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Author's Chapter Notes:

Como a história está em português, peço que quem ler me deixe um review para eu saber que tem gente conseguindo ler.

Dia 76 - Parte 2

 

Menos de três minutos após desligar o Wharsapp, Demi abriu a porta do quarto de Rafael lentamente. Notou que havia uma borracha vedando a parte de baixo da porta, provavelmente para evitar que algum inseto entrasse, ou que um homenzinho saísse. Ficou ainda mais animada, pois isso era sinal de que Rafael estava ali em algum lugar. Fechou a porta e olhou a escrivaninha.

 

- Oi Rafinha, vim fazer uma visita, não seja tímido. - disse sussurrando de maneira simpática.

 

De onde estava Rafael podia ver a bota de couro preto e ponta fina. Os passos ecoando contra o piso de madeira. Quando a bota indicou que Demi estava olhando para outro lado, ele arriscou uma olhada rápida na adolescente gigantesca. As pernas bem desenhadas preenchiam a bota que ia até um palmo abaixo do joelho. Dali surgia uma calça jeans bem colada ao corpo. A barriga estava de fora, mostrando a pele dourada de sol, uma jaqueta de couto curta terminava antes do umbigo. o cabelo era de um loiro escuro, quase castanho, longo, parecia um pouco bagunçado pela correria, mas isso ficava muito bem nela. Não querendo arriscar muito e sabendo que seu esconderijo era ruim, Rafael resolveu procurar se esconder melhor.

 

Demi se aproximou da enorme casa de bonecas em cima da mesa. Era tudo muito irreal, mas ela sabia o que tinha visto, e quanto mais ela pensava na situação, mais ela gostava.

 

- Ai que coisa mais fofa essa casinha. É aqui que você mora? - disse com um tom de voz que as pessoas reservam para falar com bebês ou filhotinhos de animais. - Eu vou desmaiar de tanta fofura. Você está aí dentro Rafinha?

 

Olhando pelas janelinhas Demi pode ver os detalhes de cada quarto com pequeno moveis. Ficou  encantada com cada comudo, mas não viu nenhum sinal de homenzinho. descobriu um fecho que abria toda a parte da frente da casa, após mexer nos moveis teve certeza que ele não estava ali. Reparou na escadinha de cordas no canto da escrivaninha.

 

- Droga - Demi bateu a bota no chão com força - ela não estava realmente irritada, mas imaginando que ele estaria no chão, achou que isso teria um grande efeito para ele.

 

- Vem com a Demi, vem Rafinha. Não tenha medo - a voz era suave e um pouco debochada. Demi caminhou lentamente até o meio do quarto para olhar onde ele poderia estar. uma cama grande. uma cadeira, duas mesinhas de cabiceira e um armario embutido. Vendo o armário fechado, imaginou que não havia muitos bons lugares para se esconder.

 

- Adorei sua casinha, meu vizinho pequenininho e lindo. Você está em baixo de algum móvel? Consegue ver minha bota daí? - encostou o o calcanhar da sobre o tornozelo da outra perna fazendo uma pose - deve ser uma visão e tanto né? Sabia que minha paixão por botas começou por sua causa? é sério. Quando eu tinha 11 anos, lembro que você estava conversando com minha mãe e eu quando sua namorada chegou. Ela perguntou se você tinha gostado das botas que ela tinha comprado e você disse “acho irresistível uma mulher usando botas”. - risos - pensando agora, foi um comentario de brincadeira, nada demais, mas para mim, que na época te achava o máximo, aquilo ficou. Mesmo depois que desisti da minha paixão de criança e comecei a sair com garotos da minha idade, o gosto por botas ficou. Me sinto linda quando uso, você acha que estou linda homenzinho?

