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Author's Chapter Notes:

Como a história está em português, peço que quem ler me deixe um review para eu saber que continuam lendo. A opinião de vocês é importante.

Dia 17 - Steve

 

    A outra caixa de vidro ficava em frente. Steve olhou o pequeno camundongo branco e achou que ele não parecia tão pequeno. Na verdade Steve poderia facilmente montar naquele camundongo como se fosse um cavalo. A caixa dos dois era idêntica, nada além de um pequeno pote de comida e de água, até os potes eram idênticos.

 

    A imensa porta abriu e Asami entrou na sala e caminhou diretamente para ele.

 

    - Bom dia - disse ele não esperando nenhuma resposta da imensa cientista oriental.

 

    Asami simplesntente colocou a mão na caixa e, usando luvas de borracha, segurou Steve entre os dedos. Era a mesma rotina desde o primeiro dia no laboratório. Steve suspirou, ele sentia falta de muitas coisas, inclusive de contato humano, ele realmente odiava aquelas luvas de borracha. Como em todos os dias ela o pesou em uma balança extremamente sensível e anotou o resultado.

 

    - Deite na régua - disse Asami secamente. Ele obedeceu. Nos dois primeiros dias ele tentou ignorá-la, mas ela simplesmente colou ele com durex para medir. O durex sendo arrancado da pele nua e sensível dele doeu muito, por isso no terceiro dia ele começou a obedecer.

 

    - O espécime mantem o mesmo peso e tamanho - Ela colocou ele dentro da caixa de vidro novamente e levantou a caixa. Steve cambaleou surpreso ali dentro, não só a rotina de exames tinha sido bem menor, como era a primeiro vez que ele era removido da sala particular de Asami para o laboratório onde ficava o resto da equipe.

 

    As três mulheres na sala olharam curiosas quando Asami entrou. Depois de uma criteriosa seleção, elas haviam  sido escolhidas para trabalhar no projeto. Elas tinham sido instruídas sobre quem era Steve, assinado acordos de sigilo e tinham o perfil considerado adequado para situação.

 

- Senhoras, esse é nosso espécime chave para esse projeto - disse a Asami se dirigindo a elas sem olhar para a caixa de vidro onde Steve estava. - Ele não deve ser movido do laboratório e nem mencionado para ninguém, como já falamos várias vezes. Fora isso, vocês podem ter acesso a ele sempre que acharem importante para seus estudos. Coloquem naquela agenda as reservas de horário para manipular o espécime. Por enquanto vou dar 20 minutos com cada uma para que vocês matem sua curiosidade natural e para se familiarizarem com o espécime. depois teremos uma reunião para decidir os próximos passos da nossa pesquisa. Lembrem de como adquirimos esse espécime. Ele estava roubando o laboratório e atacou dois colegas nossos. Antes de virar nossa cobaia, ele era conhecido por ser um grande mentiroso e manipulador. Por isso aconselho a ignorarem e conversarem com ele o mínimo possível. Podem usar a sala dois para isso. Aqui Amy, você vai primeiro, depois a Bianca e por fim a Débora. - disse Asami passando a caixa com Steve para Amy.

 

Steve olhou para Amy que carregava sua caixa de vidro até a sala dois. Apesar de um pouco acima do peso e de ser a mais baixa entre as 4 mulheres do laboratório, ela tinha o rosto muito bonito, e sua mão era delicada. Os braços eram bem mais grossos que de suas colegas e seu rosto um pouco arredondado, mas não havia nenhuma flacidez aparente.

 

- Oi homenzinho - disse Amy após fechar a porta, colocar a caixa de vidro sobra a mesa e aproximar o rosto bem perto da parede de vidro.

 

- Oi… Amy, certo? - respondeu Steve. Há uma semana atrás, ser chamado de "homenzinho"o teria incomodado, mas depois de ser chamado de "espécime" por dias, isso foi uma mudança bem vinda. Ele olhou o enorme sorriso que sua resposta provocou e imaginou que ela era realmente bonita, se fosse um pouquinho mais magra seria o tipo de mulher que Steve adorava. Ela foi pegar um copo de água na mesa de apoio da sala e Steve olhou para as pernas que também eram mais grossas que o convencional, mas totalmente lisinhas e atraentes.

 

- Está com sede homenzinho? - perguntou ela demonstrando uma alegria e animação um pouco acima do normal e dando risadinhas - Como sou boba, dessa distância não consigo escutar sua voz fraquinha.

 

- Estou bem obrigado - repediu ele quando Amy se sentou na frente da caixa de vidro.

 

- Como você bem lembrou, meu nome é Amy. Doutora Amy. Sou médica e veterinária também. Minha função é estudar sua fisiologia ver como seu tamanho afeta seu corpo e possíveis efeitos colaterais.

 

- Veterinária?

 

- Awwww! Não fique ofendido pequenino - disse ela sendo meiga. - Você está em boas mãos. Meus conhecimentos de medicina me ajudam a cuidar de você, mas minha experiência como veterinária me dão prática para mexer um corpos pequeno e delicados.

