Aliens in Salvador by Barbarizando
Summary:

A group of perfectly humanoid aliens ended up making a forced landing in a Brazilian state, in Salvador. Now the team will have to get together to find a way to return home.

Disclaimer: All publicly recognizable characters, settings, etc. are the property of their respective owners. The original characters and plot are the property of the author. The author is in no way associated with the owners, creators, or producers of any media franchise. No copyright infringement is intended.


Categories: Sci-Fi, Unaware, Adventure, Teenager (13-19), Adult 30-39, Trans, Gentle, Violent, Lesbians, Giantess Characters: None
Growth: None
Shrink: None
Size Roles: None
Warnings: None
Challenges: None
Series: None
Chapters: 8 Completed: No Word count: 32080 Read: 4965 Published: January 14 2024 Updated: January 31 2024
Story Notes:

Is in Portuguese only

1. Chapter 1 by Barbarizando

2. Chapter 2 by Barbarizando

3. Chapter 3 by Barbarizando

4. Chapter 4 by Barbarizando

5. Chapter 5 by Barbarizando

6. Chapter 6 by Barbarizando

7. Chapter 7 by Barbarizando

8. Chapter 8 by Barbarizando

Chapter 1 by Barbarizando
Author's Notes:
Tá difícil postar algo

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Essa é minha primeira tentativa de escrever algo aqui, por favor tenha paciência comigo. Espero que essa estória seja apesar de lida de estar em português. 




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Lá estava numa rua movimentada do centro histórico de Salvador uma baiana com seu tabuleiro oferecendo aos transeuntes seus quitutes. A mulher, Vera, tinha lá seus 36 anos, pele negra e vestia-se com um vestido e turbante branco. Ela era meio gordinha mas seu sorriso e expressão calorosa de longe lhe davam um ar belo e esbelto.


A mulher servia as pessoas que passavam ao lado de uma de suas filhas, que brincava no chão da calçada em frente ao sobrado onde moravam e onde também estava erguida a barraca de Vera. Não muito longe da mulher e sua filha um pequeno carrinho verde, no chão, encontrava-se parado. Era pequeno o bastante para ser um brinquedo, mas sem que ninguém notasse, o veículo estava tripulado.


  ** O que vamos fazer, Atta? Nossa tripulação sumiu e estamos sem combustível! ** Perguntou um minúsculo homenzinho dentro do carro em miniatura. E a jovem moça ao lado dele respondeu um pouco impaciente mas contendo seu aborrecimento. ** Padius, entenda, esse planeta é essencialmente uma réplica 25 vezes maior que o nosso! Ou seja, podemos facilmente encontrar suprimentos por aqui... Só precisamos sair e procurar!** Mas claro que o jovem ao lado dela, Padius, não gostou muito da ideia. **Está maluca? Esses monstros lá fora podem nos devorar ou pior!** Mas ela explicou . **Eu acabei de dizer que eles são humanos! Bom, também tem animais, mas...  enfim, humanos não comem humanos, então se essa é sua preocupação relaxa!**


Padius não queria ceder, mas Atta estava determinado a conseguir combustível, então ela saiu do carro, armada com um rifle tão pequeno quanto ela. Aliás, Atta era uma garota jovem, magra e baixa mesmo para sua proporção. Ela teria para Padius 1,50m, mas para os humanos seu tamanho seria de 6 centímetros. Enquanto seu amigo tinha 7 centímetros para os humanos e 1,75 para Atta. Ambos eram adolescentes, a menina com seus 13 ou 14 anos e o rapaz com cerca de 16 anos. Apesar disso, os dois estavam fardados com trajes de aspecto militar e carregavam bornais com munição, pistolas e até mesmo máscaras de gás. Ambos tinham rifles de repetição e se armaram deles quando por iniciativa da menina deixaram seu carro - um jipe, na verdade - para procurar álcool, seu combustível.


O veículo ficou num canto da calçada, entre uma enorme parede branca do sobrado e um vaso de flor posicionado atrás de um enorme orelhão (telefone público brasileiro). Ele estava relativamente bem escondido, pois os humanos gigantes não dariam atenção a um "brinquedo" atrás de um vaso no meio da calçada. E se o fizessem poderiam facilmente aceitar que era um brinquedo da criança de 4 anos que brincava ali perto com suas bonecas enquanto a mãe vendia acarajés.


**O plano é o seguinte...** Disse Atta para o parceiro **Nosso jipe é movido a álcool, então só precisamos de um pouco disso para seguirmos a viagem** Padius seguiu a parceira incrédulo, ele disse: ** tá... Mas olhe para esses humanos... Se é que podemos chamá-los assim... Essa guria aí na nossa frente parece um king Kong e só deve ter uns 4 anos ou coisa assim...!** , * *agradeça por ela ser jovem, assim caso ela nos veja pode nos esquecer. Mas acho que um adulto não vai deixar passar se virem dois adolescentes minúsculos!**


Eles continuaram andando, a ideia era atravessar a menina e procurar qualquer álcool no enorme tabuleiro da baiana. Porém a criança, que brincava com bonecas quatro vezes maiores que os pequeninos, não demorou para perceber a movimentação deles. Ela foi tomada por uma curiosidade animal e então largou suas Barbies para esticar sua "pequena" mão infantil e tentar agarrar um dos soldados em miniatura. A menina, como a mãe era negra e sua palma esbranquiçada logo pairou sobre Padius, que assustado não soube recuar e acabou por dar um tiro desesperadamente na mão da criança. Seu rifle não chegou a machucá-la mais que uma picada de abelha, mas a dor sentida foi o suficiente para a criança gritar e se irritar.


Dotada de raiva e dor a menina, Ághata, se levantou no alto de seus aparentes 25 metros, com a irá de seus pés prontos para exterminar o inseto que lhe picou. **Bichinho mau!** Bulbuciou com sua linguagem infantil enquanto seu pé calçado em uma sandália cor de rosa se dirigiu violentamente contra Padius e, consequentemente, Atta.


**Você tinha que provocar?** Reclamou Atta enquanto puxava o parceiro para que ambos fugissem da colisão. **Não é culpa minha! Eu... Eu não sabia o que fazer!** Os dois pequeninos ficaram um tempo só correndo aleatoriamente na calçada enquanto fugiam da criança colossal. Até que finalmente Atta se cansou do ataque implacável de Aghata e decidiu que para recuarem precisaria antes distrair a criança; então ela mandou Padius correr em direção ao jipe enquanto ela mirava seu rifle na direção da giganta. Ela queria evitar reações desagradáveis, mas foi obrigada a disparar contra o olho esquerdo de Aghata. Seu projétil, quase do tamanho de um grão de areia, não poderia atravessar o orbe ocular da menina, mas facilmente atordoaria ela como uma picada de vespa em um dos pontos mais sensíveis do corpo humano.


Como resultado a menina começou a chorar vigorosamente, a pequenina Atta sabia que a mãe dela logo viria socorrê-la e quando isso acontecesse era estupidez estar perto. Então ela correu para o jipe com o coração acelerado e esperou que o inevitável se sucedesse. Logo uma furiosa Vera vinha verificar a filha. A criança por conta da dor mau pode explicar para mãe sobre os pequeninos mas a mulher começou a inspecionar ao redor furiosamente, sua carranca era tão severa que Atta estava extremamente aliviada por seu veículo não ser suspeito aos olhos da humana. Por outro lado Padius estava nervoso, e a coisa só piorou quando a mulher começou a andar!




Continua...

End Notes:

Nada mau para um primeiro capítulo... Eu acho.

Chapter 2 by Barbarizando
Author's Notes:
please consider using the translator to read this story

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A mulher se moveu, ela era enorme, para um humano teria apenas 1,65 porém para os minúsculos extraterrestres humanóides naquele minúsculo carrinho ela parecia um verdadeiro kaiju de 41 metros; o que se não fosse suficientemente grande ainda contava com o fato de que Vera era um tanto gorda, o que fazia cada um de seus passos ecoarem ainda mais.

**Estamos perdidos!** Gritou Padius, **claro que não! Não tem como ela suspeitar de nós!** Afirmou Atta, embora também estivesse tensa. Mas para a sorte dos pequeninos de fato a mulher não suspeitou deles. Ela apenas se moveu e foi até uma pessoa recém chegada no lugar, sua outra filha, de 18 anos, que acabava de se aproximar do sobrado e viu a irmã chorando.

**Mãe, o que foi que houve com a Aghata?** Perguntou a moça. A mulher então se aproximou da criança, analisou seu olho e constatou: **Um bicho mordeu o olho dela... Eu vou levar ela no posto de saúde, você pode ficar de olho nas coisas aqui para mim, Flávia?** A jovem mulata concordou e assim sua mãe deixou o tabuleiro com a filha menor. A moça, ainda que descaracterizada (como baiana) ficou no tabuleiro atendendo os clientes que lá passavam para um acarajé ou vatapá comprarem. Depois de um tempo os pequeninos perceberam que o clima não estava mais tenso e Atta concluiu que era hora de saírem novamente.

**Ficou doida?** Reclamou Padius. **Eu já me arrisquei demais! Eu não vou sair!** A menina minúscula encarou ele com um olhar de repulsa enquanto falava: **por que você se tornou um soldado se é tão covarde?** , **covarde? Eu? Eu quase fui esmagado por uma pirralha! E eu quase me caguei quando aquela mulher se aproximou! Eu posso ser covarde! Mas é melhor ser um covarde vivo do que um valente morto! Se você é tão valente assim, vai lá, Athos!** 

Ele não devia ter chamado Atta por este nome, era um nome que há muito tempo a menina resolveu enterrar e ver seu companheiro chamá-la assim apenas por estar desesperado fez com que a jovem militar ficasse sem saber se deveria sentir pena ou raiva do colega. Por fim ela encarou ele com sua pior carranca e disse: **fique aí então, seu covarde! Eu vou até lá e pego o álcool! Eu vou levar um rádio, apesar de saber que você não vai para lugar algum enquanto eu não voltar!**

Assim Atta uma vez mais deixou o jipe e sua segurança carregando apenas seu equipamento básico e um rifle. Ela desta vez vestiu seu capacete e levou um rádio, olhou para trás, para os olhos de Padius e de repente teve um calafrio. Sentiu como se nunca mais fosse ver o companheiro e por algum motivo ficou com vontade de chorar. Vontade essa que logo passou quando Padius gritou do jipe: **tá arregando, viado?**

Ela então mostrou o dedo do meio e virou-se para a gigantesca Flávia. Então a jovem minúscula caminhou tão rápido quanto suas perninhas permitiram em direção ao tabuleiro. Ao se aproximar dos pés de Flávia ela não pode deixar de sentir seu almíscar. A mulata gigante esteve andando pelo sol da Bahia durante toda a manhã então era natural que seus enormes pés negros estivessem emanando um forte cheiro salgado. Atta reconheceu que os pés de Flávia eram bonitos apesar de monstruosamente grandes, mas não pôde deixar de se incomodar com seu aroma, afinal, não tinha a minúscula menina razão para não se incomodar.

Qual deveria ser a abordagem? Subir no tabuleiro? A garota maior e mais velha dificilmente notaria a pequena sobre o tabuleiro, uma vez que o mesmo estava cheio das mais coloridas comidas baianas; onde a farda verde de Atta facilmente se camuflaria no meio de pimentas, caruru, cocadas e vatapás. Então esse era o plano, mas a menina calculou e julgou que seu progresso seria bem mais rápido escalando a perna de Flávia do que se fosse escalar a perna da mesa. Resultado, ela se aproximou do pé da moça negra e logo subiu em seu chinelo, roçou sua pele escura e com o máximo de delicadeza possível começou a escalá-la torcendo para Flávia não notá-la. O fato da giganta estar meio suada ajudou a aderência da pequenina e em poucos minutos ela estava na coxa da garota maior.

Padius assistia a bravura de Atta em seu esconderijo no jipe, ele estava chateado pelo que disse para a companheira. Não era sua intenção ofender a colega, mas ele estava com medo por se encontrar em um mundo Gigante onde tudo atentava contra sua vida e o fato de Atta lidar com isso melhor do que ele fez ele se sentir frustrado. E se chamou Atta por aquele nome foi simplesmente porque sabia que garotas trans odeiam serem chamadas pelo nome de batismo. Mas agora ele reconheceu que cometeu um erro e sentiu que deveria tentar repará-lo. Ele então pegou o rádio e tentou se comunicar com Atta.

**A senhora gostaria de mais alguma coisa?** Perguntou Flávia para uma cliente, a qual disse já estar satisfeita. Então pagou a moça e quando Flávia foi pegar o troco instintivamente levou a mão até o bolso do shorts (ainda que o dinheiro da mãe estivesse em uma pochete no tabuleiro), ela sem perceber empurrou a minúscula Atta para dentro do bolso e enquanto colocava a mão no jeans lembrou que as economias ficavam na pochete. Porem quando ela retirou a mão do bolso Atta foi arrasada para fora violentamente e caiu sobre o tabuleiro em meio a tantos alimentos - o que na teoria foi um favor.

Porém Padius, que assistiu tudo, pensou que a colega se feriu com o rápido deslocamento. Então sem tentar se comunicar pelo rádio ele saiu do jipe e correu sem o rifle em direção ao tabuleiro gigante. A cliente de Flávia após receber o troco foi embora justamente pelo mesmo lado em que Padius corria apressado. A mulher era branca, ela se vestia com roupas de academia e usava tênis rosa. Devia ter 28 anos e possuía um corpo atlético. Não seria difícil para seu pé maciço comprimir Padius até a morte. Seu pé pairou sobre o pequenino numa velocidade que o mesmo mau pôde registrar. Ele corria tão afoito para ajudar Atta que mau notou o enorme tênis pousando violentamente em sua frente, como um míssil cujo impacto o derrubou fazendo-o rolar contra a calçada. Por sorte o infeliz sobreviveu.

Enquanto Atta, ela se via imersa num mundo quente cheio dos mais variados petiscos da culinária baiana, ela andou entre tigelas e pratos. Aspirou o aroma forte de itens apimentados mas não achou uma gota de álcool. No fim o calor dos acarajés fritando e o cheiro das pimentas começaram a enjoar a menina que afinal cambaleou e caiu deitada num monte de camarão. Ela lembrou-se da máscara de gás e deitada num prato começou a revirar sua bolsa para pegar o item. 

Por uma coincidência infeliz nesse mesmo momento a jovem Flávia concluiu que já tinha vendido o bastante por um dia e resolveu guardar o que sobrou, mas se eram sobras por que não beliscar uma delas? Ela então decidiu comer um camarão!  Qual não foi o espanto de Atta quando ela viu a enorme mão negra de palma esbranquiçada se aproximar na intenção de pinçá-la entre os dedos. Ela mau vestiu a máscara, estava ainda enjoada pelo calor e o cheiro então não pôde se levantar a tempo de fugir das garras da giganta. Ela foi pega entre o polegar e o indicador da mulata e levada até seus lábios carnudos e vermelhos prontos para devorar sem piedade o que se supunha ser um camarão.

No chão o pequenino Padius assistiu horrorizado sua estimada colega de trabalho ser levada sem forças para a boca desse monstro em forma de garota. Ele desejou ter sua rifle nas mãos e ter uma mira prodigiosa como a de Atta para salvá-la. Mas não havia tempo para correr até o jipe e pegar o rifle. Não havia nada que ele pudesse fazer senão gritar impotente enquanto via sua amiga ser devorada.


Ou... Havia... Ele lembrou que tinha granadas em seu bornal. Ele não pensou duas vezes antes de sacar duas, três delas e remover seus gatilhos. Ele tacou todas nós pés da giganta e logo uma explosão minúscula impediu que a mulata colossal enfiasse na boca a minúscula Atta.

Flávia gritou quando sentiu uma leve queimadura no pé esquerdo, ela olhou para baixo e viu fumaça. Olhou adiante e viu um pequenino soldado de 7 centímetros, ele parecia tremer muito para ser um brinquedo e seu cabelo loiro claramente não era de plástico. Ela olhou para ele por alguns segundos antes de olhar para a mão e ver que segurava outro soldado, porém de capacete. Ela ficou sem saber como reagir por alguns segundos mas logo se ajoelhou perto de Padius e estendeu a mão livre para ele subir. 

Padius recuou, ele sacou sua pistola e mesmo tremendo disse: ** s...solte... Solte... Solte ela!** . O olhar de Flávia deixou de ser de surpresa e passou a ter ternura. Ela olhou para sua pequena prisioneira, de capacete e máscara de gás e então disse, mais para si mesma: **ela?**

**Você quer ela?** Perguntou Flávia com um sorriso travesso **então vem pegar!** Ela esticou novamente a mão para Padius. Atta a essa altura estava quase inconsciente, pelas coisas que passou. (Calor, cheiros intensos, medo de ser devorada, etc.) 

Restava que Padius soubesse lidar com a situação.


End Notes:

Espero que tenham gostado, Padius teve alguma importância aqui mas é bom deixar claro que a protagonista é Atta!😉

Chapter 3 by Barbarizando
Author's Notes:

Beleza! Mais um capítulo, agora vamos ver como nossos pequeninos soldados vão reagir a essa monumental jovem mulata! Esse capítulo é bem expositivo, mas vale a pena 😉

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Lentamente Atta começou a recobrar sua consciência, ela percebeu que ainda estava pinçada entre os poderosos dedos de Flávia, de quem procurou olhar o rosto apenas para perceber que sua captora olhava para o chão com um olhar travesso. A minúscula menina virou sua cabeça para baixo tão bem quanto pôde e afinal avistou no distante solo, abaixo dos aparentes 42 metros da giganta, seu diminuto parceiro acuado porém empunhando, ainda que trêmulo, sua pistola.

Em sua bandoleira a jovem militar ainda portava seu rifle, nas costas, todavia ela estava incapaz de acessá-lo, visto que todo o seu corpo encontrava-se envolvido pelas poderosas falanges de Flávia. O que depois de um tempo a menina percebeu ter sido melhor, afinal era ela sensata o suficiente para estar ciente que mesmo disparando contra essa colossal mulata ela não sobreviveria. Se a giganta a soltasse morreria na queda, se não soltasse... Provavelmente iria retaliar. Atta jamais provocaria uma reação cujos resultados não fossem gerenciáveis. Restaria confiar sua sobrevivência à capacidade de Padius em encarar esse impasse. 


Permanecia então a gigantesca mulata agachada na calçada, com uma perna ajoelhada e outra dobrada. Ela encarava sorridente o pequenino homem a sua frente, tentando enxergar os detalhes de seu rosto tão bem quanto pudesse. Era extraordinário encontrar um ser humano tão pequeno, tão frágil e, ao menos para ela, tão bonito. Em contraste olhou para a figura ainda menor em sua mão direita, uma que estava toda coberta com máscara de gás e capacete. Por fim a jovem decidiu repetir a proposta: 

**Ei, pequenino, se você quer sua amiga é só vir buscá-la**. 

Ela então abaixou sua mão e deixou Atta na altura de Padius, mas um pouco distante dele. Além disso seus dedos poderosos ainda abraçavam fortemente a adolescente, impedindo que ela levantasse e fugisse. Padius não soube como reagir, tudo parecia indicar que era uma armadilha, e em sua perspectiva aquela jovem adulta era uma criatura terrivelmente sinistra. Ela era bonita, seus traços eram suaves e seus lábios carnudos com um nariz arredondado. Mas seu tamanho era surreal para o rapaz, que jurava ser capaz de sentir a pulsação do corpo da giganta cada vez maior.

Ele sentia como se os imensos seios dela fossem saltar do cropped e cair sobre ele, e sua perna dobrada parecia emanar energia enquanto esmagava o ar entre a panturrilha e a coxa. Como se não bastasse, o fato de Flávia ser negra permitia que ela orgulhosamente ostentasse uma cascata de cabelo cacheados que descia volumosamente até seus ombros, deixando ela ainda maior e mais sinistra. Sobre o canto esquerdo de seu lábio superior havia uma pinta completando sua beleza, beleza essa que constratava de forma absurda com o perigo que essa moça representava.

**Se você não quiser mais sua amiguinha eu posso pensar em ficar com ela!** , brincou a moça, para a angústia de Padius, que sentiu isso como uma legítima ameaça e não demorou para abaixar sua pistola e caminhar vagarosamente até a enorme mão que prendia a diminuta Atta. 

Padius aproximou-se da mão e esticou seu braço para tocar a parceira, quando sem qualquer aviso Atta foi arrebatada para cima e o ar deslocou-se na mesma velocidade, forçando o rapaz a fechar os olhos e quando finalmente os abriu deparou-se com a colossal forma sedutora de Flávia no auge de seus 1,70m. Ela encarava ele com um sorriso satisfeito.

**Desculpa, pequenino, mas se alguém me ver falando com um bichinho no chão vai pensar que eu sou maluca!** , ela deu uma risada leve e levou sua miúda prisioneira para seu bolso de trás. Flávia era uma mulher encorpada, com coxas grossas e um quadril enorme. Seus glúteos eram tão grandes e roliços que ela facilmente poderia ser campeã do miss bumbum. Para piorar estava de shorts jeans. Em termos simples, Atta não ficaria nem um pouco confortável em seu bolso.

**Largue ela!** Gritou Padius, mas em resposta só encontrou uma imensa palma esbranquiçada vindo em sua direção ao lado de falanges marrons prontas para abraçá-lo. Sem saber como reagir ele atirou várias vezes, o que num primeiro momento fez Flávia recuar, afinal eram como picadas, mas para sorte da giganta a pele da palma da mão e planta dos pés são as mais resistentes do corpo, então ela logo absorveu o choque dos tiros e, agora um pouco aborrecida, pisou violentamente contra o chão. Seu pisão atordoou o minúsculo militar que então caiu no chão, derrubou sua arma e só teve tempo de assistir a mão de Flávia enclausurá-lo na escuridão.

Quando se deu conta Padius estava no bolso dela ao lado de Atta, e para o desprazer dos tripulantes, a jovem tinha muito trabalho a fazer, logo ela não ficaria parada. Ela tinha de desmontar o tabuleiro da mãe e guardar seus itens. O que fez com que andasse e andasse e durante o ato seu músculo glúteo pressionou frequentemente a dupla no bolso. Felizmente o bolso era jeans, o que significava que eles não seriam jogados de um lado para o outro durante o movimento. Mas em contra partida a pressão que os manteria de pé faria seus corpos desfalecerem após continuamente serem comprimidos entre uma parede de jeans e outra em que atrás havia uma muralha de músculos e gordura. Cada movimento da mulher apertava repetidamente seus prisioneiros contra sua carne. Não demorou muito para que a dor os castigasse impondo-lhes fadiga e desespero.