 

Demi foi até as cortinas e olhou atrás, olhou em baixo da cadeira. - Adoro brincar de esconde esconde, mas não é educado da sua parte me deixar falando sozinha. Você sabe que vou te achar. Vamos combinar assim. Eu sei que você deve estar tão assustado quanto eu estou curiosa. Eu não vou te machucar, tá? Na verdade quero entender e se precisar, quero cuidar de você. Vamos fazer assim, eu prometo que se você sair de onde está escondido no próximo minuto, eu vou te pegar com cuidado, apenas conversar com você por 10 minutos, e depois te coloco na sua casinha e vou para minha casa e não volto por pelo menos 3 dias, que tal? Não sei porque você está tão preocupado, você sempre foi tão positivo, divertido e confiante. Não é a toa que eu tive minha paixãozinha por você. Minha irmã acho que ainda tem - risos - Você vai ser o homenzinho valente da Demi? Estou contando o tempo, se você não vier, quando te achar, você vai ficar de castigo - Demi abriu um sorriso com a ideia de que realmente podia colocar um homem adulto de castigo.

 

Do seu esconderijo em baixo da cama, Rafael ponderou sobre suas opções. Ele quase tinha morrido de susto quando ela bateu a bota no chão com força. O jeito dela se dirigir a ele, como se ele fosse um bichinho indefeso, também não estava deixando ele muito a vontade, mas ele teve que concordar que era compreensível, já que com esse tamanho ele realmente parecia indefeso. Suspirou. Ele sabia que não conseguiria se esconder por muito tempo. O jeito era acreditar na oferta dela, sendo assim saiu andando lentamente de baixo da cama.

 

Demi colocou a mão na boca, numa reação de espanto quando viu o homenzinho sair de baixo da cama. A mão cobriu seu sorriso. Rapidamente deu um passo e as botas gigantes cercaram Rafael, que tremeu com a aproximação tão rápida e tão perto. Demi não se agachou, ficou olhando o homenzinho entre suas botas com um sorriso enorme no rosto.

 

- Oi Demi - disse Rafael tentando não deixar transparecer o quanto estava nervoso.

 

- Oi pequenininho. Você parece tão frágil e bonitinho aí entre minhas botas - Demi empurrou  com a pontinha da bota fazendo Rafael perder o equilíbrio e sentar enquanto dava risinhos.

 

- Ei, isso não tem graça

 

- Desculpe, não resisti. Mas não te machuquei, certo?

 

- Só meu orgulho - disse Rafael se levantando.

 

- Tadinho do meu mini homenzinho

 

- Você pode sentar na cadeira que vou subir na mesa para gente conversar.

 

- Não precisa se cansar - lentamente a mão de Demi foi descendo em direção ao Rafael.

 

- Eu preferia que você não me segurasse,

 

- Imagina se não vou te segurar. Nunca que vou perder essa oportunidade. E eu não prometi que não ia. Eu prometi que depois de 10 minutos te coloco na sua casinha e vou para minha casa, e isso eu pretendo cumprir.

 

Rafael sentiu um certo alivio com essas palavras, mas as unhas longas e verde escuro se aproximando o deixaram apreensivo. Ele esperava que ela colocasse a mão para ele subir, mas garota simplesmente  fechou as mãos em volta dele, prendendo os braços e deixando apenas acima dos ombros e um pedaço das pernas visível. Então se levantou novamente, segurando ele imobilizado em frente aos olhos cor de mel.

 

- Nossa, você é tão levinho. estou adorando a sensação de te segurar - sussurou Demi sorrindo gentilmente. Com a ponta do indicador ela alisou o cabelinho e fez um carinho na bochecha - você está tão tão tão bonitinho, é tudo tão perfeitinho e pequeno - disse mais para si mesma do que para ele.

 

- Você está prendendo meus braços - disse Rafael se debatendo.

 

- Eu sei, legal né? Você é tão fraquinho e indefeso. Jamais imaginei te ter assim nas mãos - disse piscando. - agora beija minha bochecha para me cumprimentar direito.

 

Rafael se viu diante da bochecha gigante. mesmo dessa distancia a pele parecia perfeita e lisinha o perfume, embora agradável. Revirando os olhos Rafael beijou a bochecha e imediatamente ouviu risinhos, então os olhos gigantes voltaram a ficar na sua frente.

 

- Como você ficou assim?