 

- Faz sentido, é um prazer conhecê-la Amy. - Steve sabia que precisava conquistar a simpatia das pessoas que trabalhavam ali para fazer a situação dele melhorar, ou pelo menos melhorar  sua qualidade de vida. - Mas porque você estudou veterinária e medicina? Porque os dois?

 

- Embora medicina seja minha profissão principal, tenho adoração por bichinhos pequenos. Por isso fiz veterinária também. Ai, não aquento, vem cá - disse ela enfiando a mão na caixa de vidro e segurando Steve entre os dedos, antes de levantá-lo até perto dos olhos.

 

Steve não protestou pois era ótimo sentir o contato com pele humana no lugar da luva de borracha. - Obrigado por não me chamar de espécime.

 

Amy apertou o homenzinho contra a bochecha num gesto afetuoso. - Eu sei que isso é altamente inapropriado, mas Asami diz que você equivale a um animal de laboratório agora, e eu sempre fui afetuosa com os bichinhos. E você é tão fofinho e indefeso. - ela puxou Steve até em frente os olhos e viu que ele parecia chateado. Ela alisou o cabelo dele com a ponta do dedo - Não fica assim. Não quis dizer que você é um bichinho para mim. Apenas estou dizendo o seu status aqui, e você já sabe disso. O que quero dizer é, vou brincar com você e fazer o que eu quiser, mesmo que não pareça apropriado. Se você reclamar para alguém, além de não adiantar nada, vou me chatear com você, você não quer a Amy chateada com você certo?

 

Steve apenas balançou a cabeça confirmando que não.

 

E eu posso contar com seu silêncio, independente do que eu diga e faça certo?

 

- Certo, um pouco de carinho da minha médica é bem vindo - disse ele sorrindo, mas se sentindo apreensivo por dentro.

 

- Delicia de homenzinho. Se não tivessem me dito que você é mentiroso e cafajeste, acho que eu já estava apaixonada.

 

- Fiz coisas erradas, mas não sou como me pintaram. Não sou tão tão mal assim. Além disso, uma experiência assim muda a gente.

 

- Vamos ver homenzinho, vamos ver. Mas agora vamos examinar você, cada pedacinho.



    Após 20 minutos Amy saiu e Bianca entrou se sentando na frente da pequena pessoa. Bianca tinha um nariz longo e fino e traços que entregavam sua descendência grega.

 

    - Ola Steve, eu sou a doutora Bianca. Você gostaria que eu te tirasse dessa caixa de vidro e de colocasse sobre a mesa?

 

    - Desde que isso aconteceu, você é a primeira pessoa que fala comigo normalmente, como se eu fosse uma pessoa. - Steve estava legitimamente surpreso, talvez as pessoas da equipe da Asami pudessem tornar sua estadia no laboratório mais suportável.

 

    - Mas você é uma pessoa não é? - perguntou Bianca tirando um caderno e uma caneta da bolsa.

 

    - Já estava esquecendo que era - disse ele brincando, mas Bianca não riu, apenas anotou algo no caderno.

 

    - Imagino que isso tudo seja extremamente estressante para você, posso chamá-lo de Steve, certo?

 

    - Fique a vontade. Não estou reclamando, mas porque está me tratando com tanta consideração?

 

    - Steve, sou psicóloga e meu trabalho aqui é estudar o impacto da redução de tamanho no comportamento e na psique das pessoas. Entender melhor os impactos da redução e como o ser humano se adapta a isso. Isso faz de mim, entre outras coisas, sua psicóloga.

 

    - E se eu não quiser fazer terapia? - ele perguntou novamente tentando fazer uma piada.

 

    - Para que eu possa analisar os efeitos de ser miniaturizado em uma pessoa, eu preciso fazer alguns experimentos, mas antes de tudo, eu preciso que o objeto do meu estudo seja uma pessoa, e não um animal ou um objeto. Por isso, ao me ajudar e conversar comigo, você ajuda a si mesmo. Não apenas pelos benefícios da terapia, mas porque vou defender condições minimas de dignidade para você. Por outro lado, se você não colaborar com meu trabalho, você não vai ter valor para mim, e será tratado como Asami já vê você, um rato de laboratório. - a voz de Bianca era neutra e acertiva.

 

    - Pode contar comigo. Vai ser bom ter você como amiga.

 

    - Não se deixe enganar Steve. Você pode e deve confiar em mim, e vou trazer algumas melhorias na sua situação. Vou poder te ajudar de algumas maneiras, mas não sou sua amiga. Vou fazer testes e experiências que você pode não gostar. Mas nunca nada pessoal contra você. Na maioria das vezes serei uma aliada importante para você, e sua saúde mental é algo que ambos queremos.

 

- Compreendo. Obrigado doutora.

 

- De nada Steve, agora eu gostaria de te escutar o que você está sentindo. Pode falar do que quiser. - Bianca cruzou as pernas e pegou seu bloco.