**Sinto...! Ai...! Sinto muito...! Por ... Aquela hora...! ** Disse Padius em meio a turbulência em que sentia, mas Atta só respondeu: **ai...! Não é... Não é hora! ... não é hora...para isso...**, a dupla estava fadigada e não tinha como saber quanto tempo essa aflição iria durar. Em seu coração Atta se sentia culpada, pois ela se deixou ser capturada apenas porque esqueceu de vestir a máscara quando caiu naquele tabuleiro cheio de aromas insalubres para seu corpinho. Ela não sabia porque Padius decidiu sair do jipe, mas desejou que ele não tivesse o feito.

Enquanto isso a moça terminava de guardar a mesa na qual sua mãe montava seu tabuleiro quando de repente surgiu uma amiga sua, seu nome era Mirla, uma jovem nipo-brasileira que estudava junto com Flávia e nos fins de semana saia com ela para atividades boêmias. Mirla era meio delinquente, assim como Flávia ainda estava no ensino médio aos 18 anos.

**E aí, Miga?** Disse ela com um sorriso, ** com'é que cê tá? só de boa?**. Flávia abraçou ela e ambas trocaram beijos nas bochechas, então a mulata respondeu. **Tô de boa, só tava guardando os trecos da minha mãe. E você, tá passeando?**. **Tô indo comprar umas breja! Daí eu te vi e vim contar uns babado.**, **qual é a boa?**, **boa não é... Pelo menos não pr'ocê!**, **desembucha, oxe!**, **O Henrique tá de namorico com a minha irmã!**, **o quê? Por quê?**, **sei lá. Acho que ele curte magrela!**, Flávia olhou para os lados meio chateada, mas logo exclamou, **Porra, fazer o quê!**, **cê tá bem? Não tá zangada?**, **Eu tô, né... Mas... Ele se cansa dela, até lá eu tenho um consolo! ** Disse sorrindo.

**Oxe!** Contestou Mirla **pode ir me contando tudo, dona Flávia!**. Mas a mulata só cruzou os braços e com um sorriso disse: **no momento certo cê vai saber!**. Mirla não gostou dessa resposta mas Flávia insistiu em guardar segredo, afinal como explicar que o garoto que era seu "crush" na escola tinha um sósia minúsculo e que este se encontrava preso em seu bolso?

**E como é que tá a Sophia?** Perguntou Flávia, ao que sua amiga respondeu com algum desdém, **Nossa irmã em comum? Aquela pirralha bateu a nave! Ela disse que viu um caminhãozinho, desse tamanho, cheio de duendes andando pela rua!**. Ao ouvir isso Flávia manifestou surpresa para a amiga, mas estava decidida a não contar a ninguém por enquanto sobre seus pequenos prisioneiros. Então ela dissimulou seus sentimentos e simplesmente perguntou, **duendes? Tipo... Homenzinhos? E vestidos de verde?**, Mirla estranhou a pergunta, mas tentou responder **Eu sei lá... Duendes se vestem de verde, né? E não sei se existem fêmeas mas... Ah, quem liga?**. Flávia ficou pensativa, ela queria perguntar mais porém não queria que sua amiga estranhasse sua curiosidade, então simplesmente falou, **Ah, a Sophia deve estar assistindo muito desenho, ela é uma nerd, né?**, **falou e disse, Miga! Na real, cê é mais minha irmã que ela**


As duas continuaram conversando por mais algum tempo, mas sem que Flávia soubesse em seu bolso os pequeninos também aproveitavam a trégua para dialogarem. Ambos estavam cansados, doloridos devido a enorme pressão que as nádegas da mulata até então havia exercido sobre eles, mas quando ela parou para conversar, afinal puderam os militares tentarem se recompor.

**Foi mau... ** Começou Padius, **eu não devia ter... Chamado você...** , **não precisa se desculpar**, interrompeu Atta, **eu entendo que você não queria ser transfóbico, que você apenas estava com medo... O que eu não entendo é porque você mudou de ideia e saiu da viatura.**. Padius estava sem forças, abalado psicologicamente, se não caiu no fundo do bolso foi simplesmente porque seu corpo inerte não era forte o bastante para dobrar-se contra a parede de tecido a sua frente, ele estava atordoado pela escuridão e o cheiro almiscarado daquele lugar. Ele só queria dormir. 

**Você devia vestir sua máscara, Padius**, recomendou Atta, **o ar aqui está rarefeito, além disso a pressão deixa difícil respirar.**, O rapaz virou o rosto em direção a voz da amiga, ele não conseguia distinguir seus traços em meio a escuridão, então apenas imaginou o rosto confiante da menina três anos mais nova, afinal ele falou: **Atta, você... Eu... Eu sou um desgraçado mesmo! Eu chamei você de viado e chamei você de Athos! Eu... Eu... Eu não queria ser um idiota, mas... Esse lugar! Esse lugar é um inferno! Eu não devia estar aqui! Eu nem me lembro porque estamos aqui! Eu só quero ir para casa vivo! E isso significa que eu realmente sou um covarde!**

Atta queria consolá-lo, mas sua intuição deixava claro que seu colega precisava desabafar, então ela permitiu que ele continuasse. **Eu sou um covarde! Mas não sou um vacilão! Eu sabia que se eu te abandonasse eu nunca ia me perdoar! Além disso se você morresse eu ficaria esperando naquele maldito jipe para sempre! Isso é, até aparecer alguma criatura e eu ser morto! Eu preciso de você! Não sei como foi que ela te pegou mas sei que se você morresse significaria que eu também morreria! Significaria que não haveria mais esperança! Eu não quero isso! Eu quero sobreviver! Eu preciso de você!**

**Padius...** Atta, por outro lado não se sentia tão orgulhosa de sua pessoa, ela sabia que foi pega porque agiu de forma imprudente, sabia que se não fosse por Padius a essa altura ou ela estaria mutilada na barriga dessa giganta, ou teria sido despedaçada e depois cuspida no chão, como um alimento intragável. Ela sentia vergonha de si mesma, afinal sempre foi uma soldado altamente competente, tinha a melhor mira, sabia luta corporal e era inteligente. Ela era a mais jovem de seu batalhão e isso não poderia ser em vão. Ela sabia quem ela era, sabia já haviam cinco anos. Quando ela deixou Athos para se tornar Atta, deixou o orfanato para ser uma cadete e aprender tudo quanto podia com seu ídolo, o então coronel Gairu. 

Se Gairu visse ela agora, presa num bolso, espremida entre o tecido e a enorme bunda de uma civil, o que seu ídolo pensaria? Seria aceitável? Afinal a civil era um monstro de 42 metros. Ou não? Seria uma vergonha? Afinal quando seu disco voador pousou na Terra ela estava perfeitamente ciente dos perigos que a aguardavam, muito mais ciente que Padius e provavelmente que boa parte do pelotão. Oficialmente seu disco pousou de forma acidental na Terra, mas os soldados mais competentes sabiam que o coronel tinha uma missão secreta, eles receberam informações sobre a Terra e puderam se preparar. A verdade no fim, é que a maior vergonha de Atta agora não era se deixar capturar, mas ter deixado Padius e tantos outros não preparados entrarem nesse território hostil.

**Padius...** Atta não podia contar sobre a missão secreta, seria traição para com o coronel, que aliás ainda era seu ídolo. Até o momento ela não tinha certeza se alguém se feriu, mas Padius e ela estavam vivos, logo era cedo demais para concluir que Gairu foi um mau líder por esconder informações dos subordinados. Assim, a única coisa que Atta poderia fazer por seu colega desamparado era continuar sendo seu sustentáculo. **...Padius, eu prometo que nós vamos sair dessa! Eu sei que a situação está complicada mas lembre-se do que eu disse. Os seres que habitam esse planeta são só humanos 25 vezes maiores que nós. Se são humanos podemos negociar. Nós ainda estamos vivos, então acho que essa mulher não quer simplesmente nos matar por sermos diferentes... Vamos aguentar a pressão por enquanto e quando ela nos tirar daqui eu vou me entender com ela!**

Padius só precisava que Atta fosse forte por ele, e quando a menina assumiu sua postura forte outra vez, ele pôde se permitir enfim descansar mesmo estando espremido na bunda de uma giganta.

Continua...


End Notes:

E então? O que acharam? Eu acho que as coisas só estão começando! 

Chapter 4 by Barbarizando
Author's Notes:

Enfim, eu tentei postar uns desenhos que fiz sobre a série aqui mas não deu. Eu vou postar eles na minha conta do Deviantart e se alguém se interessar em saber como é a aparência de Atta e Flávia é só conferir lá... Depois desse capítulo, é claro!😅😅

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Apesar de ter prometido a seu colega que tudo ficaria bem, não havia como Atta garantir o futuro de ambos. Quando finalmente foram libertados do bolso da giganta, imediatamente ganharam um novo calabouço, deveras pior pois que então se viam presos num ambiente fétido carregado de cilindros de papel, o qual logo perceberam tratar-se de um maço de cigarros. Atta recomendou que Padius vestisse sua máscara de gás.

Nesse ambiente inóspito esperaram pelo que pareceram horas, imersos na escuridão e igualmente abalados física e moralmente, pouco conversaram. Atta não queria demostrar fraqueza para Padius, embora também não soubesse como animá-lo, então preferiu manter o silêncio a fim de assegurar sua impassibilidade. Quanto ao rapaz, sentia-se mau por ter demostrado tanta vulnerabilidade antes, é verdade que Atta era uma militar mais talentosa, contudo era também mais jovem e ainda por cima uma menina. Ele não mentiu quando disse que precisava dela, mas seu interior o punia pois insistia que o dever de protegê-la era dele, que era homem e também mais velho.

Flávia nesse momento estava jantando com a família, sua mãe retornou ao sobrado pouco antes do crepúsculo e informou que a ferida no olho de sua irmã não causara danos permanentes. Assim as três mulheres sentavam-se a mesa com o pai, Solano, um homem branco de 40 anos. Durante o jantar a moça estava tão ansiosa para brincar com seus prisioneiros que mau prestou atenção nos acontecimentos. Sua mãe reclamou sobre a picada no olho de Ághata, a qual choramingava frequentemente enquanto tentava explicar improlifecamente que viu humanos pequeninos no chão e estes a atacaram. E o patriarca da família reclamava sobre a filha ter repetido de ano uma vez mais e assim permanecer no ensino médio apesar de já ter 18 anos.

Quando terminara enfim o jantar a mulata foi a louça lavar e realizar outras pequenas tarefas domésticas. Sua irmã tentou falar com ela mas Flávia só beijou seu tapa-olho, de leve, e disse que tinha de ir terminar seus trabalhos da escola; era apenas uma desculpa para ir entreter seus cativos, mas a pequena Aghata viu-se forçada a acreditar e deixou a irmã subir para o quarto.

O quarto de Flávia ficava no topo do sobrado, bem ao lado do aposento de seus pais, cuja parede dividiam. Ambos os quartos tinham ainda uma saída para uma sacada compartilhada, a qual era adornada por um parapeito de ferro trançado ao estilo colonial e estava enfeitada com vários vasos de flores tropicais, sobre tudo a "comigo ninguém pode".

Chegando em seu quarto a jovem se dirigiu até sua cômoda e abriu a gaveta de calcinhas, esticou seu braço até o fundo e pegou seu maço de cigarros. Seu pai não gostava que ela fumasse ou bebesse, mas o hábito era compartilhado com a mãe então ela não achava justo ser a única censurada. Ela mantinha geralmente um maço escondido o que acabou sendo útil para ocultar seus prisioneiros enquanto cumpria as interações obrigatórias com seus familiares.

Finalmente a luz entrou no calabouço onde Atta e Padius se viam já exauridos por um dia que parecia não ter fim. Flávia sorriu ao ver seus pequeninos lá dentro, estranhando um pouco no começo pois agora ambos estavam mascarados, mas não demorou para perceber qual era Padius, pela leve diferença de altura e o fato de ele continuar sem capacete. A jovem então caminhou até sua cama enquanto falava. **Olá, bichinhos! ** Ela sorria. **Eu espero que não tenha causado uma má impressão!**

A garota sentou-se na cama e cruzou as pernas, depositando o maço de cigarros em frente a sua canela. Em seguida Flávia esticou os dedos para pinçar seus prisioneiros, os quais não poderiam resistir uma vez que seu claustro era estreito e mau poderiam nele se mover sem que colidissem um no outro ou nos cigarros. Um a um os adolescentes foram retirados da caixinha e depositados entre as muralhas de carne marrom que eram as enormes coxas da moça. 

**Tirem suas máscaras, bichinhos, quero ver seus rostos!

Padius num instante arrancou a máscara e Flávia sorriu ao rever o rosto de seu "crush" impresso naquele homúnculo, mas Atta removeu a máscara e sentiu que o pedido da giganta abrangia ainda seu capacete. Ela removeu então a proteção da cabeça e pela primeira vez a monumental moça pôde observar o semblante de sua primeira prisioneira. Ela sorriu enquanto cutucava a cabeça de Atta, **como você é fofa! Qual o seu nome?**

Assim como Padius Atta era uma menina loira, ela prendia o cabelo num rabo de cavalo não muito longo que descia até o lado direito do ombro. Seu nariz era reto e fino e seus olhos azuis e doces, apesar de na ocasião se encontrarem extremamente sérios. Ela não se sentia confortável com o enorme dedo de Flávia acariciando seus cabelos, mas se esperava dialogar com ela era preciso causar uma boa impressão.

**Meu nome é Atta, e eu sou...** Mas Flávia interrompeu, **E você homenzinho? Como se chama?** , Padius apenas respondeu seu nome, ele estava mais visivelmente tenso, mas tentou manter a compostura. E a giganta continuou: **Padius? Atta? Meu Deus, que nomes horríveis! ** Ela riu, então passando a acariciar o rapaz.

**Eu não sei de onde vocês vieram, mas acho que vou ficar com vocês** , decretou a giganta num tom afável, como se estivesse falando com crianças. Obviamente os militares não reagiram muito bem, ** O quê? Como assim? ** Disse Atta, **Você não pode ficar conosco, temos que ir embora!**. Flávia então olhou com desdém a menina e disse, **embora? Você é uma gracinha! Um bichinho fofo que nem você não iria sobreviver lá fora. Se ver bem eu estou te fazendo um favor!**. Atta olhou para ela com um olhar carrancudo e apertou os punhos, ela não sabia como reagir aos insultos de Flávia, então precisava pensar. E Padius percebendo o silêncio da parceira resolveu intervir.

**Moça... Nós precisamos da sua ajuda... Nosso... Nosso pelotão... ** 

**Não diga nada a ela!** Interviu Atta, o que Flávia desaprovou, **Deixa ele falar, pequenina, eu quero saber!**. Atta se aproximou de Padius e disse claramente tensa, ** Não podemos dar detalhes para ela! Informações são armas valiosas!**

Flávia aborreceu-se com a postura de Atta e sem avisos prévios esticou os dedos para agarrar a menina. Atta foi içada repentinamente pelos dedos poderosos da mulata, que levou-a até seu rosto imprimindo na mente da pequenina o peso sinistro de sua imensa carranca.

Atta momentaneamente congelou, cada músculo facial da garota maior parecia um predador prestes a desmembrá-la. Ela sentiu um dos maiores alívios da sua vida quando aquela expressão violenta dissipou-se do colossal semblante para ser imediatamente substituída por um sorriso condescendente. **Eu te assustei?**

Flávia então depositou a pequenina em um de seus pés, logo fora da muralha feita por suas pernas, e voltou sua atenção para o cativo na parte interna de seus membros inferiores. **Conte-me tudo, pequeno Padius, e se eu perceber que está mentindo vou punir sua amiga!** , Padius ficou atônito, não sabia como proceder, afinal revelar informações seria traição para Atta, mas retê-las significava submeter a própria Atta a sabe-se qual tortura Flávia tivesse preparado. 

**Moça, por favor...**, **Me chame de Flávia, bonitinho!**, interrompeu ela, **Aliás, fofinho, eu não gostei nada do seu nome... Vou te chamar de Henrique, pode ser?**. Padius não sabia como reagir, mas logo a giganta continuou, **Então Henriquezinho, o que é tão importante que a pequena Atta não quer que você diga?** , Na dúvida, ele se calou. **Você não vai colaborar, fofinho?**, mais silêncio do rapaz. **Como desejar!**

Flávia esticou a mão em direção a Atta, quem estava preparada para esse momento. Ela não sabia como seria a punição prometida, e se de um lado não queria recebê-la, de outro sabia que era cedo para apelar para as armas. Então ela apenas desviou das falanges negras da mulata e rolou para trás, recuando de novo e de novo para o aborrecimento da giganta.

Afinal Flávia perdeu a paciência e abriu as pernas, proporcionando um espetáculo visual para a menina que momentaneamente desnorteou-se e mau pôde reagir quando as imensas formas sensuais votaram a se fechar dessa vez com suas extremidades extremamente perto de seu corpo. Atta foi prensada entre as solas rosadas da giganta mulata, que olhando para ela naquela situação não demorou para trocar seu rancor por um sorriso sarcástico.

**Atta!** , gritou o rapaz, **solte ela! Você vai machucá-la!**, Flávia esticou o indicador e fez cafuné no homenzinho, enquanto com uma voz meiga disse, **Eu não vou machucar ela! Você vai, Henrique! Ou você pode simplesmente me contar e eu deixo ela ir!** , **tá bem! O que ela não queria que eu contasse é que há mais de nós! Agora solte ela!**, mas Flávia não soltou.

Ela continuou prendendo Atta entre seus pés, sem pressioná-la muito pois não era sua intenção esbaratar a menina, mas apertando o suficiente para que Atta expressasse vocalmente sua dor. A pequenina tentou não gritar mas a pressão em seu corpo, o calor e o cheiro; tudo isso tornava seu cárcere uma experiência dolorosa e desagradável. O suor do pé de Flávia começou a pinicar a pele da menina, que lamentou muito ter removido sua máscara já que agora aspirava incontáveis doses do cheiro almiscarado do pé da jovem baiana.

Ela não queria ceder, mas podia jurar que Flávia estava gradativamente aumentando a força com a qual a segurava entre suas solas claras. Ela ouviu quando Padius contou o que Flávia queria, e ficou frustrada quando ainda assim teve de continuar presa entre dois pés tão grandes quanto tanques de guerra. Ela por um momento caiu na irracionalidade e decidiu que deveria alvejar Flávia ao menos uma vez...

**Solte ela!**, gritou Padius mais uma vez, mas Flávia apenas sorriu e disse: **Henrique, você não pediu por favor!** , por favor! Solte a minha amiga!**, quando ele disse por favor a baiana riu alto - talvez mais alto do que deveria - e com um olhar condescendente continuou,, **Caralho! Você pediu mesmo!** E só por brincadeira ela usou o indicador para derrubar Padius de costas no colchão. 

**Por que você fez isso? Eu estou colaborando!** Suplicou ele, ao que a giganta só comentou, **ahh, que fofo!**. Padius levantou-se, ele afinal percebeu que Flávia só estava jogando com ele. Então a moça mais uma vez o derrubou com o dedo e perguntou, **vocês são soldados? Quantos de vocês estão aqui? Onde estão os outros?**

Padius tentou se levantar para responder, mas mais uma vez foi jogado contra o colchão, ele entendeu que Flávia não o queria de pé então apenas tratou de responder para ela na esperança de ajudar Atta. 

**Eu não sei onde meu pelotão está, mas sim... Somos soldados. Nós chegamos nesse planeta em um disco voador, onde o resto do batalhão está. Nossa nave precisava de reparos então vários pelotões se separaram para encontrar peças para a manutenção. Eu e Atta perdemos contato com os outros e agora precisamos de ajuda!  é tudo o que eu sei!

Flávia ficou um tempo pensando sobre o que ouviu, refletindo sobre todas essas informações mirabolantes, ela acabou afrouxando a prisão de carne na qual mantinha Atta e lenta mas desesperadamente a mocinha pôde rastejar para fora da fétida armadilha. Quando se libertou, Atta caiu de cara no colchão respirando de forma pesada e urgente. Seus músculos estavam doídos e sua moral abalada, ela não podia acreditar que desceu tão baixo em tão pouco tempo. E aquela idéia insensata continuava a ganhar espaço em seu cérebro, ainda que fosse incompatível com os pensamentos dominantes.

**Então vocês são ETs? ** Perguntou a giganta **tipo de Marte?**, e Padius ainda sentado no colchão tentou responder, **tecnicamente não somos ETs, mas sim, somos alienígenas.**, Flávia não entendeu, então ficou chateada, **tá me zuando, bichinho?  é a mesma merda!**. **Não! Eu explico... Somos alienígenas, mas viemos de uma outra Terra. Então não somos ETs porque ET significa extraterrestre e por definição nós somos...** Mas ele nunca terminou está oração, Flávia se amofinou e deu um golpe no colchão fazendo Padius saltar para trás e se calar.

**Já ouvi o bastante, agora deixe-me ver... ** Ela olhou para Atta ainda caída e patética e pela primeira vez deu atenção ao fato dela estar carregando um rifle na bandoleira. Ela esticou a mão até Atta e fez Padius protestar, mas logo ele parou quando viu que o alvo da giganta era o rifle e não o corpúsculo de Atta. Mas como o rifle estava preso a sua dona, Flávia acabou erguendo o corpo inerte de Atta antes de balançar a mão e derrubá-lo. Atta ficou sem sua arma, para seu desgosto.

**Você não vai precisar desse brinquedo, baixinha.**, disse Flávia enquanto aproximava a arma de Atta até seus olhos para analisar melhor a peça. Ela lembrou que antes Padius atirou nela e a sensação foi como a picada de um aculeado, então ela imaginou que essa minúscula arma provavelmente era funcional e finalmente uma informação surgiu em sua mente.

**Foi um de vocês quem atirou na minha irmã?**

Não houve resposta, Padius temia pelo que Flávia faria quando descobrisse e Atta estava processando tudo o que acontecia. Além disso ela estava furiosa por Flávia ter tomado seu rifle, não era para ela uma simples arma. Esse rifle tinha o nome de Gairu grafado em sua coronha, pois uma vez pertenceu ao coronel, quando este ainda era capitão. Ele deu de presente para Atta em sua última graduação. Esse rifle significava que uma parte de seu herói estava com ela e vê-lo ser tomado sem que pudesse resistir fez com que Atta se sentisse simultaneamente humilhada e invocada. Ela pensou afinal que deveria ter atirado no olho de Flávia quando teve a chance.

