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Author's Chapter Notes:

Desculpe a todos pelo atraso deste capítulo! Foi realmente complicado escrever ele, eu tive de recomeçar algumas vezes para ter certeza de que ficaria perfeito...😅😅😅

Enfim, aproveitem e não deixem de comentar!

Aviso: esse capítulo pode conter temas sensíveis mais para o final, lembrem-se, ficção é ficção!

Disclaimer: All publicly recognizable characters, settings, etc. are the property of their respective owners. The original characters and plot are the property of the author. The author is in no way associated with the owners, creators, or producers of any media franchise. No copyright infringement is intended.



**Flávia, filha, quê que se tá gritando a essa hora?** Indagou severamente Solano para a filha quando a jovem abriu a porta, a expressão no rosto do homem era séria porém afável como a de um pai que só buscava uma justificativa razoável da filha. Porém esta, no objetivo de ocultar seus "convidados" dissimulou a verdadeira razão Apenas dizendo num artificial sorriso, **,Ah, pai, é que eu vi uma barata aqui mas... Eu já me livrei dela!**, um tanto incrédulo Solano olhou para o rosto jovial da filha, ele franziu as sobrancelhas em suspeita mas Flávia continuou indiferentemente meiga.

Assim o adulto apenas suspirou e disse enquanto ajeitava seus óculos. **Tudo bem, filha, mas tente não gritar tanto... A coitada da Agatha não está conseguindo dormir, a picada no olho dela não foi muito grave, mas a dor está incomodando bastante...**, Ao ouvir isso Flávia ficou ressentida, ela sabia agora que o que sucedera-se com sua pequena irmã não foi obra de um himenóptero nem artrópode semelhante, mas sim uma "pura crueldade" de uma menina malvada de 6 centímetros. 

Ao perceber que a filha ficou tocada o homem pôs a mão direita sobre o ombro dela e sorriu, **não se preocupe, filha. Sua irmã vai ficar bem. Eu tava pensando, você poderia ir descer com ela na praia amanhã**, **mas pai, e a escola?**, **é só vocês irem a tarde, e eu nem vou mandar ela para as aulas amanhã, de qualquer modo...**, Flávia sorriu e apontando o dedo para o homem disse acusando-o ludicamente, ** Oxente professor Solano! Cê tá incentivando criança a matar aula?**, ela riu com sarcasmo, ao que seu pai repreendeu  com um enfadonho , **a senhorita ainda não está perdoada por repetir de ano!**, Flávia fez beicinho e afinal decidiu que precisava terminar a conversa antes que seus pequeninos fizessem algo que poderia lhe dar trabalho. **Bem, pai, eu vou continuar... Fazendo minhas... Lições de casa! **, o homem olhou para ela absolutamente incrédulo e decidiu ir embora enquanto dizia um monótono **sei...**

Quando finalmente a porta do quarto foi fechada e Flávia virou-se em direção a cama, bufou o mais baixo que pôde ao constatar que sua preocupação havia concretizado-se; Atta e Padius não estavam em cima da cama, ao menos não em seu campo de visão. Ela caminhou furiosa até a cama contendo-se para não chamar uma vez mais a atenção não pretendida de seu progenitor. Ela ajoelhou-se em frente a seu colchão e ergueu o maço de cigarros, atrás do qual poderiam os pequeninos terem se escondido, todavia eles não estavam lá. Flávia não ficou surpresa, então continuou erguendo os objetos sobre sua cama na expectativa de encontrá-los atrás de algum. Do travesseiro, de seus bichinhos de pelúcia ou mesmo das cobertas dobradas nos pés da cama. Restava deduzir que eles haviam descido.

**Tudo bem, bichinhos! ** Disse ela sorrindo ao se levantar novamente, **eu não estou mais brava... Podem aparecer, eu não vou castigar vocês!** , Flávia ficou aborrecida, até meio magoada, quando os adolescentes não se revelaram após seu chamado. Ela não garantia que iria manter sua palavra caso eles realmente tivessem se revelado, mas foi desanimador perceber que eles não confiavam nem um pouco nela. Ou talvez ela só estivesse magoada porque agora teria de onerar-se com uma busca por seu quarto. Em todo caso ela sabia que precisaria engatinhar pelo chão se quisesse vasculhar minuciosamente.


Quando Atta ouvira a voz chamando-a em seu rádio foi tragada de volta a realidade, ela percebeu que havia comprometido sua relação com Flávia e que agora era melhor fugir ainda que isso significasse perder seu tão dileto rifle de estimação; afinal o coronel precisava dela e Padius contava com ela. Assim a menina decidiu correr ao mesmo tempo que tentava se comunicar com o sargento. **Sargento Persgu, o soldado Padius e eu fomos capturados por um nativo! Precisamos de reforços!**, gritou enquanto puxava seu colega pelo braço em direção a uma das colossais pelúcias na cama de Flávia. Lá chegando eles esconderam-se no vão entre um ursinho e um coração de pelúcia e puderam tomar um fôlego enquanto ouviam seu superior,  **Atta querida!** Disse Persgu perplexo, **Como uma soldado tão excepcional como você foi capturada?**, a menina por um segundo rangeu os dentes da forma menos visível possível e admitiu ainda que ressentida, **Sargento eu me descuidei... E como fica nosso reforço?**

Atta olhou por entre as frestas das pelúcias, viu que a giganta mulata continuava falando com o que agora ela percebeu seu um homem na proporção dela. Ela temeu que Flávia a qualquer instante se virasse e começasse a caçá-los, então olhou para trás e percebeu que a cama de Flávia não ficava totalmente encostada na parede, havia um espaço pequeno ali, e convenientemente uma cortina, na qual poderia ela e Padius escalarem até o chão.

