e por mérito poucos conseguiam, já que as mulheres sempre eram mais dedicadas. A primeira aula minha era de educação física. Neste semestre eu estava dando vôlei. Percebi que os shorts das garotas estava mais apertado (por mais que seja incomum um professor reparar nisso) e também que elas reclamavam muito de que seus tênis estavam apertados. As roupas dos dois garotos eram mais folgadas, porém os tênis também incomodavam. Nisso eles estavam sentados enquanto eu explicava o exercício, e já tinha a rede armada. Depois quando pedi para que levantassem dei um passo atrás. A diferença de ontem para hoje era pouca, mas perceptível.

Com certeza todos tinham tomado o tal do hormônio e estavam em média com 1,85, algumas e principalmente as garotas que eram as mais altas tinham até 1,90! Joguei a bola, e o jogo foi muito acirrado. Eram 6 para cada lado, e eu ficava apenas arbitrando o jogo, e direcionando as táticas. O colégio era tão rico que havia até uma faxineira só para limpar o suor que ficava na quadra (que era oficial) após alguém cair no chão. Ao entrar eu de fora percebi a diferença de tamanho. Ela batia no ombro dos alunos e em alguns até um pouco abaixo! Parecia uma criança perto deles.

Vi nisso o que poderia ser uma nova segregação, além da financeira, por tamanho. A aula terminou sem maiores (e põe maiores nisso) problemas, todos foram ao vestiário se trocar e após isso era aula de biologia. Eles queriam saber o que eu já havia descobrido sobre o hormômio. Respondi o que sabia e tinha pesquisado, era um hormônio de efeito rápido e eficaz, porém precisava ser utilizado constantemente para ter um crescimento contínuo. Quando perguntei quem já tinha ouvido falar uma das garotas que nem era das mais altas levantou o braço e disse: "Ah claro professor nós todos aqui já tomamos." E meu medo havia se tornado realidade, eles tinham mesmo condições para tal. Expliquei as estruturas químicas do hormônio e os possíveis riscos, deveria ser usado com moderação para segurança (inclusive a minha) que ele poderia intercorrer, porém eles eram inteligentes, e viram que mesmo que meus argumentos fizessem sentido eles conseguiam dissuadir minhas idéias e ficamos na discussão que tudo que ingeríamos tínham os riscos, porém também os seus benefícios. Terminada a aula todos saíram.

Assistindo a televisão vi que os resultados com o novo hormônio do crescimento haviam sido excelentes e com isso a procura tinha aumentado e muito. Muitas outras farmácias estavam buscando patentes diferentes para o hormônio e isso acirraria a concorrência que até então era nenhuma e o preço, no entanto o que ainda era consenso na medicina e também na biologia é que a injeção deveria ser de apenas uma dose diária, já que mais que isso poderia propiciar o desenvolvimento de outras coisas como tumores cancerígenos. Naturalmente esse hormônio também foi proibido nos esportes por tornarem os atletas maiores e mais fortes, mas sabia que essa proibição não duraria por muito tempo já que os mais jovens antes de competir poderiam usá-lo.

No dia seguinte dei aula para a outra turma do 2° ano com a mesma proporção de alunos (dez meninas para dois meninos). Quando cheguei eles já estavam sentados, e comecei a aula, até que eles começaram a perguntar do GH1. Comecei a mesma explicação que tinha dado a última classe, salientando também as precauções, e por fim perguntei se já conheciam alguém que já tinha tomado a substância. Uma garota simplesmente se levantou e passava dos 1,90! Ela sempre fora grande, mas nunca tanto e disse: "Todos nós já tomamos professor você tem alguma dúvida?" Todos riram e logo depois o sinal tocou e os vi saindo, uns mais altos e outros mais baixos, mas todos maiores que eu. Se as coisas continuassem nesse ritmo eu iria perder o pique da classe.

Tudo bem que eu era respeitado, mas os jovens se impunham muito mais pelo tamanho, do que pela presença de classe. No jornal vi a notícia que havia sido inventado por uma companhia farmacêutica o GH2, segundo ela tinha um efeito maior, mais duradouro e acumulativo do que o GH1. O preço no entanto também era maior, pelos benefícios eram de 200 mil reais a dose! Vi também as mães, mas desta vez somente das alunas irem comprar e pareciam que elas tinham tomado o anterior também, as atendentes (eram baixinhas) batiam na altura dos seios delas, tudo bem que elas estavam de saltos, mas a diferença era gritante. Já imaginava que minhas aluninhas nem passariam na porta, porém antes no meu diário vi que agora o colégio era só de meninas, e isso na minha visão não melhoraria nada as coisas.

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