**Qual de vocês atirou no olho da Aghata?** Perguntou a mulata em tom mais severo, e dessa vez houve uma resposta enérgica. **Fui eu! ** Atta levantou-se e olhou para a giganta com um olhar furioso, ela estava suada, seus cabelos bagunçados e sua pele outrora branquíssima toda avermelhada. E na mão direita era tinha uma pistola, a qual sem hesitação usou para atirar na direção de Flávia.

Porém, apesar de ser a melhor atiradora de seu pelotão, ela estava tão exausta por ter sido torturada, além de faminta e dominada por impulsos animalescos; que seu tiro não acertou o olho. Flávia estava sentada, se estivesse de pé o olho provavelmente nem seria uma opção, mas nessa distância mesmo com uma pistola Atta normalmente acertaria, mas nesse caso ela acabou por acertar uma narina de Flávia.

O projétil acertou o alvo com violência o suficiente para arder em eventualmente provocar um espirro, o que não doeu o suficiente para atordoar a giganta mas certamente deixou ela muito zangada. Então tão logo uma rajada de ar escapuliu de suas narinas ela limpou as partículas de muco residual sobre seus lábios e olhou para Atta com a mesma carranca de antes, mas dessa vez a pequenina não recuou. A fadiga, a fome e a raiva primitiva bloquearam temporariamente seu medo. O que não foi bom...

Flávia esticou a mão, Atta esquivou-se de seus dedos e atirou outras vezes mas dessa vez de forma mais desesperada. Padius tentou acalmá-la mas ela nem escutou suas palavras. No fim Flávia ficou com tantas alfinetadas na pele que gritou e saiu da cama irritada. Ela ficou de pé no auge de seus quarenta metros pronta para dar um golpe de punho fechado na pequenina.

Atta estava cansada, não sabia se poderia fugir mais uma vez, Padius tentou implorar mas a expressão de Flávia estava impassível. Então ela derrubou violentamente seu punho contra o colchão mirando a menina cinco anos mais jovem. Atta congelou e cruzou os braços sobre seu  rosto numa vã tentativa de amenizar o impacto.

Mas antes de Flávia acertar a pequenina uma voz a chamou e ela, surpreendida, desviou o golpe sem querer. Em seguida olhou para trás, era seu pai que perguntava bravo qual era o motivo de ela estar gritando a essa hora. Como Flávia não queria revelar seu segredo ela inventou uma desculpa qualquer, para sua sorte o homem não notou um casal de adolescentes minúsculos na cama da filha.

Atta abriu os olhos tentando entender onde estava a dor que não veio, ela ficou tão aliviada quando percebeu que seu corpo não estava despedaçado que caiu de joelhos na cama e mau pôde distinguir a figura colossal do homem no horizonte repreendendo a filha gigantesca. Padius viu o gigante, mas não tentou chamar a atenção dele pois acreditou que só seria um problema a mais e muito maior. Então ele só caminhou em direção a companheira e pegou seu cantil para dar-lhe água. Atta bebeu a água e lembrou que tinha seu próprio cantil em seu bornal. Quando abriu a bolsa para pegá-lo o rádio indiciou uma transmissão:


**Soldado Atta, 2° pelotão de reconhecimento, na escuta?**


Continua...

End Notes:

Nesse link está minha página do Deviantart, lá postarei imagens de minhas personagens. Se quiserem ver Padius ou algum outro deixe um comentário:

https://www.deviantart.com/barbarizand0

Chapter 5 by Barbarizando
Author's Notes:

Esse capítulo vai dar uma pequena pausa no fluxo da estória, mas ele é necessário para que possamos expandir mais esse universo! Então não deixe de ler!

P.S: teremos personagens novos!

Disclaimer: All publicly recognizable characters, settings, etc. are the property of their respective owners. The original characters and plot are the property of the author. The author is in no way associated with the owners, creators, or producers of any media franchise. No copyright infringement is intended.


Naquela mesma noite, não muito antes dos eventos narrados anteriormente, ocorria de um minúsculo caminhão andar pelas calçadas de Salvador. Tratava-se de um veículo tão pequeno que facilmente passaria por um brinquedo, não superando os 28 centímetros de comprimento nem os 12 de altura. Apesar de que, o veículo estava claramente tripulado, tendo em sua diminuta cabine dois homens e em sua carreta aberta um rapaz e uma moça, ambos com cerca de 16 anos. A frente deles estava uma enorme (relativamente falando) máquina bélica, um canhão antiaéreo.

Na cabine encontrava-se um homem de cabelos negros e olhar calmo, o motorista, e o comandante dessa viatura; um rapaz gordinho que parecia ter cerca de 23 anos, seu nome era Persgu. Persgu analisava alguns mapas enquanto anotava informações em uma caderneta, muito atento a seus registros; então de repente o motorista falou algo. **Sargento, eu acho que já percorremos um perímetro considerável, creio que seja hora de voltarmos ao acampamento.**, Persgu apenas olhou para o motorista e respondeu num tom afável. **Blastius, meu querido. Não podemos retroceder ainda, temos ordens do coronel e iremos executá-las**, o motorista então meio sem jeito apenas disse em tom calmo porém preocupado, **Compreendo sargento, mas aquele animal está nos rastreando. Logo não vamos conseguir ser discretos**. Persgu sorriu e com ternura disse, **querido, se tivermos de agir em nossa defesa assim o faremos. Até lá vamos seguir o trajeto.**

O motorista, Blastius, era um varão da mesma idade de Persgu que detinha a patente de cabo. Ele não estava assustado em um nível animalesco, todavia já manifestava sinais de desconforto pela inevitável presença de figuras gigantescas em todos os seus horizontes. O caminhão andava na calçada praticamente sem direção pré-determinada, o único que tinha alguma noção de para onde estavam indo era o próprio sargento, que parecia não entender que os demais militares ali encontravam-se desnorteados. 

Caminhava o caminhão lentamente ao lado da parede, ele não tinha os faróis acesos para não chamar atenção, como era noite a única iluminação da qual se valia era a dos postes de luz das ruas de Salvador. Na calçada era praticamente invisível para os carros gigantescos que cruzavam o asfalto, enquanto os transeuntes em geral não viam o "brinquedo" e se o vissem apenas o ignoravam, afinal era noite e tudo o que queriam era chegar em casa de descansar. Caso um humano olhasse sua carreta, os dois pequeninos tinham uma pequena cobertura atrás da cabine na qual poderiam se ocultar de alguma maneira. 

Finalmente o caminhão acabou chegando próximo a imensa parede azulada de um conhecido bar baiano. Era o boteco do França, cujas paredes ostentavam um belíssimo painel de azulejos azuis em sua fachada principal, mas esta logo foi ignorada pelos militares que não demoraram para virar no beco e encontrar a entrada do bar restaurante. na frente da qual dezenas de humanos gigantescos se posicionavam como uma verdadeira floresta de carne. Felizmente a maior parte destes civis encontravam-se sentados em mesas de madeira, mas claramente toda a viela estava cheia e passar por ela não seria fácil. 

**Sargento, esse caminho está infestado!** Contestou Blastius **Seria mais sensato contornar ele. **, **Blastius, meu caro, não faria sentido algum...** Explicou o sargento, **nosso objetivo não é atravessar essa viela, é encontrar alguém nos limites dela.** Ele sorriu, sua expressão gentil parecia inadequada, ao que o motorista simplesmente questionou, **Perdão, sargento, mas quem exatamente estamos procurando? Um oficial perdido ou...?**, **Apenas dirija, eu saberei quando encontrarmos.**

Parecia ilógico entrar nessa viela, afinal a todo instante pernas e mais pernas pairavam sobre o parabrisa do veículo, ameaçando calcá-lo a cada instante. Blastius já dirigiu em campos de batalha antes, mas a sensação de estar prestes a ser esmagado a cada metro rodado era bem mais desconfortante que o medo de ser atingido por um projétil repentinamente. Ele porém era adulto, então soube controlar suas inseguranças de uma maneira que Padius nunca teria feito em tal situação. Não demorou muito e já se via a miniatura de máquina no interior do beco totalmente ilhado por humanos enormes e assustadores.

Enquanto os veteranos conversavam na cabine, um dos dois soldados na carreta reclamava, a moça, uma ruiva extremamente ranzinza com olhos verdes e uma cicatriz vertical. Ela olhou para seu parceiro e disse: **que merda será que o coronel quer que a gente faça numa espelunca dessas! **, ela segurava um fuzil de assalto, estava sem capacete e sentava-se num caixote enquanto encarava a panorâmica entrada do boteco do França. O rapaz ao lado dela era um soldado alto e forte, ele encarava as figuras humanas ao redor como um verdadeiro espetáculo ao qual não hesitou em dar atenção da forma menos apropriada possível. Ele sorria quando uma mulher titânica de saia pairava despercebidamente sobre o caminhão. A moça ruiva olhou para sua calça e não teve dúvidas sobre que tipos de pensamentos se passavam em sua mente.

**Oh, seu assanhado, só não esquece que estamos no meio de uma operação.** , disse ela, ao que o rapaz respondeu, **relaxa aí, lonomia! Eu sei que você curte elas tanto quanto eu!**, **vai sonhando!**, o rapaz então se aproximou dela sentou-se ao seu lado, então pondo a mão no ombro de Lonomia disse em tom zombeteiro, **,Eu sei! Eu sei! A única mulher que você curte é a Atta!**, a ruiva afastou as mãos dele e recuou para o canto do caixote. O rapaz riu e disse para provocar, ** Ou será que você só curte ela porque ela tem uma arma entre as pernas?**, Lonomia cerrou os olhos e não hesitou em chutar o queixo do companheiro. Foi tão rápido que ele mau viu a bota dela colidindo contra seu maxilar. 

O rapaz então cuspiu sangue e levantou a cabeça para olhar furioso para a menina, todavia não esperava encontrá-la já de pé e com uma faca apontada contra seu nariz **Aedes, se você quer ser um escroto tarado seja, mas se for abrir a boca para falar merda da minha guria eu vou te castrar e aí vamos vê se tu é macho mesmo!**

Aedes, o soldado, queria reagir, estava furioso pelo tratamento recebido por Lonomia, porém ele sabia que ela tinha fama de carniceira e enquanto ela tinha na bandoleira um fuzil de assalto, ele só contava com a padronizada rifle de repetição. Então ele acalmou sua expressão e recuou lentamente se desculpando, **mil desculpas, senhora ** ele tinha um tom sarcástico, **eu vou ficar na minha observando a raba dessas gigantas, pode ser?** , a moça não mudou sua expressão, ela guardou a faca na bainha em sua cintura e voltou a sentar-se, encarando ele.

Enquanto isso o caminhão que até então rodava sem grandes intempéries acabou por encontrar o fim de sua graça, ocorre que uma garçonete equilibrava em ambas as mãos duas bandejas com copos de cerveja e lanches, ela estava tão carregada e mesmo incomodada com a música que já aturava a horas que acabou por tropeçar no veículo em miniatura. Seu pé, calçando uma sapatilha vermelha, foi em direção a cabine, vindo da direita em um ponto cego por Blastius. Persgu ignorou o ponto devido a suas atividades e quando finalmente notou o imenso vulto vermelho já era tarde demais. O pé da garçonete atingiu com tudo a blindagem do caminhão, o que não causou muito dano a ele porém fez com que a máquina fosse arremessada a vários metros de distância e desequilibrou a mulher que caiu no chão com cerveja e tudo.

Quando o caminhão foi arremessado os soldados na carreta despencaram e foram parar no chão. O caminhão rolou violentamente e tombou há alguns metros de distância dos adolescentes. Lonomia ergueu a cabeça, atordoada e teve tempo de assistir a enorme figura da garçonete de 30 anos despencar contra o solo numa intensidade tão grande que mais parecia um meteoro. A moça não fechou os olhos, ela sentiu que seria prensada entre os imensos seios da mulher adulta ou mesmo atingida por um de seus braços. A dor seria intensa, mas quando algo finalmente atingiu a menina ruiva ela apenas gritou pela violência do golpe contudo permaneceu viva, o motivo? O que a atingiu foi a cerveja.

A mulher caiu feito uma rocha no chão, bateu a cabeça tão forte que ao abrir os olhos teve a impressão de ter visto uma minúscula menina ruiva se levantando e correndo para longe. Ela piscou e a menina já não estava ali, então a mulher levantou-se e reparou que uma multidão estava a encarando. Ela ficou envergonhada e tentou explicar que tropeçou em algo, então olhou para o chão e viu um pequeno caminhão. A mulher se dirigiu até a miniatura e a pegou em suas mãos brancas e poderosas. Ela olhou ao redor e indagou claramente aborrecida, afinal o dono do brinquedo era culpado por sua queda: **,de quem é esse caminhãozinho?** , não houve resposta. Haviam crianças no beco, mas nenhuma se manifestou mesmo quando a pergunta foi repetida.

Como ninguém reclamou o brinquedo a mulher, claramente brava, decretou que ficaria com ele. Ela foi para dentro do bar levando consigo a minúscula máquina e junto dela os praças que ainda a tripulavam. Lonomia estava escondida atrás do pé de uma mesa e Aedes durante a queda do caminhão rolou até uma fileira de cadeiras dobráveis fechadas, onde deitado assistiu a violenta queda da mulher. Agora que seus superiores haviam sido arrebatados, ele levantou-se e avistando Lonomia decidiu que tinha contas a acertar.

No interior do bar a garçonete se dirigiu até o balcão e falou para uma outra garçonete, mais jovem. **Nossa Akemi, você não vai acreditar! Eu acabei de tropeçar nesse brinquedo idiota lá fora! Perdi todos os pedidos!**, Akemi, uma atendente jovem de ascendência japonesa olhou para ela e lamentou, **que horror, Paula, cê tá legal?**, **eu tô né... Mas vai sair do meu salário essas perdas! **. A moça nipo-brasileira olhou para o "brinquedo" e comentou, **pelo menos é um caminhãozinho bonito! Gozado, minha irmã Sophia me falou mais cedo que tinha visto um desses... Andando sozinho!**, a mulher adulta riu, **andando sozinho? Sua irmã é mesmo uma sonhadora... E a Mirla, como tá?**, Akemi bufou, então disse com desdém, **Ela tá bem ali,** ela apontou para uma mesa onde sua irmã mais velha estava sentada ao lado de umas 12 latas de cerveja. Ela estava esbravejando ininteligíveis reclamações a um garoto louro , em pé, que ouvia tudo com muita paciência e ocasionalmente olhava para Akemi e sorria de forma condescendente. Por sua vez a atendente devolvia o sorriso embora muito encabulada.

**Sua irmã precisa de muita ajuda!** , comentou a garçonete, enfim, eu vou preparar outro pedido para a mesa 6. Ah, se quiser pode levar esse brinquedo para sua irmãzinha, os meus meninos tão naquela fase que só querem saber de vídeo game!** Paula riu e entregou para Akemi a viatura com seus dois tripulantes dentro, então foi pegar mais cervejas e outros lanches para terminar seu trabalho. Akemi por sua vez pegou o caminhão e após analizar seus minuciosos detalhes deixando escapar apenas qualquer movimento que se tivesse na cabine, decidiu ir guardá-lo junto de seus pertences antes de voltar ao trabalho. O caminhão foi levado para o interior da construção, numa sala de acesso restrito aos funcionários, em cima de uma prateleira. 

**Blastius, querido**, comentou o sargento, **precisamos abandonar a viatura, nossa operação ainda precisa ser finalizada. **Mas sargento Persgu!**, reclamou Blastius, **A unidade blindada é nossa única maneira de nos movimentarmos nesse lugar perigoso! Se deixarmos ela vamos ser pegos cedo ou tarde!**, Persgu então fez um olhar sério para o homem pouco mais alto que ele e esfregou sua mão no rosto de Blastius enquanto afirmava, **querido, nossos soldados se dispersaram, o blindado não pode proteger um grupo que não existe, portanto ele é inútil agora. Além disso, não há como descê-lo deste desfiladeiro (prateleira) sem que sofra com a queda.**, Blastius não gostava da idéia de voltar para as ruas sem a proteção do canhão antiaéreo, mas tinha de admitir que eles eram incapazes de remover a máquina de sua posição atual sem correr o risco de se danificá-la ou mesmo se matarem no processo. Assim ele aceitou seu amargo fado e foi com o sargento armar-se com o que podia antes de pegar seu paraquedas e ao lado do companheiro saltar da imensurável estrutura de metal em direção ao chão.

Lá chegando o sargento deu uma ordem, **Blastius, meu bom rapaz,  tente entrar em contato com nossos soldados pelo rádio. Eu vou terminar nossa missão e encontro você perto da saída desse... Edifício...? Enfim, encontro você na saída.**, Blastius não gostou da idéia de se separar, contudo reconhecia que não adiantava contrariar o sargento, era mesmo mais prático que ele tentasse localizar seus companheiros enquanto Persgu terminava a missão do coronel que só ele sabia qual era.  Assim ambos os pequeninos saíram da área dos funcionários e adentraram num mundo imensurável e iluminado onde colossais figuras humanas bebiam e se entretiam na alegria daquela boêmica noite quente. 


Enquanto isso na viela a minúscula Lonomia esforçava-se para deslocar-se estando toda encharcada de cerveja, líquido que ela detestava assim como sua amiga Atta. Ela mau podia ver a hora de chegar no acampamento e tomar um banho, mas enquanto isso apenas vagava pelo chão com sua carranca menos venenosa impressa em sua face. De quando em vez um enorme pé surgia ameaçando suplantá-la. Mas agora que ela já estava recuperada da queda podia simplesmente esquivar-se dos tênis e sandálias de homens e mulheres que pairavam sobre ela ignorando completamente sua existência. A menina sabia para onde Paula foi quando arrebatou o caminhão, então obviamente tratou de dirigir-se para a entrada do bar.

Nesse trajeto teve alguns encontros desagradáveis, além dos pés que transitavam em todos os seus horizontes tornando o cenário um campo minado constantemente trêmulo, haviam ainda criaturas menores que os humanos mas que serviriam como obstáculos. Uma barata tão grande quanto uma onça a incomodou, pernilongos do tamanho de corvos tentaram drenar seu sangue. Mas ela pôde lidar com esses artrópodes na base da faca, sem recorrer a sua arma principal. Ela podia lidar com alguns invertebrados descomunais, entretanto o que realmente atrapalhou ela e a deixou furiosa foi quando sem nenhum aviso uma das montanhosas mulheres que se projetava até o céu terminou de fumar um cigarro e o arremessou no chão, levando-o a cair quase em cima dela. A garota conseguiu desviar da bituca, porém esse cilindro ainda em combustão e carregado de nicotina caiu perto o suficiente dela para que a fizesse ter um ataque de tosses severas. 

Estando tossindo a menina não notou quando uma pistola foi apontada para sua costa e uma voz familiar atingiu seus ouvidos. **E agora, Carniceira? E agora?**, ela ergueu as mãos enquanto falava, **Aedes, você quer mesmo brincar disso?**, **melhor escolher bem suas palavras, gata... Podem ser as últimas.**, **então porque não atira logo?**, ele riu, **eu vou me divertir com você primeiro!**, então Lonomia sentiu sua bandoleira ser puxada e lentamente seu rifle de assalto ser removido de seu torso.

Esse foi o momento ideal, enquanto Aedes removia a arma de Lonomia a moça rapidamente agachou-se fazendo a bandoleira sair de repente e enquanto o rapaz tentava acompanhar o movimento dela a adolescente puxou sua faca e arremessou na mão dele. A lâmina perfurou seu antebraço, fazendo ele disparar acidentalmente a pistola, mas seu projétil não atingiu ninguém. Ele ainda estava processando a dor da perfuração em seu membro quando a garota se aproximou dele, puxou sua bandoleira da mão do agressor e deu um chute tão forte nele que o fez cair no chão um pouco longe da menina.

Lonomia só pretendia desarmar seu colega, apesar dele ser um traidor, era justo que pagasse por seu delito dentro das leis estabelecidas pela côrte marcial, afinal ela já havia o submetido antes então poderia controlá-lo no mínimo até retornarem para o acampamento. Contudo Lonomia não teria a chance de ver Aedes prestar depoimento a seus superiores.

Como se por uma estranha providência, tão logo o rapaz colidiu no chão ele só teve tempo de assistir horrorizado um gigantesco cilindro de borracha se dirigir até seu corpúsculo e tornar tudo escuro e insanamente doloroso. Ele foi comprimido até a morte por algo que Lonomia nunca na vida poderia imaginar. Do alto de seus 6,6 centímetros a pequenina ruiva assistiu Aedes ser esmagado por um dos pneus de uma cadeira de rodas, onde uma moça inocente era empurrada pelo namorado totalmente alheia a vida que acabava de ceifar com requintes de violência! O sangue do militar ficou marcado no chão e algumas gotas ainda atingiram a farda de Lonomia, quem não pôde deixar de se horrorizar com o quadro, afinal se ela tivesse se descuidado poderia estar também estraçalhada sobre a calçada como uma mancha escarlate que logo seria apagada pelo tempo e esquecida. 

A cadeirante seguiu sorrindo pela viela, seu namorado a entretia dizendo coisas amáveis enquanto passavam por um beco onde todos praticamente sorriam. Era hora de Lonomia encontrar seus companheiro restantes e voltarem para o acampamento.

Poucos minutos depois Blastius guiou Lonomia até seu paradeiro por meio do rádio, Persgu voltou e então a ruiva contou a eles o que se sucedeu com o infeliz Aedes. Ela achou conveniente pela memória do soldado não contar sobre a traição dele, apenas revelando que sua morte foi causada por uma garota cadeirante que coincidentemente passou com uma de suas rodas no local onde o soldado estava imóvel. 

Sem o caminhão os soldados levaram algum tempo para sair do beco, mas finalmente terminaram o trajeto e se viram em uma rua menos movimentada. Eles não tinham mais veículo, mas estavam carregando bastante suprimentos que Persgu e Blastius removeram do caminhão, assim quando finalmente avistaram ao longe um jipe abandonado perto de um colossal vaso, animaram-se pois julgaram que o veículo foi deixado por falta de combustível e eles estavam carregando álcool o suficiente para encher um tanque.