 

- Um acidente no trabalho. um meteoro caiu do céu, levaram para mim, mas quando fui investigar ele explodiu e eu encolhi - Era tudo uma grande mentira, mas Rafael sabia que se negar a contar era pior. Ela ia ficar mais curiosa, e ele era proibido por contrato de contar o que realmente aconteceu.

 

- Eu sabia que você era um tipo de cientista. Tem cura?

 

- Estão pesquisando, talvez tenha.

 

- Se dependesse de mim, você não crescia. Você está ótimo assim - Demi alisou o cabelinho mais um pouco.

 

- Eu não quero ficar desse tamanho - disse Rafael indignado.

 

- Mas você está ótimo assim , muaaack - o beijo de Demi cobriu todo o rosto de Rafael, deixando ele por um segundo tonto e sem ar. Mas não dava para negar que os lábios macios dela contra o rosto eram uma sensação agradável.

 

- Demi, me respeite, eu tenho o dobro da sua idade.

 

- Que nada. Você é lindinho como um bebê e menor e mais fraquinho que um bebê. No momento eu sou mais independente e adulta que você. Bebezinho bonitinho da Demi - a voz era de deboche e  a pontinha da unha gigante fez cocegas debaixo do pequeno queixo. Demi achou engraçadinho o homenzinho em sua mão tentando se soltar. - Não precisa ficar todo agitado, só porque eu te provoquei um pouquinho.

 

- Tudo bem - disse Rafael se acalmando - mas você precisa me segurar assim.

 

- Eu não preciso, mas eu gosto - disse, dando uma piscadinha.

 

- Bom, você prometeu que ia me deixar na minha casa em cima da mesa e que ia para sua casa se eu saísse e deixasse você matar sua curiosidade. Que tal manter sua palavra?

 

- Verdade, eu disse e vou cumprir - Demi caminhou até a mesa e o soltou - agora seja um bom homenzinho e corra para sua casinha.

 

- Porque?

 

- Porque eu quero ver você dentro dela. Vai ser adorável  ver você andando lá dentro. Se você fizer isso eu vou embora, afinal eu disse que ia deixar você ir para sua casinha antes de sair - parou e olhou com uma expressão levada no rosto. - Mas se eu contar até 10 e você não estive lá dentro, vou ficar aqui brincando com você por mais uma hora.

 

- Qual a graça de me fazer correr?

 

- Você corre se quiser amorzinho. Eu estou doida para ficar aqui mais. Um… Dois…

 

Rafael começou a correr. Demi colocou o dedo no caminho como se fosse uma pista com obstáculos e quando Rafael bateu a mão no dedo dela e pulou para continuar correndo ela soutou aquele barulhinho que as meninas fazem quando vêm um patinho correndo desajeitado, algo parecido com "Oint". Rafael abriu a porta quando ela estava contando entre o nove e o dez e se atirou no sofá.

 

Pela janela ele pode ver o enorme olho espionando dentro de sua casa.

 

- Cansou coisinha bonita?

 

- Só um pouquinho.

 

- Você pode subir as escadas e deitar na sua caminha para eu ver?

 

- Se eu fizer isso você vai para sua casa?

 

- Vou.

 

- Ok então - disse Rafael subindo as escadas e se atirando na cama - satisfeita?

 

- Sim, hora de ir para casa - e o olho gigante sumiu da janela.

 

Rafael olhou para o teto e respirou aliviado. Pensou que Demi poderia ser um problema maior do que de fato foi. Tudo que precisava fazer era, assim que ela saísse, telefonar para o laboratório e explicar que precisava ser realocado. Foi quando sentiu a casa tremer um pouco e então ser levantada. Cambaleou pelo quarto até a janela mais próxima.

 

- O que você está fazendo? - gritou para a gigante que andava pelo corredor com a casinha nos braços.

 

- Eu disse que ia te colocar em sua casinha, e que depois ia para minha, só não comentei que pretendia levar essa casinha comigo quando eu saísse - disse Demi achando tudo muito divertido e excitante.

 

Chapter End Notes:

Espero que tenham gostado. Review please? ;)

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