Quando Débora entrou, Steve pensou na personagem da capa do filme Pulp Fiction. O mesmo cabelo preto com franja, o rosto parecido, apenas um pouco mais velha, Steve estimou que ela tinha por volta de 35 anos. Ela se sentou e ficou apenas olhando por quase 20 segundos. Sem dizer uma palavra.

 

- Seu nome é Débora, certo? Se a Amy é médica e a Bianca é psicóloga, qual seu papel nesse projeto - disse Steve tentando ser simpático.

 

- Eu sou cientista adjunta e não fale comigo como se fossemos amigos, eu não gosto de você - disse ela secamente apontando o dedo quase no rosto dele. Steve deu uns passos para trás.

 

Sorrindo com a reação do homenzinho, Débora o tirou da caixa de vidro segurando ele entre o polegar e indicador em frente sua boca. Os dentes brancos e perfeitos a mostra,  num sorriso frio.

 

    - P-porque? Eu não fiz nada para você - Steve se contorcia tentando aliviar a pressão dos dedos a sua volta. Não chegava a doer, mas a pressão era grande o suficiente para incomodar bastante.

 

- Normalmente não gosto de homens em geral. Existem uns poucos que merecem alguma consideração, mas o mundo seria melhor com todos sendo do seu tamanho. E no seu caso, eu tenho alguns motivos para gostar ainda menos de você. É bom ver você se debatendo como uma inseto.

 

- O que exatamente você acha que eu fiz? - a voz de Steve saiu mais aguda, pela pressão que os dedos dela faziam em seu corpo.

 

- Posso até perder meu emprego - disse ela ignorando a pergunta. - Mas acho que vou engolir você vivo. - Débora colocou os dedos dentro da boca segurando o homenzinho em frente sua garganta.

 

- Não! Espera! Me tira daqui, não faz isso - Steve começou a gritar por socorro. Os punhos socando os dedos imensos. Ele olhou a parte de trás dos dentes brancos e perfeitos, a língua enorme logo abaixo dos seus pés, sentiu o ar úmido. A luz que entrava pela boca permitia que ele visse o abismo na sua frente, que era a garganta da cientista. Lutou em panico por quase um minuto, esperando a qualquer momento ser solto e devorado vivo, mas nada aconteceu. Ela ficou apenas segurando ele ali, bem dentro da boca, mas sem tocar em nada lá dentro. Então lentamente ela trouxe ele novamente para fora.

 

- N-ão me coma - implorou Steve tremendo entre os dedos macios. O sorriso ainda maior da gigante a sua frente apenas o fez temer mais pela própria vida.  

 

- Mas eu vou te engolir Steve. Vou te colcar dentro da minha boca por uns 10 minutos, deixar você sabendo que em algum momento você vai descer pela minha garganta, ainda vivo, sentindo meus músculos levando você até meu estômago, onde você vai morrer sozinho e com dor. Seu corpo digerido, nunca vai ser encontrado. Sua existência apagada do mundo.

 

- N-não, por favor. Eu… eu imploro, eu faço qualquer coisa que você quiser - as lágrimas de medo e desespero escorreram pelo rosto dele enquanto o corpinho tremia.

 

Débora gargalhou - Olha como você é patético. Pois saiba que vou fazer exatamente isso que eu disse, mas não hoje. Precisamos de você por enquanto. Existem uns poucos homens que gosto, Rafael é um deles. Lembra do Rafael, que está encolhendo por culpa do seu ataque ao nosso laboratório? Não é justo ele ficar pequeno em um mundo que tem tantos homens ruins no tamanho normal. Já que por enquanto você é nossa única cobaia, não vou prejudicar a pesquisa e o Rafael por sua causa. Mas tenha certeza de uma coisa, em algum momento no futuro, vou fazer exatamente o que eu disse. Quero que você pense nisso todos os dias. É uma promessa que eu te faço, eu vou te devorar vivo um dia.

 

Steve não conseguiu ficar em pé quando foi colocado de volta na caixa de vidro, as pernas estavam bambas. Olhou mais uma vez para Débora, que mantinha o mesmo sorriso de quem estava adorando vê-lo naquele estado.

 

- E se eu souber que você contou sobre nossa conversa para alguém - disse Débora se levantando da cadeira. - Vai ser sua sentença de morte, vou te devorar no mesmo dia, não importa o estágio do projeto. E vai ser fácil, porque ninguém vai acreditar em você. Eu tenho e continuarei a ter acesso total a você. Estamos entendidos?

 

Steve olhou para cima sem conseguir falar.

 

Dédora colocou a mão dentro da caixa de vidro e com um movimento simples do dedo,sua unha atingiu o homenzinho no peito fazendo ele cair de costas. - Estamos... entendidos? - Perguntou de novo dizendo as palavras lentamente para enfatizar.


Steve apenas balançou a cabeça afirmativamente. Viu então a gigante sair da sala e engatinhou até o canto da caixa de vidro, sentou abraçando os próprios joelhos e ficou ali.

Chapter End Notes:

O próximo capitulo será sobre Rafael. Mas ainda vou levar uns dias para começar a escrevê-lo. Por isso continuem votando no cenário que Rafael irá escolher.

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