A surpresa veio quando abrindo as portas da viatura reconheceram alguns pertences de Atta e Padius, coisas sem importância tática como fotos ou livros, que foram deixados no jipe quando dupla saiu em busca de álcool. Imediatamente Lonomia sentiu a necessidade de entrar em contato com Atta para ter certeza se ela estava bem. Assim Persgu ordenou que Blastius chamasse no rádio por Padius enquanto ele chamaria por Atta. Lonomia ficou de sentinela para a dupla e não demorou muito para que Persgu parecesse ter conseguido contatar o rádio de Atta:

**Soldado Atta, 2° pelotão de reconhecimento, na escuta?**


Continua...

End Notes:

Enfim... Por ora é isso! Sinto muito por aqueles que estavam ansiosos para descobrir o que aconteceu com Atta...!😅😅 Amanhã eu mostro! Até breve!

Chapter 6 by Barbarizando
Author's Notes:

Desculpe a todos pelo atraso deste capítulo! Foi realmente complicado escrever ele, eu tive de recomeçar algumas vezes para ter certeza de que ficaria perfeito...😅😅😅

Enfim, aproveitem e não deixem de comentar!

Aviso: esse capítulo pode conter temas sensíveis mais para o final, lembrem-se, ficção é ficção!

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**Flávia, filha, quê que se tá gritando a essa hora?** Indagou severamente Solano para a filha quando a jovem abriu a porta, a expressão no rosto do homem era séria porém afável como a de um pai que só buscava uma justificativa razoável da filha. Porém esta, no objetivo de ocultar seus "convidados" dissimulou a verdadeira razão Apenas dizendo num artificial sorriso, **,Ah, pai, é que eu vi uma barata aqui mas... Eu já me livrei dela!**, um tanto incrédulo Solano olhou para o rosto jovial da filha, ele franziu as sobrancelhas em suspeita mas Flávia continuou indiferentemente meiga.

Assim o adulto apenas suspirou e disse enquanto ajeitava seus óculos. **Tudo bem, filha, mas tente não gritar tanto... A coitada da Agatha não está conseguindo dormir, a picada no olho dela não foi muito grave, mas a dor está incomodando bastante...**, Ao ouvir isso Flávia ficou ressentida, ela sabia agora que o que sucedera-se com sua pequena irmã não foi obra de um himenóptero nem artrópode semelhante, mas sim uma "pura crueldade" de uma menina malvada de 6 centímetros. 

Ao perceber que a filha ficou tocada o homem pôs a mão direita sobre o ombro dela e sorriu, **não se preocupe, filha. Sua irmã vai ficar bem. Eu tava pensando, você poderia ir descer com ela na praia amanhã**, **mas pai, e a escola?**, **é só vocês irem a tarde, e eu nem vou mandar ela para as aulas amanhã, de qualquer modo...**, Flávia sorriu e apontando o dedo para o homem disse acusando-o ludicamente, ** Oxente professor Solano! Cê tá incentivando criança a matar aula?**, ela riu com sarcasmo, ao que seu pai repreendeu  com um enfadonho , **a senhorita ainda não está perdoada por repetir de ano!**, Flávia fez beicinho e afinal decidiu que precisava terminar a conversa antes que seus pequeninos fizessem algo que poderia lhe dar trabalho. **Bem, pai, eu vou continuar... Fazendo minhas... Lições de casa! **, o homem olhou para ela absolutamente incrédulo e decidiu ir embora enquanto dizia um monótono **sei...**

Quando finalmente a porta do quarto foi fechada e Flávia virou-se em direção a cama, bufou o mais baixo que pôde ao constatar que sua preocupação havia concretizado-se; Atta e Padius não estavam em cima da cama, ao menos não em seu campo de visão. Ela caminhou furiosa até a cama contendo-se para não chamar uma vez mais a atenção não pretendida de seu progenitor. Ela ajoelhou-se em frente a seu colchão e ergueu o maço de cigarros, atrás do qual poderiam os pequeninos terem se escondido, todavia eles não estavam lá. Flávia não ficou surpresa, então continuou erguendo os objetos sobre sua cama na expectativa de encontrá-los atrás de algum. Do travesseiro, de seus bichinhos de pelúcia ou mesmo das cobertas dobradas nos pés da cama. Restava deduzir que eles haviam descido.

**Tudo bem, bichinhos! ** Disse ela sorrindo ao se levantar novamente, **eu não estou mais brava... Podem aparecer, eu não vou castigar vocês!** , Flávia ficou aborrecida, até meio magoada, quando os adolescentes não se revelaram após seu chamado. Ela não garantia que iria manter sua palavra caso eles realmente tivessem se revelado, mas foi desanimador perceber que eles não confiavam nem um pouco nela. Ou talvez ela só estivesse magoada porque agora teria de onerar-se com uma busca por seu quarto. Em todo caso ela sabia que precisaria engatinhar pelo chão se quisesse vasculhar minuciosamente.


Quando Atta ouvira a voz chamando-a em seu rádio foi tragada de volta a realidade, ela percebeu que havia comprometido sua relação com Flávia e que agora era melhor fugir ainda que isso significasse perder seu tão dileto rifle de estimação; afinal o coronel precisava dela e Padius contava com ela. Assim a menina decidiu correr ao mesmo tempo que tentava se comunicar com o sargento. **Sargento Persgu, o soldado Padius e eu fomos capturados por um nativo! Precisamos de reforços!**, gritou enquanto puxava seu colega pelo braço em direção a uma das colossais pelúcias na cama de Flávia. Lá chegando eles esconderam-se no vão entre um ursinho e um coração de pelúcia e puderam tomar um fôlego enquanto ouviam seu superior,  **Atta querida!** Disse Persgu perplexo, **Como uma soldado tão excepcional como você foi capturada?**, a menina por um segundo rangeu os dentes da forma menos visível possível e admitiu ainda que ressentida, **Sargento eu me descuidei... E como fica nosso reforço?**

Atta olhou por entre as frestas das pelúcias, viu que a giganta mulata continuava falando com o que agora ela percebeu seu um homem na proporção dela. Ela temeu que Flávia a qualquer instante se virasse e começasse a caçá-los, então olhou para trás e percebeu que a cama de Flávia não ficava totalmente encostada na parede, havia um espaço pequeno ali, e convenientemente uma cortina, na qual poderia ela e Padius escalarem até o chão.

**Atta, minha querida... Infelizmente estou com um contingente pequeno no momento, não poderei ajudá-la imediatamente...** Falou o sargento para o desespero de ambos os soldados, mas antes que qualquer um deles decidisse protestar a voz de Persgu continuou, **mas queridos, se vocês aguentarem firme eu poderei mandar um helicóptero para a extração. Só preciso que confirmem sua posição.**

Os adolescentes foram escalar a cortina rumo ao chão, Atta estava segurando o rádio na boca, ela teve de esperar até estar a uma distância razoavelmente perto do que supunha ser o chão para se atrever a soltar uma mão e pegar o dispositivo a fim de responder a Persgu, **Sargento, eu entendi!** , **o quê?**, gritou todavia o aflito Padius enquanto descia as cortinas, **Atta...! Isso... Isso é loucura! Se essa giganta nos pegar...**, porém Atta interrompeu, **,Padius, eu sei! Mas o sargento tem razão, se eles vierem sem cautela vão apenas se arriscar! Além disso nós nem sabemos exatamente onde estamos!**, Padius ficou magoado, ele olhou para Atta como se tivesse levado um tapa na cara, mas era verdade, como estavam no bolso de Flávia eles não viram para qual direção ela foi após tê-los capturados. Restava então encontrarem um meio de informar sua posição e esperar o helicóptero para a extração.

Enfim os dois atingiram o chão, estava tudo escuro. A cama de Flávia era do tipo "box" e por isso só havia luz bem ao longe, na saída, que era um lugar de onde no momento os pequeninos queriam distância. Eles precisavam de um plano, para escaparem não bastaria apenas entrar em contato com o sargento, porém, **Atta! Oh, Atta!** Era a voz de Lonomia.

**Lonomia!**, gritou Atta com um sorriso alegre e aliviado. **Lonomia, você está bem? Onde você foi?**, a voz da garota ruiva apenas respondeu, **É você que me deve explicações! Você devia ter ficado ao meu lado, sua dismiolada!**,  Atta ficou um pouco triste e disse com genuína culpa, **Me desculpe Lonomia... Eu acabei ficando no 2° pelotão de reconhecimento... Eu ia te contar, mas o capitão disse que você já tinha saído do acampamento...**, houve um silêncio, enfim a voz de Lonomia voltou, **tá tranquilo... A culpa é do capitão, aquele cuzão! ( Hey! - a voz de Persgu ao fundo), Atta, nós achamos seu jipe, sabe dizer se o imbecil que te capturou pode estar perto?**

**Na verdade foi uma mulher, uma moça eu acho... Eu não sei onde ela mora, depois que ela me capturou me prendeu no bolso e eu não pude ver nada... Foi mal, Lonomia...**, **tá tranquilo... Eu vou te procurar! (O quê? - voz de Persgu)**, Atta arregalou os olhos ao ouvir a declaração da amiga, **mas, Lonomia! é perigoso e nós nem sabemos onde...**, **cala a boca, eu vou te achar seja onde for!**, ao ouvir isso Atta ficou em silêncio, ela não sabia porque Lonomia se importava tanto com ela, elas não eram namoradas, mas geralmente no tempo livre ficavam juntas frequentemente. Talvez porque as duas eram amigas desde que moravam no orfanato, as duas eram diferentes da maioria. Atta costumava ser um menino e Lonomia era uma ruiva num país predominantemente loiro.

** Tinha uma mesa com alimentos na construção em frente ao jipe...** Atta por fim lembrou, **ela estava cuidando da mesa, acho que ela mora nessa mesma contrução!**, Lonomia por sua vez assegurou, **perfeito, eu estou a caminho! Você precisa de alguma coisa?**, a menina sorriu e disse brincando, **quando você estiver aqui não vou precisar de mais nada!** , Lonomia rangeu os dentes pelo rádio e disse um tanto amofinada, **É sério Atta... Você precisa de alguma coisa?**, A menina ficou envergonhada e disse meio baixo, **,ah... Bem, eu perdi meu rifle... Mas acho que para enfrentar ela seria preciso uma arma mais forte...**, **, aguenta, firme, câmbio!**

O rádio foi desligado, Atta e Padius decidiram esperar em seu esconderijo. Era pouco provável no entanto que Lonomia seria sua salvadora, afinal estando sozinha ela teria sorte se os avistasse. Atta estava mesmo preocupada e definitivamente não queria ter envolvido sua amiga nisso, mas se não tivesse qualquer dica ainda assim Lonomia iria procurá-la, e entrando nos lugares errados dependeria tempo, vigor e recursos e consequentemente isso aumentaria as chances dela sucumbir. Restava esperar um ato providencial, enquanto isso Padius recomendou que os dois se alimentassem com as rações que carregavam.

Padius tirou um pequenino aquecedor do bornal e o usou para aquecer algumas latas de carne em pasta, enquanto Atta destampava algumas latas de leite condensado - comida de militar. Eles puderam comer sossegados enquanto a voz de Flávia ecoava pelos céus da caverna onde se escondiam. Todavia não demorou para que terminasse a calmaria, logo o teto da " caverna" começou a se mexer e os pequeninos repararam que a cama estava ganhando distância da parede. Logo ficou claro, Flávia estava puxando a mobília para verificar se estavam ali. Eles tiveram de agir rápido ou seriam arrebatados antes mesmo que Lonomia pudesse atravessar a porta da frente do colossal sobrado.

Atta e Padius correram por baixo da cama tão rápido quanto suas perninhas permitiram, entretanto não saíram da área da cama antes dela estar exposta ao campo de visão da giganta, a luz penetrou a pele pálida dos adolescentes que apesar do pânico não deixaram dede movimentar por um segundo. Para a graça de ambos Flávia não havia olhado para o chão tão logo puxara a cama, assim não os viu correndo. Atta notou uma vassoura posicionada ao lado da gigantesca cômoda de Flávia, em frente a cama, ela teve a ideia de se esconder nas cerdas então correu. Porém quando finalmente a menina se enfiou nas grossas cerdas acreditando estar segura, olhou para o companheiro e não o encontrou no novo esconderijo.

Padius tropeçou em um prego jogado no chão, ele tentou chamar Atta mas não quis ser um fardo, e quando finalmente levantou-se para continuar correndo, um tremor violento abalou o piso de madeira mandando ele de volta para baixo. Abrindo os olhos o garotinho viu a imensa projeção do corpo de Flávia além da cama, seu corpo maciço e sua expressão furiosa fez ele gelar e tremer enquanto encarava a giganta sem saber como reagir. Porém ao vê-lo acuado e trêmulo, Flávia se enterneceu e mudou para uma expressão afável. Ela contornou a cama e se agachou até o pequenino quem não ousara até então levantar-se.

**Oh, meu Henriquezinho....** Disse ela num tom meigo enquanto esticava os enormes dedos para pinçar o corpo esguio de Padius. **, Não precisa ter medo, eu não vou te machucar!**, ela levou o garotinho assustado até seu imenso peito quente e aninhou ele. Flávia viu que o menino tremia muito, quase convulsionando, mas ela esforçou-se para ser delicada enquanto deixava o menino sentir seu calor, seu ritmo cardíaco e sua proteção.

Por outro lado o pequeno Padius não entendia o porquê de Flávia estar falando com ele de forma tão amável. Ela foi tão rude com Atta mais cedo, então porque seria gentil com ele? Afinal porque ela insistia em chamar ele de Henrique? Quem era Henrique? Ele não sabia, mas no momento só precisava não surtar. Só precisava controlar seu coração para não infartar entre a mão e o seio daquela imensa porém bela criatura. Quem era Flávia? Como entendê-la? Será que afinal ainda não era tarde para negociar? Se não era, então por que estavam fugindo? Por que simplesmente não confiar nela? Será que Atta era a única culpada pelo desentendimento anterior? Será que ele deveria tentar se comunicar com Flávia apesar do medo que sentia? Mas por que sentia medo? Flávia até o momento não tinha o machucado. Ela brincou com ele, o prendeu e o assustou, mas não o machucou mesmo agora quando estava claramente furiosa. Padius precisava pensar.

Ao ver Padius acalmando-se em seu peito a moça gigante resolveu deixar Atta temporariamente de lado. Valia mais aproveitar seu pequeno "Henrique" , agora que ele parecia cativado, do que se aborrecer procurando a pequena rebelde. Assim Flávia tratou de deitar-se em sua cama sem nem mesmo empurrá-la de volta para a parede. Ela não falou, não queria assustar o pequenino, ela acreditou que tinha conseguido a confiança dele e tentou preservá-la por quanto tempo pudesse.

Quanto a Atta, ela assistiu Padius ser agarrado e aninhado contra o volumoso peito da jovem, ela pensou que deveria ter se revelado e deveria tê-lo ajudado. Se estivesse com seu rifle certamente acertaria o olho da giganta a essa distância, contudo somente com a pistola seria arriscado denunciar sua posição no chão sem a certeza de que seu disparo acertaria Flávia. Antes a mulata estava sentada a sua frente, agora estava agachada há uma distância considerável para um ser tão pequeno. 

Atta sentiu-se frustrada por ter deixado seu colega ser capturado, ela recordou-se de como Padius enfrentou seus medos antes para ir ajudá-la, ainda que isso só o levasse a ser capturado também. Ela sentiu-se inique por não ter se revelado ainda que pouco pudesse fazer para ajudar. Restava restaurar sua lealdade ao parceiro voltando até sua captora e, se preciso, a enfrentando. Atta viu o cenário, haviam duas possibilidades, ou ela voltava para a área anteriormente embaixo da cama e escalava as cortinas novamente. Ou ia até o criado mudo de Flávia e escalava por suas saliências. Seria uma tarefa mais laboriosa, entretanto como recompensa ela poderia talvez reaver seu rifle, que repousava na faceta do criado mudo. Ela optaria pelo segundo caminho, afinal seu treinamento militar ensinou-lhe o suficiente de alpinismo para ter certeza que era possível realizar o trajeto.


Quando encerrou a comunicação com Atta encontrou ainda Lonomia uma óbice a fim de lhe atrasar, Persgu, quem não queria deixá-la ir. **Soldado, não posso permitir que aja de forma imprudente!**, disse o sargento , ao que a menina ruiva simplesmente respondeu, **com todo o respeito, Sargento, você não consegue me impedir.**, Persgu bufou bravo enquanto continuava, **Lonomia, Atta é experiente, ela vai se cuidar até o helicóptero estiver pronto! Confie nela.**, Porém a soldado não deu ouvidos ao superior, ela começou a mexer nos itens que trouxeram do caminhão e afinal pegou um guincho, um rifle e um paraquedas. **Eu vou levar isso. Vocês podem encher o tanque e dar o fora**. Persgu olhou para ela claramente aborrecido e disse simulando calma, **minha querida... Você está esquecendo quem é o comandante aqui...**

Lonomia se aproximou de Persgu, ela era praticamente da mesma altura que ele embora ele fosse mais gordo. Ela agarrou seu próprio braçal e o arrancou, depois disse em tom sério olhando profundamente nos olhos redondos do sargento. **Se for preciso eu não farei isso como soldado, mas duvido que o capitão queira me executar por decidir salvar uma das queridinhas do coronel. Além disso você precisa de mim mais do que eu preciso de você, sargento. Então ou você cala a boca e vem comigo atrás da Atta, ou entra no jipe e volta para o acampamento antes que tenha o mesmo destino do Aedes!**

Persgu ficou pálido, ele suava e sentia que não podia deixar tanta insubordinação passar impune, afinal Blastius testemunhara essa situação embaraçosa e logo isso se espalharia entre os soldados. Mas seria mais fácil calar Blastius do que enfrentar Lonomia, então o homem permaneceu calado. A menina entregou o braçal vermelho para o sargento e foi em direção a gigantesca porta de madeira do sobrado. Seria necessário transpassar um degrau antes de se preocupar em como passar pela intransponível muralha de madeira, mas Lonomia era implacável.

Persgu decidiu ir com Blastius para o acampamento, ele entrou no jipe após o cabo encher seu tanque e partiram sem olhar para trás. No meio do caminho porém, o sargento olhou para seu caderno e fez um comentário que Blastius não entendeu o significado, **se Atta estiver naquela casa isso é irônico, querido...**


Atta estava escalando pelo criado mudo, apesar de não ser uma tarefa particularmente problemática, ela não sabia quanto tempo já tinha passado desde que Padius foi pego pela giganta. Era bizarro que Flávia não tivesse até agora tentado ir atrás dela, ou mesmo se mexido. Ela foi tão ousada antes então por que não continuou com seu assédio agora que possuía Padius ao alcance de sua mão? Era melhor assim, no mínimo o rapaz não estava sofrendo.. mas por que tudo parecia tão calmo? 

Afinal a menina em miniatura alcançou a faceta do criado mudo, lá havia uma "árvore" em forma de abajur, e estava acesa gerando calor. Também tinha um despertador, alguns livros e um pacote de tic tac praticamente do tamanho de Atta. Seu rifle estava ali também, assim como o bornal que até recentemente encontrava-se no ombro de seu colega. Ao ver a bolsa ali a menina pensou que a giganta teria feito algo com o rapaz, mas ao correr sorrateiramente até a borda do móvel ela pôde olhar no horizonte a imensa forma marrom de Flávia repousando sobre a cama com o minúsculo homenzinho em posição fetal sobre seu seio esquerdo. Não era possível olhar com clareza o rosto de Padius mas Atta tinha certeza que ele chorou e eventualmente dormiu.

Flávia encarava o pequenino e ocasionalmente acariciava seu corpúsculo com o indicador, sua expressão era serena. Atta não sabia o que se passava na mente da mulata, mas sabia que ela era perigosa e embora esse momento parecesse oportuno para uma fuga, seria traição deixar Padius entregue aos prazeres desta sequestradora.

Atta não tinha certeza de qual seria a melhor maneira de proceder, mas ela começou pegado seu rifle, carregando-o e vendo se no bornal do amigo havia qualquer coisa útil. Porém Padius a essa altura possuía menos recursos que ela, mesmo suas granadas já haviam sido usadas. Atta porém conservava as dela e achou que se fosse preciso deveria depositar sua confiança nesse equipamento.

Quanto a abordagem, ela duvidou que tentar algo diplomático novamente traria quaisquer resultados, pois antes Flávia sequer deu atenção a ela senão para assolá-la e quase esmagá-la. Não era prudente revelar sua posição apenas para ficar a mercê dos caprichos dessa civil megalitica. Claro que Atta sabia que era estupidez simplesmente atacá-la, mas não havia jeito de resgatar Padius sem perturbar Flávia de algum modo. Então entre uma negociação infecunda e vulnerabilizadora e uma abordagem dinâmica com consequências severas mas vantajosa; Atta resolveu que deveria dificultar as chances de Flávia a capturá-la neutralizando um de seus olhos. Talvez ela pudesse ter tentado falar com a giganta, mas quem isso beneficiária realmente?

Ela mirou, em cima do criado mudo, num ponto cego do campo de visão de Flávia, tinha a posição perfeita para alvejar seu globo ocular esquerdo. Ela atirou! Atirou entretanto o tiro saiu pela culatra, quase que literalmente... Ocorreu que no exato instante em que o gatilho foi puxado e o cão acionado a arma entrou em combustão tão rápido que explodiu ferindo as mãos de sua portadora. 

Atta gritou aflita devido a dor de ter suas mãos esfoladas pela explosão de seu rifle, seu brado não seria audível para Solano, como o de Flávia outrora, mas era alto o suficiente para chamar a atenção da giganta deitada, que fez um leve sorriso e virou a cabeça olhando ainda encostada no travesseiro para a minúscula criatura agoniando em seu criado mudo. **Olha só quem resolveu aparecer!**

Atta caiu de joelhos na superfície de madeira, ela estava olhando para as mãos latejantes e mau pôde notar a sombra da imensa mão de Flávia pairando sobre sua minúscula forma. Ela foi jogada na palma esbranquiçada de Flávia e presa pelos dedos dela. Em seguida a mulata trouxe a meninazinha até seu rosto, abriu a mão e encarou ela com um sorriso malicioso, **, confusa?**

Atta não respondeu, ela ficou sentada na mão de Flávia, escondendo suas próprias mãos e controlando-se para não chorar, apesar de que seu rosto já estava vermelho. A giganta explicou, **quando eu estava procurando vocês, bichinho, eu sabia que você iria usar essa arminha ridícula em mim de novo se achasse ela! Então eu fiz uma pequena armadilha! ** Ela riu, **eu joguei seu brinquedinho no álcool! Eu não entendo de ciências mas acho que você queria atirar em mim, quando atirou... Kabum!**

**O que.... O que você vai fazer comigo...?** Perguntou Atta trêmula na mão da jovem. Flávia então usou sua mão livre para tirar Padius de seu peito delicadamente e depositá-lo no criado mudo, em cima de um livro. Ela então permaneceu deitada apenas com Atta em sua mão. Flávia sorriu e disse: **eu vou castigar você... Você é uma vadiazinha estúpida que não merece a companhia do meu Henriquezinho!**

**O nome dele...é Padius...**, ao ouvir isso Flávia virou a mão e deixou Atta cair sobre entre seus seios, a menina escorregou e ficou presa desconfortavelmente entre as enormes massas de carne marrom, cujo suor ainda era profundamente forte, bem como o calor e a pressão que eles exerciam. A giganta fez um rosto sério e decretou, **você se acha muito importante né, bichinho? Tirado onda com essa beca de gambé! E se eu tirar esse trapo, o que acontece?

Por estar espremida entre os seios da giganta Atta mau pôde ouvir o que ela disse, então foi repentinamente pinçada entre os dedos de Flávia e quando se deu conta a garota maior já estava com o polegar e o indicador da outra mão puxando seu casaco. Bastou uma simples movimento e a menina viu a parte superior de sua farda ser feita farrapos. Tanto o casaco quanto a camisa de baixo foram rasgados deixado a pequenina só de sutiã.

Ao ver Atta assim a moça riu e comentou, **onde estão seus peitos, coisinha?**, envergonhada, Atta só não cobriu os bustos porque seus braços estavam levantados e presos pelos poderosos dedos da mulata. Ela então ficou vermelha e gritou na defensiva, **eu... Tenho 13 anos!**, **jura?** , zombou Flávia, **eu tinha peitos maiores que você aos 10 anos! Se bem que... Minhas tetas seriam maiores de qualquer jeito, já que cê não passa de um inseto, né?**, Atta ouviu as palavras de Flávia e não pôde responder, ela foi novamente capturada, dessa vez por ter caído numa armadilha. Esse dia estava sendo horrivelmente humilhante, não tinha como piorar. 

Isso é... até que Flávia continuou seu assédio, dessa vez agarrando as calças da menina e arrancando-as com a mesma facilidade. As botas e as mangas do casaco logo foram removidos e a giganta ficou segurando sua presa semi nua pelas costelas. Ela sorriu satisfeita e disse, **você é tão magrela... Tão frágil... Hahaha! Tão fraca!** Ela soltou Atta no colchão e pegou seu maço de cigarros, levantando-se em seguida. **Se quiser pode correr bichinho, eu duvido que você chegará longe nesse estado... Sem falar que meu querido Henrique não vai sair junto com você**

Atta permaneceu imóvel, até que ela notou algo horrível, Flávia sacou um cigarro do maço e valendo-se de um isqueiro o acendeu. **Não!** Gritou ela claramente assustada. Flávia mau ouviu os protestos da pequenina, ela começou a fumar o cigarro absolutamente indiferente a criatura. Em sua mente ela havia triunfado e agora podia simplesmente relaxar através de seu vício. 

Atta se distanciou no colchão tanto quanto pôde, ela estava ainda com as mãos doloridas e não poderia descer no chão escalando as cortinas, então apenas se abrigou longe e tapou o nariz com os dedos. Ela começou a tossir pois inevitavelmente a fumaça propagou-se pelo ar como ondas. Ao ver que Atta estava incomodada com o cheiro do cigarro, Flávia resolveu assolá-la com esse objeto. Ela voltou para a cama com o entorpecente na boca e se deitou, em seguida engatinhou até a minúscula adolescente como um predador caçando. 

Quando Atta não tinha mais para onde recuar Flávia removeu o cigarro da boca e abrindo a enorme cavidade deixou a fumaça escapulir por seus lábios envolvendo todo o corpinho de Atta, quem entrou num ataque violento de tosses e convulsões. Ela rastejou tentando se afastar da fumaça mas estava tão entorpecida que nem conseguia se orientar. Flávia se deliciou com os esforços patéticos de sua prisioneira e procurando estender o sofrimento dela, estendeu a mão e bloqueou sua passagem. Em seguida Flávia tragou mais um pouco o cigarro e novamente liberou uma carga altíssima de fumaça e nicotina em cima da pobre garotinha que de tanto tossir, lacrimejar, babar, espirrar e contrair seus músculos; já estava inerte e esgotada. Mas para Flávia isso era só o começo.

Flávia pegou Atta com os dedos e dessa vez pôs a menina inteira dentro de sua boca, Atta estava tão cansada que não tinha forças nem para demostrar o medo que tinha de que esse fosse seu fim. Ela sabia que humanos não comeriam animaizinhos vivos e crus, mas depois de todos os abusos de Flávia ela já não duvidava que a moça fosse bem capaz de a devorar se assim quisesse. Mas para sua sorte ou azar, a jovem apenas colocou o cigarro na boca e deu a derradeira tragada.

Uma tragada que gerou tanta fumaça e calor que ameaçou asfixiar Atta e explodir seus pulmões. Quando Flávia tirou o cigarro ela soltou a fumaça pelo nariz e depois abriu a boca revelando Atta esparramada por sua língua. Ela a cuspiu na mão e disse com um sorriso macabro. **Você está viva?** Atta não respondeu, ela precisava recuperar sua energia antes de fazer qualquer coisa. Seu corpo nu estava encharcado por uma mistura de seu próprio suor e saliva da giganta. Atta queria que seu tormento acabasse, ela ainda não chorou, só lacrimejou devido a fumaça; mas sofria com todo esse tormento.

Flávia deixou Atta na cama e continuou fumando, após um minuto o cigarro havia chegado ao fim, então Flávia disse, **isso tudo foi pelo que você fez a minha irmã! Deus que te ajude para que ela não fique cega de um olho, senão eu vou acabar com você!**, Atta estava deitada, calada. De repente ela gritou, rolou para o lado e se levantou ainda que apenas para cair de novo. Então ela olhou para a coxa e percebeu que Flávia havia queimado sua perna com a ponta da bituca do cigarro. Atta afinal chorou e disse, **por que você fez isso? Por que você não me deixa em paz?**

Flávia jogou a bituca num cinzeiro que tinha em cima da cômoda e olhou para a forma patética da garota em sua cama, **isso foi por minha irmã... Agora vou dar um castigo por você ter atirado em mim!**, Ao ouvir isso Atta tentou criar forças para correr , ela sabia que era inútil mas seu corpo já foi levado ao limite com a última tribulação. O que mais Flávia queria dela? 

Sua tentativa de fuga foi simplesmente risível, mau saira do lugar e Flávia já obstruiu seu caminho com a palma, que também serviu para lhe enclausurar. A moça gigante então levou a minúscula presa até o rosto e quando a tinha a frente de seu nariz, ela fez uma expressão séria e ordenou: **tire suas roupas de baixo!**

**Não! Não!** Protestou Atta, para sua infelicidade, pois Flávia decidiu tirar pessoalmente e no ato arranhou a costa da garotinha enquanto rasgava seu sutiã. **Olha o que você me fez fazer!**, a unha de Flávia era grande e forte, fez um corte na pele lívida de Atta que começou a expelir sangue, ainda que em pouca quantidade. Flávia ordenou em seguida que Atta tirasse a calcinha, ameaçando arrancá-la se a menina não o fizesse, o que garantiria provavelmente um novo hematoma no ventre ou nas nádegas do minúsculo projeto de gente.

Visando a evitar uma nova lesão em sua pele, Atta removeu muito a contragosto mesmo sua calcinha, revelando seu tucking. No início Flávia estranhou a cobertura de esparadrapos no lugar da vulva e brincou, **tudo isso para segurar sua menstruação?**  Atta abaixou a cabeça e ficou calada, Flávia mandou ela retirar a cobertura e finalmente assustou-se quando encontrou um microscópico pênis pendendo da pelve da menina. No início ela não entendeu mas logo associou os conceitos e ficou claro que Atta era uma menina transgênero. O que Flávia não poderia deixar de insultar,


**Quem diria! Você é um menino!**

**Não! Não sou!!!** Gritou a menina numa explosão de sentimentos pesados enquanto escondia sua genitália com ambas as mãos. **É mesmo...? Então o que é isso?** Questionou a giganta enquanto com a mão livre afastava os braços da pequenina da região que ela queria esconder. 

**Você é um menino sim!** Continuou zombando, **e eu vou provar!**

Flávia esticou sua própria calcinha e depositou Atta na parte de trás, em sua bunda. Então numa última gota de veneno declarou: **quando eu terminar, vamos ver se seu pintinho ainda funciona!**


Continua...

End Notes:

Enfim, o que acharam? Eu sei que Flávia de demonstrou-se um pouco... Preconceituosa, mas personagens emulam a realidade então nem todos aceitaram certas coisas. Acredite, Atta também tem seus defeitos e isso logo será evidenciado... Eu acho...

Enfim, não deixem de comentar o que pensam.

Chapter 7 by Barbarizando
Author's Notes:

Então, esse capítulo demorou um pouco... Eu esperava ter terminado o "arco da Flávia" ainda nele, mas o texto acabou ficando longo e o desfecho continuou distante. Então provavelmente o fim dessa primeira noite ainda vai demorar um pouquinho mais. Enquanto isso aproveitem e não deixem de comentar suas impressões sobre esse capítulo. 😉

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Enquanto desventurava-se Atta com os inclementes flagelos impostos por Flávia, sua companheira, Lonomia, terminava de adentrar a casa. Ocorreu que com o auxílio do guincho ela alcançou uma das duas janelas que se justapunham a porta de entrada do sobrado. Uma vez em seu peitoril, Lonomia só precisou abrir um buraco pelo vidro valendo-se da não tão potente porém constante rajada de seu fuzil. Com isso o vidro cedeu e logo a menina pôde repetir o processo na veneziana de madeira, e após uma laboriosa descarga de chumbo um orifício minúsculo foi projetado na folha da janela.


Lonomia então entrou por esse buraco, o qual era pequeno o suficiente para passar despercebido para aqueles que o vissem de longe, mas amplo o bastante para que o corpo atlético porém minúsculo da ruiva adentrasse confortavelmente. Uma vez na parte interna da travessa inferior, a menina deparou-se com uma cortina convenientemente posicionada para facilitar sua descida até o chão, todavia Lonomia não trouxera o guincho para usá-lo apenas uma vez. Ela prendeu seu gancho numa cavidade do peitoril da janela e decidiu deslizar por ele quão longe pudesse até o piso, mesmo porque seria assim mais rápido.


Com a altura de 1,10m o peitoril era maior que o cabo pelo qual descia Lonomia, contudo a menina pôde improvisar quando afinal alcançou o limite do guincho, bastou agarrar a cortina e então puxar seu gancho para depois descer rapidamente até o piso azulejado. Ao sair de trás do tecido vermelho Lonomia se deparou com um interior tão aberto que chegava a ser desconfortável. O teto parecia ser um céu branco e opaco, com uma imensa montanha de metal espiralada que levaria até um buraco onde por certo começava o andar superior. Um portal imenso levava até a cozinha, cuja luz estava acesa. O lugar em que a garotinha se encontrava só poderia ser a sala, e isso se confirmou para a pequenina quando ela viu bem no meio desse estranho ecossistema um relevo macio no qual repousava a forma orgânica e massiva de uma mulher adulta encarando a única fonte de luz do lugar; uma antiga televisão de tubo.


Vera estava sentada no sofá, bem a baixo da escada. Ela estava assistindo novela enquanto lixava as unhas da mão e deixava seus pés relaxarem numa bacia de água morna, preparando-os para o pedicure. Ela parecia estar entretida o suficiente para que Lonomia julgasse que não viria a ser um obstáculo, entretanto a jovem militar não podia baixar a guarda. Ela caminhou discreta porém velozmente até a mesa de centro, escondendo-se em baixo dela. A falta de detalhes sobre a sequestradora de Atta e Padius dificultaria a busca. Lonomia lembrou-se que a amiga disse tratar-se de uma moça, então deduziu que não poderia ser a giganta a sua frente quem a mantinha em cativeiro. Isso significava que a menininha teria de deslocar-se pela imensidão da casa em busca de detalhes, o que afinal ela percebeu que seria trabalhoso. Até onde sabia Atta poderia estar em qualquer lugar, até mesmo na cozinha. 


**Droga!**, bradou a pequena ruiva, **se pelo menos eu soubesse quantos gigantes moram aqui!** , foi neste instante que providencialmente o rádio de Lonomia em seu bornal tocou, a garota considerou ignorá-lo, pois era uma distração, mas acabou sedendo depois que ouviu a voz de Persgu falando algo útil, **soldado Lonomia! Na escuta? É sobre o paradeiro da Atta, responda! **, ela suspirou e pegou o dispositivo, então falando, **câmbio! **, **tenho informações para você, querida! É sobre os residentes dessa casa. Tem um homem, uma mulher, uma criança e uma moça... Não foi o homem... Provavelmente nem a mulher dele. A moça deve estar no quarto, fica no andar de cima, a direita, não tem como errar.**, tão logo Lonomia ouviu essas informações ela arregalou os olhos e terrivelmente afoita indagou, **qual é sargento! Como de repente tu tem essas informações? Tá de sacanagem?**, Persgu suspirou pelo rádio e disse da forma mais calma possível, **querida... Eu não posso te dar os detalhes, vamos apenas dizer que você vai achar sua amiga e tudo vai ficar bem... Só me faça um favor...**, Lonomia estava chateada, como Persgu tinha essas informações e só revelou agora? Seriam mesmo elas verídicas? Ou Persgu só estava se vingando por ela tê-lo desrespeitado antes? Em todo caso a garota decidiu confiar nele e perguntar qual seria o favor, ao que o praça respondeu, **não deixe o homem te ver, nem você nem os outros dois**, Lonomia concordou, então disse a Persgu que começaria a subir a escada e a transmissão terminou, todavia tão logo a ruiva deixou a cobertura da mesa de centro seu primeiro pensamento foi, **eu vou dar uma palavrinha com esse homem!**.


Ao sair de baixo do móvel a mocinha rastejou rapidamente até a imensa estrutura avermelhada, não seria fácil subir cada degrau, tão pouco escalar a coluna de metal maciço e polido. A única solução encontrada foi valer-se de seu gancho, atirando-o por cima dos enormes degraus, entre o piso e o balaústre, para escalá-los um a um tão rápido quanto possível em sua estatura reduzida. O progresso seria lento, ainda assim constante, e em meio a sua labuta Lonomia questionava-se aflita que tipos de tribulações enfrentava sua tão querida companheira. 







Depois de ter enserido a indefesa Atta em sua calcinha, Flávia riu sozinha deliciando-se com a ideia de ter uma pessoa inteira presa em sua bunda. Ela sentiu frequentes movimentos entre seus dois colossais glúteos, o que mostrava que a menina ainda estava viva e se debatendo desesperada para sair de seu novo e mortal cativeiro. A jovem então disse, **,bom, como eu prometi, vou te dar algo que os meninos adoram!**, ela piscou zombateiramente, pois imaginava que em seu cárcere Atta era incapaz de ouvi-la. Então a moça caminhou até seu celular, comprimindo sua prisioneira a cada passo, e ao pegar o dispositivo ela pôs os fones de ouvido, inciou uma playlist e começou a sua verdadeira tortura.


Flávia começou a rebolar em seu quarto, embalada pelo funk carioca a mulata começou a despudoradamente mexer seus quadris num ritmo tão frenético e violento quanto uma brasileira poderia fazer. A cada empinada em sua bunda, a cada vibração em suas coxas, a cada movimento sensual o minúsculo corpinho da adolescente sentia que iria estilhaçar em incontáveis fragmentos. A pressão na calcinha de Flávia se tornou tão forte e turbulenta que Atta sentiu como se tivesse sido tragada por um furacão ou mesmo um maremoto. Era praticamente impossível respirar, o calor intenso ameaçava cozinhar sua pele viva e suas juntas já nem eram sensíveis. Atta desejou ter morrido apenas para a dor finalmente terminar.


Com as mãos espalmadas na coxa Flávia abaixava, levantava, voltava para baixo e abria as pernas sorrindo em puro êxtase, absolutamente alheia a vida que se contorcia entre suas paredes de gordura. E se Atta já quase sufocara antes pela fumaça do cigarro, agora o que poluia o pouco ar que chegava a seus pulmões era o cheiro fétido oriundo das profundezas retais da giganta. Um lugar escuro e pavoroso que seria assustador ainda que a moça estivesse parada, mas nesse ritmo frenético interminável o que seria apenas um pesadelo se tornou uma inevitável realidade infernal. Em meio aos movimentos repetitivos do quadril e nádegas de Flávia, a minúscula militar chegou a ter suas pernas tragadas pelo ânus da mulata apenas para ser arremessada de lá de novo e de novo. Parecia que o tormento não encontraria seu fim.


Quantos minutos teriam transcorrido-se? Quantas músicas teriam sido escutadas enquanto a dança sensual de Flávia era executada? Quantas vezes Atta quase foi esmagada? Seja entre as massivas massas marrons, seja entre a fenda ilíaca e o jeans grosseiro da moça, ou seja entre a imensa bunda mulata e o assoalho que quase foi tocado diversas vezes enquanto a giganta rebolava até o chão? Ao passar por um suplício tão desgastante física e mentalmente, foi impossível para Atta resistir sem perder sua consciência. Além de uma dose extremamente letal de seu vigor.


Quando terminou finalmente a playlist de Flávia, o calor de sua ação havia levado ela a dançar no chão, na posição de engatinhar. Afinal ela parou de movimentar as ancas e pôs fim ao que pareceu uma eternidade para a vítima. A moça suspirou repetidas vezes, afinal está dança agitada também havia a cansado. Flávia podia sentir ainda com os dedos a diminuta forma de sua prisioneira projetada contra seu shorts. Isso no mínimo significava que seu corpúsculo não foi estraçalhado pelos movimentos impiedosos da giganta. Mas ela duvidou que Atta ainda estivesse respirando, apesar de que, nunca foi a intenção de Flávia matá-la efetivamente.


Então a mulata ergueu-se apoiada na cama e finalmente pôs-se de pé. Ela levou vagarosamente ambas as mãos até os shorts e despiu-se da peça de roupa, deixando-a cair sobre o assoalho. Então com a mão esquerda Flávia esticou a calcinha enquanto pinçava sua indiscutível escrava do calabouço. Ao pegá-la a morena agiu com mais delicadeza do que em qualquer outra interação que até então tivera com Atta, mas este aparente zelo logo terminaria. Ao perceber que o reduzido organismo da menina ainda demostrava-se vivo, Flávia considerou se deveria deixá-la descansar ou se poderia assolá-la um pouquinho mais. Eis que a jovem deliberou despertá-la.


Mesmo sem o shorts a moça dirigiu-se até o banheiro, o qual ficava convenientemente no piso superior, logo a frente de seu quarto. Ao entrar no banheiro ela fechou a porta e abriu a torneira descarregando uma violenta torrente de água fria sobre o corpo inerte de Atta. A ação ou a despertaria ou terminaria de sufocá-la. Flávia deixou a menina sob a descarga líquida por demorados 8 segundos, os quais serviram para o propósito inicial, Atta foi removida da água estando viva e acordada. Ela tossia, agora bem mais fraco do que nunca, mas o fato de tremer e ter seus microscópicos olhos abertos significava que ela de fato respirava. Flávia sorriu e decidiu voltar para o quarto com sua prisioneira na mão, levemente fechada.


Entretanto ao abrir a porta do banheiro Flávia quase gritou com o susto levado, seu pai, Solano, estava saindo do quarto e encontrou-a de calcinha na porta do banheiro. Ele encarou a filha com curiosidade, mas Flávia esforçou-se para esconder seu nervosismo - bem como também fechar mais ainda a mão onde Atta estava e abaixá-la - para dissipar a atenção do progenitor. A jovem sorriu e com a expressão mais inocente que seu semblante poderia traçar perguntou: **que foi, pai?**, ao que o homem respondeu apenas, **você tá sem roupa...**, ela então brincou enrolando a barra de seu cropped no dedo da mão livre. **claro! Porque minha pele é amarela, né!**, Solano riu e se aproximou da filha, absolutamente inconsciente da existência de uma pequena passageira na mão dela, ele pôs sua mão forte sobre a cabeça da moça e acariciou com ternura enquanto olhava para a filha "meiga" que tinha, por fim ele falou, **eu vou sair, se sua irmã acordar ajude sua mãe com ela.**. Flávia sorriu, abraçou o pai - tomando cuidado para não machucar involuntariamente seu brinquedinho - e após beijar a bochecha dele concluiu, **, tá bem, pai! Eu dou uma olhada na Aghata depois que eu tomar banho.** , **ah, então é por isso que a senhorita está de calcinha?**, ambos riram e Flávia assentiu. Então Solano foi em direção a escada enquanto Flávia voltou para o quarto.


A morena adentrou seu aposento e dirigiu-se para o criado mudo, ela encarou Padius ainda adormecido e sorriu com ternura, ele era tão fofo a seus olhos, tão delicado, tão carente de proteção; adorável em última análise, mas claro, apenas por que Flávia insistia em ver no alienígena o garoto quem amava e não podia atualmente ser seu. Ela desejou que algo ruim acontecesse a Akemi por ter roubado seu "crush". Mas após suspirar ressentida a mulata apenas depositou a fadigada Atta no mesmo criado mudo e ignorou-a momentaneamente, pois precisava empurrar a cama de volta para a posição original e pegar algumas roupas para ir abluir-se. 


Foi um dia longo para Flávia, ela teve aulas de manhã, foi praticar capoeira a tarde e quando terminou ainda teve de cuidar do tabuleiro da mãe; tudo isso sob o sol do verão baiano. Sem falar de sua recente sessão de dança, o que levou sua pele negra a ficar brilhando carregada de gotículas de suor, em outras palavras a mulata precisava mesmo de um banho. Com isso em mente a garota pegou algumas roupas, sua toalha e escova de dentes e decidiu ir para o banheiro, mas não poderia ir antes de dar uma última verificada em seus cativos.


Atta estava jogada sobre o criado mudo totalmente desvalida, Padius estava a apenas alguns passos dela e mesmo assim era a menina incapaz de contatá-lo. O bornal dele estava perto mas já não tinha nada que pudesse ajudá-la ainda que a garota se atrevesse a rastejar até ele. Sua pele ainda úmida estava vermelha, carregada de hematomas e lesões espalhadas do rosto ao pé. Seu corpo jazia flácido e seus cabelos outrora num rabo de cavalo soltaram-se após a sucessão de intempéries turbulentas. Atta se sentia derrotada física e mentalmente. Ela não queria falar, sequer conseguia pensar. Ela só olhou para suas mãos ainda queimadas jogadas na faceta de madeira e tentou entender o porquê de tudo isso estar acontecendo. Ela lacrimejava mas a falta de energia privava-a da capacidade de chorar de verdade.


Como se não bastasse encontrar a pequenina num estado tão degradante, Flávia ainda decidiu amofiná-la mais um pouco. Após beijar o corpo adormecido de Padius a giganta encarou a menina e disse com o mesmo fel de antes através de um sorriso cruel, **cê é mesmo um viadinho... Não ficou nem um pouco duro mesmo depois de ficar tão íntimo do meu traseiro. **. a pequena, por sua vez, não disse nada, provavelmente em seu estado nem sequer conseguiu entender o que a giganta falava. O que foi um desprazer para Flávia, que então aborreceu-se e continuou, agora dotada de uma expressão mais séria e mau-humorada, **menininho idiota... Atta... Humf... Aposto que seu nome verdadeiro é algo óbvio, que nem Athos! Bem... ATHOS, eu vou tomar banho. Se quiser fugir fique a vontade. Só não esqueça que você vai morrer se sair lá fora nesse estado!**


Flávia então afastou-se, ela iria para o banheiro deixando os pequeninos sobre o criado mudo. Ela acreditou que não teria consequências negativas, afinal seu pai acabou de sair e sua mãe estava assistindo a novela das 9 e em seguida teria a das 10; logo não levaria menos de duas horas para que Vera resolvesse subir para seu próprio quarto, e se porventura quisesse entrar no quarto de Flávia, já teria ela terminado o banho e provavelmente até mesmo guardado seus escravos em algum lugar. Além do que, Atta provavelmente não se moveria depois da surra que levou das nádegas gigantes, e se o fizesse seria incapaz de descer até o chão em seu estado. Em outras palavras Não havia qualquer risco para os caprichos de Flávia.







Alguns minutos antes, enquanto Lonomia ainda esforçava-se para subir os consecutivos degraus enormes, seu empenho viu-se ameaçado. Ocorre que enquanto escalava o guincho preso aos balaústre de ferro a menina sentiu uma distante porém potente vibração ecoar vindo diretamente de cima. Ela não demorou a entender que um dos residentes do sobrado resolvera descer a escada, e que seus passos despreocupados eram os responsáveis pelas trepidações da estrutura de metal. Lonomia então diminuiu seu afinco e decidiu esperar a turbulência passar, mesmo porque queria saber a quem pertenciam os passos ecoantes que abalavam seu mundo ameaçando desfazer quaisquer progressos obtidos até então.


Por fim um par de pés imensos passou a ser visto descendo pela escada, a cada avanço os tremores vibravam mais e mais os pisos de metal. Lonomia olhou para o alto e percebeu se tratar do homem, aquele a quem Persgu solicitou que mantivesse distância. Ela realmente queria entender o porquê, entretanto não estava nos planos prejudicar seu escasso avanço e muito menos por-se a frente dos sapatos de qualquer gigante. Então a minúscula ruiva apenas segurou-se firme em seu cabo esperando que o colossal ser terminasse sua descida.


Apesar de tudo Lonomia não preveria que quando finalmente o pé de Solano tocasse o piso onde seu gancho estava engatado causaria tamanha vibração que levaria-o a soltar-se repentinamente. E com isso a minúscula soldado foi mandada para baixo antes mesmo de perceber a causa de sua queda. Ela mau pôde reagir, seu guincho estava desengatado e o cabo escorregou deformando-se bruscamente no meio do ar. A única coisa que Lonomia conseguiu fazer em meio a sua queda foi tentar sacar o paraquedas, em sua costa, mas o rifle reserva - para Atta - impediu que ela puxasse o cabo que o abriria, e se não bastasse, com a tentativa a menina acabou arrancando a arma e a derrubando em algum ponto da escada, enquanto ela própria continuava a cair.


Lonomia despencou no ar por alguns segundos até que finalmente sua perna colidiu com o piso de um degrau inferior e desviou sua queda levemente para o lado. Ela ainda estava em baixo da escada e caiu em cima de outra coisa que se encontrava muito abaixo da estrutura. Lonomia se viu deitada de costas sobre uma superfície macia, mesmo cheirosa, mas estranhamente restritiva. Ela se viu presa sobre as incontáveis madeixas negras de Vera, quem permanecia indiferente a minúscula presença em seu cabelo.


Vera continuava cuidando de suas unhas enquanto assistia a televisão, estando em casa ela já não mais usava o visual característico de baiana. Em vez disso seus cabelos estavam soltos, eles não eram tão longos quanto os da filha mas também eram bem crespos e volumosos, perfeitos para parar em segurança a queda de uma possível miniatura de gente que tivesse a sorte ou o azar de despencar em sua cabeça. Quanto a roupa, a mulher vestia uma saia quase até o joelho com estampa florida e uma camisa de mangas curtas xadrez cobrindo sua barriga. Ela estava descalça pois seus pés estavam na bacia de água, mas ao lado da bacia seus tamancos esperavam pelo momento em que seriam novamente utilizados. Os tamancos de madeira com alça de pano eram tão grandes e robustos que para Lonomia poderiam ser viaturas blindadas. 


Quanto a Lonomia, ela não demorou a perceber qual era seu novo paradeiro. Então pensou não tão aliviada quanto gostaria, ** pois é... Cedo ou tarde eu tinha que vir parar no corpo de um desses gigantes...** , logo ela levantou seu torso e percebeu que estava presa entre as grossas mechas de cabelo da giganta. Além disso agora que a adrenalina começava a diminuir em seu corpo, Lonomia sentiu a dor da colisão de sua perna contra o piso da escada que desviou sua queda. Ela tentou esfregar o joelho mas seu braço estava preso e não alcançou a perna. Com isso a garota bufou frustrada com a situação.


Foi só então que Lonomia percebeu a voz de Solano conversando com a esposa. Ela não estava particularmente interessada na vida do casal, mas presa na cabeça de Vera, em um ponto cego aos olhos do marido dela, foi incapaz a menina de evitar se familiarizar com o diálogo do casal. Começou com Vera questionando o homem, ** Mor, onde cê vai a essa hora vestido assim?**, Solano estava de colete e calça social, além de sapatos compatíveis. O homem tinha cabelos pretos e barba não muito espessa, usava óculos e tinha pouco mais de 1,80m. Ele disse em tom afável, **um dos meus alunos pediu para eu encontrá-lo, parece que ele conseguiu uma licença para um projeto e precisa da minha ajuda para começar a organizar**, **oxente, mas tem que começar hoje?**, indagou em resposta a esposa.


O homem acariciou a cabeça da esposa, roçando levemente Lonomia mas não por tempo o suficiente para senti-la, apenas para atordoa-la e jogá-la em outro canto da imensa cabeleira. Então em um sorriso gentil Solano falou para a esposa, **Amor, é importante... Senão ele teria esperado até amanhã.**, a mulher encarou o cônjuge com um olho aberto e outro fechado enquanto dizia deixando claro seu aborrecimento, **sei... E onde é que tu vai encontrar ele?**, encabulado o marido recua e enquanto sorri explica na defensiva, **bom... ele está me esperando no boteco do França...**,


Mesmo presa no emaranhado de cabelos da giganta Lonomia lembrou-se de ter visto esse nome antes, na verdade ela havia lido isso num letreiro imenso quando esteve no beco onde Aedes encontrou seu fim. Foi no momento em que ela encarava a fachada do bar, pouco antes da discussão com o finado companheiro. Ela lembrou-se ainda que o sargento tinha uma missão do coronel lá, cujos detalhes ela não sabia. Ela sabia que Persgu terminara a dita missão pois ficou um tempo esperando o sargento junto a Blastius, mas quando ele voltou apenas disse que a missão estava cumprida sem dar detalhes do que se tratava. talvez a menina tivesse batido a cabeça em sua queda, ou talvez o cheiro dos cabelos de Vera estivessem a deixando maluca, porém tudo parecia indicar que Persgu conhecia esse homem.


Solano, conseguiu convencer a esposa a deixá-lo ir, com a condição de que teria de comprar um maço de cigarros para a mulher. Vera voltou a trabalhar em suas unhas indiferente aos esforços de Lonomia para se livrar de seus cachos. Os cabelos eram tão volumosos e fortes que sua dona permaneceu insensível mesmo quando a minúscula criatura começou a escabujar desesperada para se livrar da armadilha. Gritando e se debatendo a menina afinal conseguiu desatar parte de seus membros, apenas para perceber que o volume do cabelo estava longe de ser um chão sólido.


Ela caiu, embrenhado-se por mais e mais cachos até que quase atravessou a cabeleireira de Vera em direção ao sofá, porém antes de uma queda real a garota segurou-se firmemente num tubo de cachos negros. Ela ficou pendurada, pendendo na cabeça de Vera enquanto podia analisar o ambiente. A mulher seguia sentada, movimentando seus monumentais braços para executar uma atividade que Lonomia era incapaz de ver. Abaixo a menininha via a almofada do sofá, deformada pelo incalculável peso da giganta que aliás era gordinha. Atrás a costa do sofá parecia uma muralha intransponível e a frente todo o horizonte da sala era uma planície escura com apenas a televisão emitindo luz.


Lonomia estava já bem cansada, ela perdeu seu progresso e seus companheiros pareciam mais distantes do que nunca. Se ela saltasse na almofada por certo sobreviveria, mas poderia quicar e cair no chão duro. Ou mesmo ser surpreendida por um movimento brusco das titânicas ancas da mãe de Flávia. Saltar em resumo era uma opção pouco promissora, mas Lonomia não gostaria de voltar a escalar a densa floresta negra da giganta. Ela estava usando os dois braços para se manter suspensa, logo seus músculos cederiam e voluntariamente ou não ela teria que descer da fortaleza viva.


Lonomia se preparava para pular, se era inevitável descer que fosse com cautela, com um alvo traçado e uma maior chance de aterrissar em segurança. Então a ruiva suspirou, olhou bem o ponto em que se jogaria ao deixar a segurança dos cabelos da mulher, e soltou as mãos. Soltou, porém não antes de Vera deslocar seu corpo e desviar a rota da pequenina. Ocorreu que a mulher se levantou, balançando seus cachos bruscamente e fazendo-a cair muito longe do ponto desejado. Em vez de cair no sofá e rolar para se estabilizar no solo, Lonomia despencou velozmente sem ver para onde ia e quando finalmente sua queda terminou ela foi envolvida por água em todos os lados. Ela caiu na bacia onde outrora os pés de Vera relaxavam. 


Vera levantou-se pois a novela entrou nos comerciais, possibilitando que ela fosse a cozinha beber café. Ela estava absolutamente alheia a pequenina, e nem viu que a derrubou na bacia de água. Como ela devolveria os pés para a bacia ao voltar, não se deu ao trabalho de calçar os tamanhos para locomover-se pela casa. Seus passos ecoantes logo desapareceram no outro cômodo, deixando a diminuta militar boiando afoita na tigela de plástico.

Lonomia felizmente sabia nadar, Atta não teria tido tanta sorte. Ainda assim ter caído bruscamente de tão alto e com sua perna inchada da última queda, fez com que ela tivesse dificuldades para emergir. Mas tão logo conseguiu ela gritou incontáveis palavrões, revoltada por estar retrocedendo cada vez mais em sua busca supostamente heróica. Ela estava mais uma vez molhada, pelo menos dessa vez não era por cerveja. Aliás a única vantagem de ter caído nessa bacia de água morna é que a camada de cerveja que secara em sua pele e roupas logo seria dissolvida e carrega para fora de seu corpo, removendo com isso o cheiro nauseabundo. 

Por outro lado Lonomia não imaginava como faria para sair dessa piscina, mesmo nadando até as bordas a bacia era muito grande e por ser lisa não seria possível escalá-la. Ela poderia tentar usar sua faca para agarrar a superfície de plástico, mas só com uma seria impossível efetivamente escalar. Então encharcada a ruiva resmungou mais um pouco. Seu equipamento estava molhado, o que significa que teria problemas se precisasse valer-se dele, e tudo parecia indicar que precisaria. 

Não demorou para que ecos distantes logo criassem trepidações na superfície da água onde Lonomia estava boiando, ela sabia que era vera se aproximando, não sabia todavia como reagir. Em sua posição a menina estaria a mercê da giganta caso essa a encontrasse. Ela imergiu, a água era clara mas no mínimo a garotinha queria esconder o rosto, pois se do alto de seus aparentes 41 metros a baiana visse seu corpinho, seria menos problemático se o tomasse por um inseto do que se percebesse tratar-se de uma pessoa em miniatura. No mínimo Lonomia foi levada por seus superiores a acreditar nisso.

Os passos sísmicos de Vera logo ressoaram tão alto que Lonomia nem precisou olhar para cima para perceber que a mulher estava logo a frente da bacia, e em um segundo ela pousou um dos pés suavemente no líquido do recipiente. Isso é, suavemente para ela, pois apenas um de seus pezinhos gordos foi o suficiente para chacoalhar todo o ambiente e jogar a menina violentamente para os cantos da bacia enquanto tentava não se afogar. Processo que repetiu-se inevitavelmente quando o outro pé negro precipitou-se na água ignorando qualquer convidado. Aliás, por muito pouco a sola esbranquiçada da baiana não acabou pousando bem em cima da pobre garota, quem conseguiu nadar afobada para longe da plataforma antes que a giganta voltasse a relaxar em sua posição original.

Finalmente as águas pareceram ter se acalmado, Lonomia estava num canto do recipiente, atrás do pé esquerdo da mulher. Ela olhou para o imenso calcanhar dela, seu tornozelo robusto, seus artelhos pesados. Era assombroso pensar que por pouco ela, uma guerreira astuta e habilidosa, não acabou achatada contra o simples pé de uma civil, que aliás gorda e com quase 40  anos seria facilmente derrotada caso tivessem a mesma proporção. Esse pensamento, a ideia de ser inferior a alguém que ela venceria em outras circunstâncias, era extremamente humilhante para a adolescente que passou os últimos 5 anos treinando dedicadamente para ser a melhor soldado possível. Assim como Atta Lonomia também treinou com Gairu quando este era capitão, e se sua amiga tinha a melhor mira ela era a melhor em combate físico. Era inadmissível morrer ali, numa tigela de água aos pés de uma mulher qualquer.

Com isso em mente, a pequenina suspirou e decidiu usar a única rota de fuga para fora da bacia, os pés de Vera. Ela naturalmente não gostaria de ter de recorrer a isso, mesmo porque Lonomia preferia evitar usar o corpo de uma giganta como espaço geográfico; porém não haveria solução, já que as paredes da bacia eram intransponíveis para ela. Com isso em mente a menina nadou até o pé da mulher adulta, o qual já tinha uma parte considerável imersa, o que facilitou para Lonomia que não precisou interagir com seus dedos. Ela nadou até o dorso do pé de Vera e o usou como plataforma assim que atingiu a área fora do líquido. 

Em seguida Lonomia andou suavemente até o tornozelo da giganta e meio hesitante decidiu abraça-lo, para escalar. Ela queria evitar que a dona deste pé notasse sua presença, então decidiu não agarrar a pele dela entre seus minúsculos dedos. Em vez disso subiria como se fosse em uma árvore, uma árvore grossa, quente e infelizmente sensível a cada uma das saliências microscópicas roçando em sua pele. 

Lonomia mau pôde chegar na canela de Vera sem que ela notasse algo molhado rastejando em sua perna, o que rapidamente chamou sua atenção, fazendo-a erguer a o membro inferior abalando o corpo da minúscula alpinista. Lonomia segurou-se mais firme, mas quando a mulher a viu em sua canela ela gritou terrivelmente apavorada. Chacoalhando a perna violentamente contra o ar na tentativa de arremessar para longe a estranha criatura que se atreveu a escalar seu corpo.

**Odeio, isso!** Gritou ela ainda atônita, **por que insetos tem que ficar encostando na gente?**, ela então procurou no chão a minúscula criatura, mas encontrou a menininha jogada em cima da mesa de centro. Um novo grito foi audível quando Vera deu um tapa em direção a Lonomia, que mau conseguiu rolar para o lado. O golpe com tanta violência quase arrancou uma porção de seu corpo. Lonomia estava ainda abalada com a queda, mas precisava recuperar sua compostura ou seria esmagada como um inseto por essa mulher medrosa. 

A menina então pegou em seu fuzil de assalto, até então desconsiderado mas sempre presente em sua bandoleira, e mirou na giganta assustada que se preparava para dar outro tapa. Porém a rajada de chumbo nunca saiu, o fuzil estava tão molhado que foi incapaz de disparar senão um único projétil sem energia para percorrer o ar. Então a mão imensa de Vera não foi parada e logo acabou esparramada sobre a mesa.

Mas era cedo para Lonomia desistir, quando seu fuzil mostrou-se inoperante a menina logo percebeu que a giganta não desviaria seu golpe, então ela rolou no último segundo e quando a mão de Vera espalmou-se na mesinha de madeira, a pequenina ousou subir nela e correr desajeitadamente por seu antebraço, apenas para cair quando a ponte arredondada ficou instável demais para se caminhar. Ela caiu em direção ao torso da mulher, então se agarrou a camisa dela e para o desespero de Vera continuou lá. Lonomia estava desorientada e tudo que queria no momento era chegar ao chão em segurança, o que não foi possível pois ao ver esse inseto esquisito em sua roupa, a adulta agiu feito criança e começou a debater-se no meio da sala de um lado para o outro chegando ao cúmulo de arrancar sua camisa e arremessá-la para cima. Por sorte ou azar, Lonomia foi junto com ela e voltou para a escada, de onde nunca desejou ter saído. 

Vera olhou para o chão procurando o inseto, sem percebê-lo em lugar algum ela tratou de vestir seus tamancos e disse, mesmo sem saber que o "inseto" que procurava era racional, **Aparece agora, desgramado! Aparece pra ver o que eu faço com você!**, ela então pisou forte no chão com seu tamanco deixando claro suas intenções. No meio do agito Vera havia derrubado a bacia de água no chão e isso a enfureceu, pois agora sua pedicure acabaria sendo atrasada ou mesmo adiada. Ela então olhou para a escada, em direção a sua blusa.

Quando Lonomia caiu na escada, ela continuava profundamente desorientada. O tecido da blusa aliviou sua queda, mas ela estava esgotada com todo o esforço desempenhado, sem falar que quase morreu, duas, três, ou teriam sido quatro vezes? Ela já nem sabia, só sabia que estava terrivelmente irritada com a situação, podia até mesmo dizer que estava "puta com isso", e como se o destino quisesse lhe testar, Lonomia caiu coincidentemente no degrau onde outrora derrubara o rifle de reserva que pretendia dar a Atta. Essa arma não caiu com ela na bacia de água, logo estava perfeitamente funcional, ainda que fosse mais lenta que seu fuzil de assalto.

Aliás, Lonomia só não perdeu seu bornal e bandoleira durante as muitas quedas que tivera hoje porque a mochila do paraquedas ajudava a manter as alças nos lugares. Do contrário ela estaria ainda menos provida de seus equipamentos táticos. Em todo caso Lonomia ainda não sabia como superar a escada, afinal seu guincho estava muito acima , em um dos pisos superiores, ela poderia tentar escalar cada balaústre individualmente, seria mais demorado mas ela ainda era o único resgate de Atta e Padius. Então Lonomia pegou o rifle, prendeu ele na mochila do paraquedas e começou a rastejar por um balaústre de ferro. Ela iria simplesmente ignorar a mulher que quase acabou de matá-la ironicamente por ter "medo" dela. Isso era ridículo, mas Lonomia não podia perder mais tempo com Vera.

Todavia o destino, como dito era cruel, e quando Lonomia estava subindo o balaústre ela ouviu a mulher provocando-a. Ela ouviu Vera dizendo, **aparece pra ver o que eu faço com você**, e isso incorporou o ódio que a pequenina já sentia por tudo que passou até agora, fazendo-a decidir agir de forma absolutamente irracional. Lonomia mau atingiu o piso do degrau de cima e acabou virando-se em direção a titânica forma escura da mulher, coincidentemente no exato momento em que a mesma olhou para a blusa na escada. Era o momento perfeito para a vingança da pequenina. 

Por seu volume reduzido Lonomia demoraria a ser percebida pela giganta, quem olhava para a blusa e mau notou uma figura pequena e verde no degrau logo a cima. Foi nesse instante que uma faísca piscou na escada e um segundo depois Vera sentiu seu olho ser picado por um inseto invisível. A mulher então deu o maior dos brados até agora. Gritando e desferindo palavrões gratuitamente enquanto calcava ferozmente o piso da sala com seus tamancos de madeira. Essa manifestação de raiva foi o suficiente para Lonomia se julgar satisfeita por tudo que passou para essa mulher. A pequenina só não esperava que o agito violento da mulher atraísse outro colossal.

Novamente as escadas tremiam, Lonomia fez uma careta magoada pois da última vez que isso aconteceu ela foi arremessada para baixo, dessa vez tinha que ser diferente, então mesmo correndo o risco de ser esbaratada a menina esperou no piso da escada por qualquer que fosse o titã que descia abalando seu mundo.  Para a sorte da menina quem vinha era a menor dos gigantes da casa, Aghata, que desceu correndo a escada para acudir a mãe. 

Os passos descuidados mas extremamente letais da criança de 4 anos ecoaram por cada degrau enquanto ameaçava suplantar a jovem militar a qualquer momento. Mas Lonomia estava decidida a não esperar nos cantos, até porque se ela caísse desse ponto da escada não teria nada lá embaixo dessa vez para aliviar sua queda. Por sorte não demorou para que o relativamente pequeno pé da criança pousasse no piso onde ela esperava, e apesar do impacto abalar a compostura da pequenina ela pôde manter-se firme na plataforma. Permitindo-se abaixar-se para um breve descanso após a montanha viva terminar sua passagem.

**Mãe! Mãe! Que foi...?** , indagou a criancinha desesperada ao ver a mãe cobrir o olho de forma análoga ao que ela mesmo fizera mais cedo. Vera olhou para filha com o olho intacto, olhou o tapa olho da criança e lamentou muito. Agora ela sabia que inseto era o culpado pela picada, só não entendia porque esse bichinho esquisito atacava os olhos em vez da pele, como normalmente fariam aranhas ou marimbondos. 

**Chama sua irmã**, ordenou Vera em prantos, **maeh mãe...** Bulbuciou a criança em seu dialeto infantil, **eia tá toman banho...**, **chama logo!**, gritou a progenitora, descontrolada pela dor e a frustração. A menina ficou meio assustada, mas resolveu voltar para a escada, rumo ao banheiro onde Flávia abluia-se ainda.

Lonomia ouviu a conversa entre mãe e filha, então logo raciocinou e percebeu que tinha em mãos uma excelente oportunidade. Assim que Flávia descesse todos os gigantes estariam no andar de baixo, permitindo que ela procurasse Atta com tranquilidade. Então ela precisava aproveitar essa chance, o que fez com que a mocinha decidisse pegar carona na colossal criança assim que ela voltou a subir a escada. Lonomia esperou no piso até ver os cabelos da menina surgirem no horizonte de metal como um sol nascendo, então ela correu e saltou na cabeça da criança, agarrado-se aos cabelos dela como um grilo. A menina estava tão ocupada em sua diligência que não notou o "bichinho" em sua cabeça.

Finalmente Lonomia viu a escada se tornar uma mera lembrança, em algumas dezenas de passos mesmo uma criança pequena como Ághata superou o trajeto que ela passou  o que já pareciam horas tentando transpor. Lonomia viu a escada terminar e um novo mundo se abrir. Um corredor iluminado com vasos de plantas separavam três portas, duas contrapostas e uma no meio, a do banheiro. A criança foi bater na porta para chamar sua irmã.

Assim a pequena soldado tratou de se movimentar, os cabelos de Aghata eram grossos e fortes, mas para a graça da pequenina eles estavam puxados para os lados e presos no penteado "maria-chiquinha". Isso permitiu que a minúscula garota descesse confortavelmente por trás da cabeça da irmã de Flávia, ela pôde se mover pela costa dela e estava já agarrada em sua calça quando finalmente a porta do banheiro se abriu.

**Que foi, nenê?**, perguntou Flávia amavelmente, Aghata explicou que a mãe teve o olho picado por um inseto e precisava de ajuda. Ao ouvir isso a mulata arregalou os olhos e olhou perplexa para seu quarto. A porta estava fechada, ela olhou para sua irmã. Lonomia estava em um ponto cego, pendurada no bolso de trás da criança. Flávia perguntou, **mas como? Você viu o bichinho?**. A criança negou, Flávia suspeitava que provavelmente se tratava de algum pequenino e não de um legítimo inseto, mas não queria considerar a possibilidade de Atta ou Padius terem chegado até o andar de baixo. Ao passo que nunca passou por sua cabeça que poderiam haver outros pequeninos em sua casa. 

Sorrindo Flávia saiu do banheiro de toalha e foi até seu quarto, ela queria conferir se um de seus prisioneiros havia escapado e ousado machucar sua família novamente. Ágatha por sua vez não entendeu e insistiu em apressá-la, afinal sua mãe não tinha tempo a perder. A mulata abriu a porta do quarto enquanto sua irmã esperava no corredor, a essa altura a pequenina já havia alcançado o chão e logo se escondeu atrás de um vaso. Lonomia assistiu a pequena giganta apressar sua irmã, e insistiu tanto a criança que Flávia mau entrou no quarto e já saiu.

Flávia esteve em seu quarto por meros segundos, o suficiente para ver os dois cativos jazendo inertes no lugar em que foram deixados. Ela saiu do quarto apressada por sua irmã, e enquanto fechava novamente a porta do aposento ela olhava para o rosto aflito de Aghata, e por conta disso desconsiderou o minúsculo vulto verde passando ligeiramente no chão rumo a fenda que logo se fechou. Ao fechar a porta Flávia foi acudir a mãe, ela pensou em passar no banheiro no mínimo para pegar sua calcinha ou camisola, mas Ágatha insistiu que ela já enrolou demais.

Com isso finalmente a desventurada Lonomia se viu no quarto de Flávia, agora ela mesma presa, pois que a porta foi fechada. Lonomia vagou pelo enorme assoalho de madeira, sem saber onde estariam seus amigos. Ela não podia ver a faceta dos móveis ou a superfície da cama então restava apelar para a forma mais primitiva de achar alguém. **Atta! Atta!** , Ela gritou, **Padius! Atta! Tem alguém aqui?**

Lonomia abaixou a cabeça, ela não gostaria de ser vista assim, não queria admitir mas estava com medo do futuro. Se demorasse muito logo a moça gigante voltaria, e se ela fosse vista não apenas falharia em seu resgate, como também poderia acabar sendo capturada. Era uma questão de tempo, mas Lonomia sabia que os dois deveriam estar aqui, já que Flávia não poderia está-los carregando. Mesmo se demorasse ela iria procurar.

Foi nesse instante que a Providência sorriu para ela, eis que Atta havia ouvido seu chamado, e embora a menina loira estivesse ainda fraca por conta de todo o assédio sofrido anteriormente, ela reuniu forças e tacou o bornal de Padius no chão. Lonomia viu a bolsa caindo do imenso criado mudo e deduziu que algum de seus companheiros estaria lá. E assim como outrora Atta o fizera, a jovem soldado escalou o móvel. Sua determinação uma vez mais se ascendeu, seu afinco se revigorou e em poucos minutos a adolescente atingiu a faceta de madeira. 


Lonomia não era uma pessoa muito boa em expressar sentimentos, mas não pôde deixar de sentir-se abalada quando ao atingir o topo do criado mudo encontrou o corpo de Atta num estado lamentável. A menina estava despida, inchada e profundamente derrotada. Padius dormia mais ao longe, sobre um livro. Comparado a Atta ele parecia inviolado, o que deixou a ruiva desconfortável. Parecia que sua amiga foi a única vítima da giganta. Em todo caso ela precisava de ajuda, era hora de tirar a menina de lá e retornarem para o acampamento.


Continua...


End Notes:
Obrigada por terem lido!  O que será que Persgu está escondendo? Como será que Flávia vai reagir quando voltar para seu quarto? Logo descobriremos!😉
Chapter 8 by Barbarizando
Author's Notes:

Desculpe a todos que esperaram ansiosos por esse momento! Aqui está a conclusão do épico resgate de Lonomia, espero que gostem apesar de que provavelmente esse capítulo não será um dos mais fetichistas até agora...😅

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Quando Lonomia viu o corpo inerte de Atta jogado sobre o rústico piso de madeira que se fazia aos pequeninos a faceta do criado mudo, ela não conseguiu acreditar no que estava bem a sua frente. A menina valente que treinou ao seu lado, orientadas pelo então capitão Gairu, ora se via como um espectro desvalido. Essa imagem revoltante encheu o coração de Lonomia de ira e a pequenina decidiu que logo que sua amiga estivesse em segurança a pessoa responsável por isso deveria pagar.


**Como você está?** Perguntou a ruiva ao perceber que os olhos cansados da amiga a encaravam, ao que a menina respondeu tentando sugerir um sorriso, **melhor agora...**, Lonomia não se considerava boa para consolar. Ela era fria, era apenas o que ela era ainda que não por malícia ou indiferença. Ela se sentia abalada, mas era péssima em demostrar tristeza e por isso não chorou ainda que vontade não lhe faltasse. Atta era mais que uma amiga e certamente vê-la assim a deixou profundamente triste... E culpada.


Lonomia então pegou em seu bornal um kit de primeiros socorros. Ela havia se prevenido pegando um dos pacotes que outrora estavam no caminhão e cujo resto o sargento levou consigo no jipe de Atta e Padius. Porém seu medicamento mau possibilitaria começar a tratar das sequelas da amiga, pois que por toda a extensão da pele da adolescente os hematomas apresentavam-se em puro roxo e vermelho. Era desesperador, Lonomia sequer era boa em enfermagem. Ela realmente queria chorar ao ver que sua ajuda pouco mudaria, ela chegou tarde, a culpa a consumia pois se tivesse chegado antes. Antes quando falara com Atta pelo rádio, provavelmente teria a resgatado sem que sua integridade fosse violada.


**Acalme-se...** Bulbuciou Atta enquanto erguia seu torso, **não... não se mexa...**, recomendou Lonomia, mas a menina olhou para ela bem nos olhos e tentou transmitir confiança apesar de todo o contexto nebuloso em que encontravam-se. **Eu vou ficar bem... Nossa prioridade... Deve ser sair daqui...**, Lonomia então olhou perplexa para a amiga e sem ter certeza de que palavras usar apenas tentou apelar para a lógica mais pragmática possível, **, Atta... Você não vai conseguir assim... Eu preciso cuidar de você primeiro.**, **mas se ficarmos aqui... Ela vai voltar...**, argumentou Atta. 


Ambas estavam certas, não havia tempo para indecisões, logo Flávia voltaria e se Lonomia estivesse exposta poderia ser capturada e toda a esperança que ela atreveu-se a representar estaria perdida. Era preciso agir, eis a certeza, então com ajuda da própria Atta a ruiva pôde dar-lhe os primeiros socorros na tentativa de diminuir o inchaço de sua pele e sobretudo cobrir as lesões mais severas. Atta acabou por ficar toda enfaixada, pois toda a extensão de seu corpo carecia de cuidados. 


Quando Lonomia terminou de colar as últimas faixas na amiga, deu atenção ao fato de que ela estava nua, então perguntou encarecida, **Atta, o que aquele monstro fez com você?**, a menina loira então desviou o olhar e segurou seu pranto. Seu rosto não estava todo encoberto, Lonomia amarrou uma faixa na testa dela e pôs alguns curativos em áreas de contusão mas era possível ver claramente as iris azuis contracenarem com escleróticas vermelhas. Atta mantinha seu cabelo solto e ainda não havia se levantado.


**Ela... **, começou a explicar a menina em meio ao pranto e a dor ainda ativa em seu corpo. **Ela arrancou... Minha farda e... Ela me... Ela... ** Suas palavras estavam tão ininteligíveis que Lonomia acreditou ser melhor perguntar depois. Ela arrancou seu casaco, usou-o para cobrir a amiga e ajudou-a a levantar. **, não se preocupe... Meu bem, eu vou te tirar daqui**. Então Atta apoiada sobre Lonomia caminhou até Padius e a ruiva o acordou com um insensível pontapé na coxa. O rapaz acordou gritando com a dor do golpe.


**Caramba! ** Então olhou para cima e reconheceu Lonomia, **, Por que fez isso?**, só então ele percebeu Atta ao lado dela e espantou-se ao ver o estado em que a garota se encontrava. **Foi mau, bela adormecida, temos que ir**, respondeu Lonomia enquanto o rapaz ainda incrédulo se levantava e tentava entender o que aconteceu. **Atta?** Perguntou ele, **,isso tudo foi...?**, a menina mais jovem acenou confirmando antes mesmo que Padius terminasse sua oração, porém ele nunca terminaria uma vez que Lonomia o interrompeu agressivamente, **não temos tempo para isso! **, disse ela, **logo vamos ter companhia então vamos sair daqui!**


Padius ficou levemente aborrecido pela interrupção sofrida, mas era sensato o suficiente para entender que Lonomia tinha razão. Ele recordou-se de Flávia, de sua imensurável estatura e do poder que ela emanava sobre ele. O mesmo poder que aparentemente fez a implacável soldado Atta se tornar uma forma patética e quase moribunda. Mas se Flávia detinha todo esse poder por que não se valeu disso contra ele? Por que Atta parecia um fantasma enquanto ele só se lembrava de ter sido embalado por ela até dormir? Era estranho, contraditório até. Padius não sabia o que pensar mas não era hora para distrair-se com esses pensamentos.


Valendo-se do paraquedas Lonomia saltou com Atta até o chão. Padius estava em boa forma e poderia escalar pelas saliências e sulcos da medeira que compunha as laterais do criado mudo. Então ele atingiu o soalho um pouco mais tarde, a tempo todavia de encontrar a ruiva dobrando o paraquedas a fim de reutilizá-lo. Os três então se viam bem a frente do móvel, ao lado da cama box de Flávia. Eles precisavam de um plano e o que Lonomia tinha em mente era, **no momento todos os três gigantes estão lá embaixo. Nossa melhor opção é sair até aquela varanda e saltar de lá**, porém Atta e Padius estavam bem pouco familiarizados com a situação de seu paradeiro. De um lado eles mau recordavam-se de como era o imenso edifício por fora e de outro também não sabiam sobre o número total de gigantes na casa. 


Não demorou porém para Lonomia atualizá-los sobre Vera, Ágatha e Flávia, além do ausente Solano. Enquanto caminhavam pelo chão até a porta da sacada a menina ruiva contou da forma mais objetiva possível os eventos que lhe sucederam no andar de baixo e o porquê de Flávia estar ausente. Teorizou que provavelmente a mulata encontrou dificuldade em tratar do olho da mãe e quando finalmente o fez acabou por despender tempo dando-lhe atenção. Flávia não teria motivos para ter pressa em retornar ao seu quarto, somente por isso poderia ela explicar o fato de que os pequeninos puderam alcançar a porta da varanda sem que a giganta se mostrasse um obstáculo ativo.


Ao alcançarem a porta essa estava fechada, porém ela era cheia de janelinhas de vidro, e a mais baixa estava na altura de um muro residencial para os minúsculos militares. Lonomia sabia que provavelmente seu fuzil ainda não estava operante, o de Padius foi deixado no jipe e o de Atta literalmente explodiu, o que chocou Lonomia quando ela descobriu. Como as coisas de Atta ficaram na colossal cama de Flávia no momento ela não dispunha nem de sua pistola. Felizmente Lonomia ainda tinha o rifle de repetição, inicialmente trazido para Atta mas que ora já não mais por ela poderia ser usado, uma vez que suas mãos estavam inoperantes no momento. Os tiros do rifle de repetição não atravessariam esse vidro facilmente, seriam necessários incontáveis projéteis e muito tempo para abrir na parede de cristal um caminho semelhante aquele feito na janela da sala.


**Você não tem granadas?** Perguntou Padius, ao que Lonomia respondeu, **Que saco, eu nunca precisei dessa merda antes!**, **sempre tem uma primeira vez**, concluiu o rapaz num sorriso modesto, o que aborreceu a ruiva que já estava com os nervos a flor da pele, **que merda! **, ela gritou furiosa. Atta porém tentou acalmá-la, **, Não fica assim, Lonomia... Agora o sargento sabe onde estamos, ele vai mandar um helicóptero!**, Lonomia olhou para os olhos calmos de Atta e sentiu honestidade em suas palavras. Mesmo estropiada a menina mantinha a convicção de que sairiam dessa enrascada. Era pois ilógico que ela, aquela que viera a fim de ser o resgate, perdesse a calma numa situação dessas. Com isso a ruiva apenas suspirou e disse, **Tem razão... O sargento deve estar agindo, vamos nos esconder e...


Todavia agora Lonomia foi quem teve sua oração interrompida, não pela enferma Atta ou pelo outrora assustado Padius, mas pelo rugido das dobradiças da porta ecoando no distante canto do quarto enquanto anunciava a chegada de uma criatura colossal. Flávia se projetou na porta no auge de seus 42 metros pisando no soalho e criando tremores que os pequeninos podiam sentir mesmo estando a uma distância que para eles correspondia a 100 metros. A imensa forma da mulata estava com expressão zangada e já não encontrava-se mais nua, o que poderia explicar parcialmente a razão pela qual os pequeninos tiveram tanto tempo para agir.


Por algum capricho do destino a porta para a sacada também era adornada com cortinas avermelhadas em ambos os lados, o que levou Lonomia a esconder-se com Atta ainda nos braços atrás dela. Padius naturalmente foi junto, mas ele olhou vagarosamente para a imensa forma de Flávia, assistiu sua reação espantada quando não os viu na faceta do móvel onde os deixara. Viu quando ela pisou ferozmente no chão criando um tremor que ele sentiu mesmo estando tão longe. O rapazinho enfiou-se atrás do tecido vermelho mas o medo que outrora sentia já não se manifestava da mesma forma, o que era perigosamente problemático.


**Seus vermizinhos!** Gritou Flávia controlando-se o suficiente para ter certeza que sua mãe não ouviria. Após ter feito um curativo em vera com os mesmos medicamentos adquiridos para tratar a irmã, Flávia pediu que a mãe fosse descansar no quarto. Ela esperou junto a mãe até que Aghata dormisse e quando a criança pegou no sono e mãe já estava melhor, Flávia tentou tirar alguma informação da progenitora. Vera infelizmente não prestara atenção o suficiente na minúscula peste que a atacou, então pouco pode oferecer a filha, no entanto a simples confirmação de que foi um inseto verde e nunca antes visto foi o suficiente para Flávia suspeitar que haveria sido um pequenino o responsável. E ao retornar ao seu quarto e constatar que seus prisioneiros não estavam mais sobre o criado mudo, a mulata pôde deduzir que teriam recebido ajuda, afinal naquele estado Atta não poderia ter descido sozinha.


Em todo caso Flávia tinha razões para crer que eles não poderiam estar longe, então tudo que ela precisaria fazer era encontrá-los novamente e, se necessário fosse, puni-los mais rigorosamente. A jovem era sensata o suficiente para deduzir que os homúnculos eram espertos o suficiente para não tentarem usar o mesmo esconderijo, mas justamente por isso ela precisava conferir embaixo da cama, pois sabia que eles poderiam acreditar que ela não suspeitaria de um esconderijo já usado. Então Flávia mas uma vez puxou a cama e não se surpreendeu quando não achou nada atrás dela. Pacientemente ela procuraria, as portas do quarto estavam fechadas tanto para o corredor quanto para a varanda, então ela teoricamente poderia até dormir sem se preocupar com a possibilidade de seus diminutos escravos escaparem.


Ela abaixou-se, novamente engatinhou pelo assoalho olhando pelas frestas sob cada móvel ao alcance de sua cabeça, ela não estava descrente quanto a possibilidade de encontrá-los, mas queria terminar isso o quanto antes, afinal era tarde e o sono aos poucos vinha lhe abraçar. E por consequência ela começou a aborrecer-se por ter que procurar seus rebeldes cativos, dessa vez eles precisavam de uma punição ainda pior, para entenderem que não deveriam tentar fugir de sua dona.


Enquanto Flávia se arrastava pelo chão nas proximidades da cama, no outro canto do quarto, não tão longe assim do corpo deitado da giganta, atrás das cortinas os pequeninos planejavam sua fuga. **Lonomia** perguntou Atta com sua voz ainda apática **você não consegue... entrar em contato com o sargento... pelo rádio?**, e a ruiva respondeu afável porém seriamente, **, não, meu rádio pifou quando caí na água...**, **o meu tava no bornal...**, lamentou Atta, pois seu equipamento parecia estar para sempre inacessível, quanto ao de Padius, estava em seu bornal, no chão próximo a área onde Flávia vasculhava a procura dos adolescentes em miniatura.


**Podemos pegar ele!**, disse Padius, porém Lonomia respondeu, **não compensa, mesmo com o rádio ainda precisaríamos esperar. Nossa melhor tática é não ser pego até o helicóptero aparecer**, **, tá, mas e se ele nem aparecer?, ** indagou o rapaz meio chateado por sentir que a ruiva estava indiferente a ele. **, Padius, se ele não aparecer nós vamos fugir pelo andar de baixo!**, **como? A porta daquele lado também tá fechada!**, Atta notou que o companheiro estava começando a gerar animosidade e isso geralmente não acabava bem com Lonomia, então ela tentou intervir, **Pessoal, não é hora para discutirmos...**, mas Padius já havia mostrado antes que era alguém capaz de se deixar levar a atos insensíveis quando assustado, então ele não deu ouvidos a Atta. Ele continuou, **é a hora perfeita para discutirmos! Eu não sei porque mas essa giganta doida não arrebentou comigo quando teve a chance! Olha para você Atta, se ela quisesse podia ter feito o mesmo comigo! Mas não fez!**. ,


Atta recuou assustada com a repentina mudança de humor do companheiro, enquanto Lonomia simplesmente franziu as sobrancelhas e avançou, só não o pegou pelo colarinho porque estava ocupada apoiando Atta. **Escuta aqui, ela não te arrebentou mas se você não calar a boca...!**, **você vai me bater?**, provocou o rapaz, **então vem! Vem! **,  Lonomia ficou irada mas Atta impediu que ela se aproximasse de Padius. A ruiva então olhou para a amiga e tentou se controlar, afinal não poderia comprometer seu resgate por uma discussão tola.

**Está bem, Padius**, disse Lonomia tentando simular simpatia, **se você insiste eu vou pegar o rádio. Cuide da Atta** , Mas Atta não gostou dessa ideia, enquanto Lonomia a punha no chão para que Padius a vigiasse a menina protestou alegando ser perigoso se aproximar de Flávia. Mas Lonomia saiu do esconderijo na cortina sem hesitar, apenas dizendo,  **é perigoso, e por isso  sou eu  quem precisa fazer isso**  , ela então saiu, Atta ficou aflita ao ver sua amiga arriscar-se aproximando-se do mesmo ser que a deixou nesse estado. Ela sabia que Lonomia era uma excelente soldado, mas também sabia que ela própria era considerada uma e se ainda assim foi submetida a tantas torturas e humilhações, teoricamente Lonomia poderia sim sofrer o mesmo apesar de sua fama.

A ruiva saiu de trás da cortina, olhou para frente e deparou-se com a imensa forma de Flávia abaixada sobre o soalho observando em baixo da cômoda, numa fresta tão pequena que para ver sob ela a mulata precisava colar seu rosto no chão e involuntariamente empinar suas nádegas para cima. Era uma postura que Lonomia considerava simplesmente ridícula, e pensar que um ser nessa posição era uma ameaça ativa era o suficiente para a adolescente sentir-se envergonhada de si mesma. 

Todavia ela não perderia tempo assistindo o imenso corpo negro de Flávia se movimentando desengonçadamente sobre o soalho, Lonomia precisava apressar-se e rapidamente adquirir um dos rádios. Ela sorrateiramente passou por baixo do imenso túnel que Flávia projetou com seu corpo de gatinho, as coxas grossas faziam-se paredes macias de carne a direita enquanto a imensa barriga era o teto desse túnel vivo, por fim os seios e pescoço faziam a parede da esquerda, já que a giganta estava com a cabeça abaixada. 

A pequenina não perdeu, no entanto, tempo admirando o corpo de Flávia. Lonomia logo passou pela giganta e avançou até o lugar onde lembrou de ter deixado o bornal de Padius arremessado por Atta. Em poucos minutos ela alcançou a faceta do criado mudo, mas não antes de sentir o chão tremer pelos movimentos do colosso engatinhando. Ela pensou em olhar para trás, mas não quis, se Flávia tivesse a visto por certo se manifestaria através da voz, então por ora poderia a militar seguir seu trajeto inabalavelmente.

Qual não foi a frustração da jovem ao ver que o bornal esquecido ali já não se via em qualquer lugar? É claro que não, por certo Flávia o pegou, estaria com ela? Teria algum ainda sobre a cama? Lonomia rangeu os dentes aborrecida, ela fez esse trajeto inutilmente, a menos que por ventura ela subisse a cama e lá ainda estivesse o rádio. Ou ela poderia simplesmente confiar em Persgu. Persgu foi quem sugeriu usar o helicóptero, ele sabia que ela entraria nessa casa e ainda entrou em contato com ela dando informações privilegiadas. Com certeza Persgu não deixaria de mandar um helicóptero ao resgate, já pareciam ter passado horas desde que Lonomia invadiu a casa dos gigantes, o que também significava que a essa altura o sargento já teria chegado ao acampamento e provavelmente já haveria um resgate aéreo a caminho.

Lonomia decidiu dar um voto de confiança para Persgu, subir a cama seria laborioso e ainda assim inútil . Quando o helicóptero estivesse perto os pequeninos achariam um jeito de avisá-los de sua posição, até lá a prioridade deveria ser manter Atta segura, e já estava Lonomia considerando voltar até sua amiga quando ela ouviu a voz ecoante de Flávia bradar porém não furiosamente, **, Henrique!**

Num primeiro momento ela pensou que outro gigante entrou no quarto, então procurou abrigo de baixo da cama, mas ao olhar para a porta colossal constatou que ela seguia fechada. Então Lonomia saiu de seu esconderijo e olhando para o horizonte vou Flávia sentada com as pernas dobradas sobre o soalho sorrindo para o minúsculo Padius em sua mão, o qual parecia tímido, nervoso, mas definitivamente não em pânico. A garota estranhou por não ver Atta, ela precisava voltar logo atrás da cortina, mas o fato de Flávia agora não estar mais olhando sob a cômoda significava que ela não poderia traçar um caminho reto pelo chão do quarto. Assim a minúscula menina foi escondida próxima as paredes, oculta pela cama, cômoda, cesto de lixo e o que quer mais que Flávia deixasse nos cantos do quarto.

Pouco tempo antes disso, Atta e Padius tiveram uma pequena discussão. **O que ela quis dizer quando falou que só ela pode se arriscar?**, **não foi bem isso que ela disse...**, **tanto faz o que ela disse! Ela se acha melhor do que nós! Nós que lidamos com essa giganta até agora!**, **ela também enfrentou gigantes para chegar até aqui!**, **e isso significa que nós não temos valor?**, Padius estava ofendido, Atta não estava com cabeça para discutir com ele, ela queria preservar a imagem de Lonomia mas não tinha mais paciência para discutir, então ficou quieta apenas desejando que a garota ruiva logo voltasse e que o helicóptero logo chegasse para esse pesadelo finalmente acabar. 

Padius por outro lado olhou para a companheira, viu seu corpo enfaixado, seu rosto cansado e se perguntou novamente por que ele não estava assim também? Ele tinha a boa vontade da giganta? Se tinha, não seria inteligente usar isso a seu favor. Olhando além da cortina o rapazinho viu que Flávia avançava cada vez mais, logo inevitavelmente ela chegaria até seu paradeiro e ele seria incapaz de impedir que a mulata pudesse seus dedos em Atta, possivelmente para lhe trazer mais dor.

Foi então que ele decidiu, proteger Atta com suas capacidades físicas era impossível, e ele já não dispunha de qualquer arma. Então ele apostou na possibilidade de estar na graça de Flávia, ele iria se revelar, e se a giganta estivesse tão furiosa que quisesse descontar nele sua raiva, no mínimo com isso a pequena Atta seria preservada por mais um tempo, quem sabe por tempo o suficiente para as esperanças do resgate aéreo se tornarem reais. Padius então nem avisou Atta, simplesmente saiu de trás da cortina e avançou vagarosamente até a giganta que ainda estava de gatinho.

O rapazinho tremia, suspirava com medo de ter tomado uma decisão insensata, mas quando pensou em Lonomia e toda a sua arrogância ele criou coragem para agir tão valentemente quanto poderia nessa circunstância. Assim ele engoliu ar e gritou para Flávia, **Perdão!**, a mulata gigante não demorou muito para identificar sua vozinha fina e assustada em algum canto do assoalho. Ela então virou seu rosto carrancudo até ele apenas para encontrá-lo de joelhos com as mãos para cima e o rosto a observando absolutamente atento. Padius chegou a ver o cenho sinistro da moça, mas contrariando todas as expectativas ele não recuou assustado, ele estava tão sóbrio quanto jamais se imaginaria nesse contexto. Claro que estava nervoso, mas não se atreveu a manifestar o medo animalesco que mostrou na última vez que esses mesmos olhos ferozes da baiana pousaram sobre seu corpúsculo.

**P-perdão!** Gritou ele novamente, ainda trêmulo apesar do esforço para manter a compostura,  **perdão!**, ao ver os apelos do menininho Flávia suspirou e afinal bradou com alegria, **Henrique!**, foi nesse momento que Lonomia a ouviu. A mulata então ofereceu sua mão para Padius subir nela, ela poderia simplesmente tê-lo agarrado mas preferiu demostrar gentileza. Isso fez Padius suspirar, sua teoria parecia se confirmar, a giganta realmente parecia não ter intenções violentas a seu respeito. 

Sem hesitar portanto o rapaz levantou-se ainda com as mãos para cima e caminhou de vagar até a ponta dos dedos robustos da moça apenas 2 anos mais velha. Ele pisou na ponta de suas falanges e com a respiração controlada caminhou pelos dedos roliços até atingir a palma dela, onde ficou parado esperando a próxima vontade de Flávia ser manifesta. A baiana por sua vez ergueu a mão levemente enquanto se acomodava no chão com as pernas dobradas. Ela olhou para seu pequeno cativo já não tão rebelde e aproximou seu dedo para acariciar sua cabecinha loira.

**Por que você fugiu de mim, Henriquezinho?** Perguntou a captora com genuíno sentimento de dor, ao que o rapaz se esforçou para responder, ainda mantendo os braços levantados, **eu... Tive medo...**, Flávia então arregalou os olhos demostrando legítima surpresa, ela então abaixou um dos braços de Padius com a ponta de seu dedo enquanto falava, **pode relaxar, fofinho! Eu não quero te machucar.**, então Padius entendeu que poderia abaixar os braços e talvez até descontrair-se. Ele olhou para o imenso rosto de Flávia, ela estava tão perto que parecia um outdoor cujos dois olhos não poderiam ser encarados simultaneamente.

**Onde está sua amiguinha?**, perguntou Flávia casualmente, o que gelou a espinha do rapaz, que não imaginava o que a giganta tinha preparado para a indefesa Atta. Ele já havia chegado até aqui, não era hora de expor Atta, era preciso controlar a atenção de Flávia mesmo que apenas para Lonomia levar Atta para um lugar seguro. **S...senhora... Você.... Não precisa dela...**, disse o pequenino ao criar coragem. Flávia o encarou, viu que ele estava nervoso, ela de fato não precisava tanto de Atta embora quisesse mantê-la como um brinquedo, mas era esperta o suficiente para deduzir que o rapaz não entregaria o paradeiro da amiga a menos que ela usasse uma abordagem agressiva, o que poderia prejudicar a confiança que o menino demostrou ter para com ela.

**Tem razão, Henriquezinho!** Arrulhou por fim a giganta quase esmagando o minúsculo moço em sua bochecha marrom. **Eu não preciso da sua amiguinha!**, então ela recuou a mão e olhou seu troféu trêmulo. Flávia continuou o acariciando ora na cabeça ora na barriguinha, e por fim disse, **mas eu acho que a... Atta precisa de ajuda. Ela parecia meio dodói quando eu vi ela da última vez**, ela encarava o pequenino como se fosse uma criança e por isso falava com ele em um tom meigo e mesmo infantil. Era humilhante, mas Padius estava contente por não ter tido até então seus ossos postos a prova ou sua farda arrancada. Era melhor ser um bichinho fofo do que uma peste a ser combatida.

Juntando coragem o rapaz então falou, **Senhora, por que você fez isso com ela?**, e ele quase recuou quando viu o rosto de Flávia ficar com uma expressão surpresa. Mas a giganta apenas envolveu seus dedos da mão livre no torso dele e continuou a afagá-lo gentilmente, **Henrique...**, suspirou a mulata, **Você é um menininho inocente e não entende, mas sua amiga era folgada. Ela precisava ser castigada, ela atirou na minha irmã e depois em mim. Ela tem que aprender que um bichinho fofo precisa obedecer a dona! **, então ela trouxe seus lábios carnudos até Padius e após beijá-lo e quase sufocá-lo concluiu, **que nem você, fofinho!**

Então Flávia fez uma expressão séria, para o pavor de Padius, e perguntou com calma mas já não mais tanta meiguice, **Henrique, não minta para mim. Quem atirou no olho da minha mãe?**. Padius ficou aflito, ele não sabia como reagir. Apesar de suas diferenças com Lonomia ele não poderia entregá-la, até porque a essa altura entregar Lonomia seria diminuir as chances de sobrevivência de Atta. Mas se ele não falasse nada, além de provocar a ira da giganta ele poderia deixar sugerido que havia de fato um novo soldado no quarto. Sua única saída era driblar a pergunta.

**Alguém... atirou na sua mãe...?  **, perguntou ele claramente assustado mas demostrando-se surpreso o suficiente para aparentar estar alheio a essa incidência. Flávia no entanto não comprou a ideia, ela inspecionou mais profundamente os microscópicos olhos de Padius e achou que ele parecia nervoso o suficiente para talvez estar escondendo alguma coisa. Ela então decidiu arrancar a resposta ainda que ao preço de deixar o menininho assustado. **Henrique, eu mandei você não mentir!**, Padius então caiu de costas sobre a palma esbranquiçada de Flávia e já com olhos lacrimejantes disse, **,eu não sei de nada... Senhora...**, Flávia deixou seu cenho cada vez mais sinistro e por fim decidiu arriscar algo novo.

Ela abriu a boca e ameaçou deixar o rapaz cair nela, apenas inclinando sua mão sobre os lábios enquanto seu monstruoso maxilar estava aberto. Padius perdeu totalmente qualquer compostura que havia reunido, ele tentou se agarrar a pele de Flávia mas o tecido da palma da mão era grosso demais para que seus dedinhos pudessem agarrar com firmeza. Seus dedos então rasparam-se e seu corpo continuou deslizando para a ameaçadora boca da jovem. Cujos dentes eram do tamanho de seu antebraço e eram tão brancos que pareciam peças sólidas de um engenho feito especialmente para matar da pior maneira possível.

Perante esse flagelo Padius não teve alternativa senão gritar em pânico tudo aquilo que Flávia queria saber, ele gritou atônito, **, Perdão! Perdão! Tem mais gente aqui! uma garota! Ela atirou na sua mãe! Não me mata!! Não me mata!!**, ao ouvir os apelos desesperados do homúnculo Flávia abaixou a mão permitindo que ele caísse deitado sobre a palma, então ela soprou suavemente sobre seu corpinho e disse novamente em tom meigo, **óh, coitadinho... Eu não queria fazer isso mas você me obrigou... Seja um rapaz comportado e eu prometo que não teremos problemas assim no futuro.**, ela então sorriu e afinal se levantou. Flávia olhou para o pequenino em sua palma e com um sorriso caloroso perguntou, **Henrique, colabora comigo tá bom? Onde está a sua amiga e essa outra pessoa que atirou na minha mãe?**, Padius continuava deitado na mão de Flávia, quase em posição fetal. Flávia o acariciou e continuou, **,eu não vou mentir, Henrique, eu vou castigar a putinha que machucou a minha mãe. Mas se você colaborar comigo eu prometo que não vou tocar na Atta. Temos um acordo?**

Padius olhou para a imensa forma de Flávia, ela parecia alegre. Se fosse de tamanho normal Padius até diria que era uma moça jovem e simpática, do tipo que ele aceitaria namorar. Mas nessa proporção ela parecia um demônio pavoroso do tipo que deveria ser expurgado da face da Terra. Qual não foi sua humilhação ao lembrar que ele era aquele quem não pertencia a essa Terra. Ele era o estranho, o de fora, o alienígena.

Padius levantou-se, ele não sabia se Flávia cumpriria a ameaça de comê-lo caso ele tivesse ficado quieto, mas sabia que continuava a mercê da giganta e se ele não fizesse o que ela manda por bem acabaria fazendo por mal, o que apenas aumentaria a chance dele ter um ataque cardíaco ou mesmo de ter sua perna decepada por um movimento involuntário dos incisivos da giganta. Ele fez o que pôde para ganhar tempo, agora Atta e Lonomia estavam a própria sorte. Padius apontou para a cortina e chorando confirmou, **,Atta está lá atrás... Não mate ela...**

Com seus passos sísmicos a giganta baiana se aproximou do tecido vermelho, puramente extasiada por ter domesticado Padius tão bem que ele já não se importava de denunciar seus companheiros apenas para satisfazer sua vontade. Ela agachou-se próxima a porta da sacada e usando a mão livre puxou a cortina para revelar sua pequena fugitiva indefesa. Entretanto Flávia exclamou uma sonora interjeição de raiva ao constatar que não mais ali estava Atta, e antes dela pensar na possibilidade de Padius tê-la ludibriado observou em uma das minúsculas janelas de vidro da porta um buraquinho. 

Flávia não era exatamente detalhista mas conhecia seu quarto bem o suficiente para estar ciente que esse vidro não estava quebrado até recentemente, então ela ergueu-se bruscamente, quase derrubando seu pequeno passageiro no ato. No auge de seu tamanho magnífico a giganta de 1,70m abriu a outrora intransponível porta da sacada com demasiada facilidade, e então encontrou algo bizarro do outro lado.

Sobre o piso de azulejos da sacada de Flávia flutuava uma miniatura de helicóptero, um modelo robusto claramente militar, com uma enorme hélice que girava em seu topo e uma diminuta metralhadora na lateral. Flávia abriu a boca eufórica ao ver na porta ainda aberta da aeronave algumas formas minúsculas, mais pequeninos para sua coleção, ela então caminhou a passos lentos porém poderosos pela sacada, quando finalmente um pequenino flash de luz tocou seu olho. 

Aconteceu, Flávia gritou vendo sua euforia se transformar em puro ódio quando percebeu que teve o mesmo destino de sua mãe e irmã. Bastou um segundo descuidado, bastou se surpreender e ignorar a luz estranha que viu, bastou caminhar lenta e triunfante em vez de saltar violentamente sobre sua presa. Bastou apenas isso para ter um de seus olhos alvejado, picado por um quase invisível projétil de chumbo que no entanto tinha força o suficiente para atordoá-la com uma dor aguda.

O choque foi tão grande que Flávia derrubou seu querido "Henrique", praticamente esquecendo-o nesse entretanto. Por sorte pouco antes do tiro ser disparado em direção de Flávia alguém já se aproximava discretamente da giganta, prevendo que Flávia o derrubaria uma vez que sofresse o choque de ter um globo ocular atingido. A soldado que então conseguiu aliviar da melhor maneira possível a queda de Padius foi Lonomia. A minúscula ruiva usou seu próprio corpo para impedir que o rapaz se desbaratasse no piso duro da sacada. Lonomia suportou seu impacto e os dois recuperaram a compostura antes mesmo da imensa Flávia, que gritava de dor enquanto um olho cobria com a mão.

Enquanto corria Padius perguntou mesmo sem fôlego, ** e a Atta...?**, Lonomia continuava séria, mas sugerindo um sorriso ela respondeu, **quem você acha que acertou o olho dessa filha da puta?**, os dois continuaram correndo e não tardaram para alcançar a aeronave, que de imediato começou a ganhar altura. Mas Flávia não estava derrotada. Com seu olho bom a mulata viu a máquina de mexendo e, sem querer se arriscar a ser atingida por sabe-se lá quantos soldados pudessem estar escondidos na aeronave, a moça resolveu acabar com todos a distância, dessa vez sem qualquer clemência. Ela arrancou um de seus chinelos e se preparou para derrubar o helicóptero e todos os seus tripulantes para uma morte certa.

Atta, que operava o rifle de repetição de Lonomia, viu a mulata arrancando o chinelo do pé e percebeu que a giganta pretendia usá-lo como projétil para derrubá-los. Ela alertou seus companheiros e Lonomia logo disse, **eu vou acertá-la, com isso!**, ela pegou um lança granadas que estava no helicóptero e já se preparava para atirar quando o piloto da aeronave gritou protestando, **Não! Não faça isso!** Era Blastius, **o sargento proibiu o uso de armas letais contra ela!**

O primeiro chinelo foi arremessado, com uma manobra literalmente de outro mundo os alienígenas conseguiram desviar do trajeto do imenso projétil de borracha amarelo.  Mas Flávia com certeza tentaria arremessar o outro. Então Lonomia começou a discutir com o cabo quem pilotava o helicóptero, ela disse,**,,Blastius, você sabe bem que a única arma letal pra esses desgraçados é o canhão antiaéreo!**, **mas o RPG pode machucar ela!**, **foda-se!**, **, não podemos!**, a discussão estava tão acalorada que dessa vez Blastius não conseguiu realizar uma manobra surreal para impedir que o chinelo de Flávia acertasse a máquina, o qual tocou sua causa levando a aeronave a se desequilibrar e perder altitude. 

Felizmente o helicóptero não colidiu com o piso, e mesmo pequeno era resistente, então ele continuou flutuando mesmo com o turbulência em sua cauda. Flávia já não dispunha de seus chinelos, mas ao ver que os pequeninos não estavam atacando ela ganhou coragem para avançar a passos pesados em direção a máquina; ela não estava disposta a deixar essas pestes fugirem depois de todos o mal que elas causaram. O imenso corpo de Flávia logo alcançaria o helicóptero, ao ponto que para ganharem altitude os soldadinhos precisariam fazê-la recuar. 

**Por que o sargento não autorizou usar a o lança granadas nela? O que aquele gordo imbecil está escondendo de nós?**  Questionou Lonomia totalmente invocada com o cabo, que na defensiva apenas disse, **eu não sei! Tá bom? Eu não sei! Mas vamos ter problemas com o capitão se usarmos nela o RPG! Usa a metralhadora, isso pode!** , Lonomia então abriu os olhos surpresa e suspirando disse, **porra por que não disse antes?**, em seguida ela foi até a enorme (relativamente) arma automática acoplada na lateral do helicóptero e sem pestanejar começou a disparar chumbo na direção da giganta.

Normalmente uma metralhadora poderia estraçalhar um corpo humano em poucos segundos, no entanto Flávia era tão grande e maciça que os minúsculos projéteis de metal apenas picavam sua pele como ferrões de abelhas. O que não iria matar ela mas doía tanto em sua pele que ela recuou, usando os braços para evitar que alguns dos centenas de tiros por minuto acertassem seu rosto e comprometesse ainda mais sua visão. Esse recuo permitiu que o helicóptero ganhasse altura e logo saísse da sacada de sua casa rumo ao céu aberto daquela rua de Salvador. Logo Lonomia parou de atirar e viu a aflita Flávia se tornar um vulto distante e longe da gloriosamente ameaça que até pouco tempo parecia ser.

Flávia tinha a pele ardendo pelas incontáveis picadas recebida daquela miniatura de metralhadora, ela estava nervosa, ansiosa e profundamente em pânico. Os orifícios eram minúsculos mas ardiam e alguns até estavam vermelhos. Felizmente seus machucados não ofereciam risco de vida mas ser atacada por criaturas tão pequenas e patéticas era humilhante e Flávia não podia deixar isso passar. Ela rapidamente apanhou um pé de seu chinelo do chão da sacada e num acesso de fúria o arremessou no ar na esperança vã de derrubar a nave.

Quando os pequeninos já estavam longe a animosidade na aeronave passou. Lonomia saiu de sua posição de atiradora e foi sentar-se num banco, pondo a cabeça de Atta em suas coxas para que ela pudesse repousar. Atta logo adormeceu com a ruiva acariciando sua cabeça. Enquanto Padius, ele olhava para a direção do sobrado, essa noite finalmente terminou e ele estava aliviado por estar vivo. Atta foi quem mais sofreu, mas logo ela se reabilitaria e voltaria a ser uma soldado exemplar. E quanto a ele? Ele mostrou-se fraco ao ponto de ceder e entregar sua companheira vulnerável por medo de represálias. Ele se sentia patético, mas sabia que parte de ser humano era ter momentos de fraqueza. 

Ele era humano, afinal, todos eles eram. Atta, Lonomia, Padius e Blastius. Eram alienígenas, mas só nesse lugar, nesse momento. Logo eles estariam no acampamento onde outros de sua raça os esperavam, lá eles deixariam de ser os pequeninos, deixariam de ser alienígenas, deixariam de ser diferentes e voltariam a ser um batalhão de humanos em um mundo hostil cercado por monstros colossais. 

Em meio a tantas coisas não resolvidas, os pequeninos soldados tentavam entender o porquê do sargento através do cabo impedir que uma arma mais pesada fosse usada contra Flávia. Lonomia desconfiava que isso estava relacionado a Solano e a suposta ligação dele com Persgu. Em todo caso isso não importava agora, agora só importava encerrar essa noite de pesadelos.

End Notes:

Então, gostaram? Eu não sei se a Flávia voltará tão cedo, mas claro que ela vai querer vingança!🥲 Enquanto isso poderemos acompanhar outras gigantas no próximo capítulo! Espero vocês lá e caso ainda não tenham visto não deixem de conferir as artes desse conto no Deviantart:

https://www.deviantart.com/barbarizand0

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