**Atta, minha querida... Infelizmente estou com um contingente pequeno no momento, não poderei ajudá-la imediatamente...** Falou o sargento para o desespero de ambos os soldados, mas antes que qualquer um deles decidisse protestar a voz de Persgu continuou, **mas queridos, se vocês aguentarem firme eu poderei mandar um helicóptero para a extração. Só preciso que confirmem sua posição.**

Os adolescentes foram escalar a cortina rumo ao chão, Atta estava segurando o rádio na boca, ela teve de esperar até estar a uma distância razoavelmente perto do que supunha ser o chão para se atrever a soltar uma mão e pegar o dispositivo a fim de responder a Persgu, **Sargento, eu entendi!** , **o quê?**, gritou todavia o aflito Padius enquanto descia as cortinas, **Atta...! Isso... Isso é loucura! Se essa giganta nos pegar...**, porém Atta interrompeu, **,Padius, eu sei! Mas o sargento tem razão, se eles vierem sem cautela vão apenas se arriscar! Além disso nós nem sabemos exatamente onde estamos!**, Padius ficou magoado, ele olhou para Atta como se tivesse levado um tapa na cara, mas era verdade, como estavam no bolso de Flávia eles não viram para qual direção ela foi após tê-los capturados. Restava então encontrarem um meio de informar sua posição e esperar o helicóptero para a extração.

Enfim os dois atingiram o chão, estava tudo escuro. A cama de Flávia era do tipo "box" e por isso só havia luz bem ao longe, na saída, que era um lugar de onde no momento os pequeninos queriam distância. Eles precisavam de um plano, para escaparem não bastaria apenas entrar em contato com o sargento, porém, **Atta! Oh, Atta!** Era a voz de Lonomia.

**Lonomia!**, gritou Atta com um sorriso alegre e aliviado. **Lonomia, você está bem? Onde você foi?**, a voz da garota ruiva apenas respondeu, **É você que me deve explicações! Você devia ter ficado ao meu lado, sua dismiolada!**,  Atta ficou um pouco triste e disse com genuína culpa, **Me desculpe Lonomia... Eu acabei ficando no 2° pelotão de reconhecimento... Eu ia te contar, mas o capitão disse que você já tinha saído do acampamento...**, houve um silêncio, enfim a voz de Lonomia voltou, **tá tranquilo... A culpa é do capitão, aquele cuzão! ( Hey! - a voz de Persgu ao fundo), Atta, nós achamos seu jipe, sabe dizer se o imbecil que te capturou pode estar perto?**

**Na verdade foi uma mulher, uma moça eu acho... Eu não sei onde ela mora, depois que ela me capturou me prendeu no bolso e eu não pude ver nada... Foi mal, Lonomia...**, **tá tranquilo... Eu vou te procurar! (O quê? - voz de Persgu)**, Atta arregalou os olhos ao ouvir a declaração da amiga, **mas, Lonomia! é perigoso e nós nem sabemos onde...**, **cala a boca, eu vou te achar seja onde for!**, ao ouvir isso Atta ficou em silêncio, ela não sabia porque Lonomia se importava tanto com ela, elas não eram namoradas, mas geralmente no tempo livre ficavam juntas frequentemente. Talvez porque as duas eram amigas desde que moravam no orfanato, as duas eram diferentes da maioria. Atta costumava ser um menino e Lonomia era uma ruiva num país predominantemente loiro.

** Tinha uma mesa com alimentos na construção em frente ao jipe...** Atta por fim lembrou, **ela estava cuidando da mesa, acho que ela mora nessa mesma contrução!**, Lonomia por sua vez assegurou, **perfeito, eu estou a caminho! Você precisa de alguma coisa?**, a menina sorriu e disse brincando, **quando você estiver aqui não vou precisar de mais nada!** , Lonomia rangeu os dentes pelo rádio e disse um tanto amofinada, **É sério Atta... Você precisa de alguma coisa?**, A menina ficou envergonhada e disse meio baixo, **,ah... Bem, eu perdi meu rifle... Mas acho que para enfrentar ela seria preciso uma arma mais forte...**, **, aguenta, firme, câmbio!**

O rádio foi desligado, Atta e Padius decidiram esperar em seu esconderijo. Era pouco provável no entanto que Lonomia seria sua salvadora, afinal estando sozinha ela teria sorte se os avistasse. Atta estava mesmo preocupada e definitivamente não queria ter envolvido sua amiga nisso, mas se não tivesse qualquer dica ainda assim Lonomia iria procurá-la, e entrando nos lugares errados dependeria tempo, vigor e recursos e consequentemente isso aumentaria as chances dela sucumbir. Restava esperar um ato providencial, enquanto isso Padius recomendou que os dois se alimentassem com as rações que carregavam.

Padius tirou um pequenino aquecedor do bornal e o usou para aquecer algumas latas de carne em pasta, enquanto Atta destampava algumas latas de leite condensado - comida de militar. Eles puderam comer sossegados enquanto a voz de Flávia ecoava pelos céus da caverna onde se escondiam. Todavia não demorou para que terminasse a calmaria, logo o teto da " caverna" começou a se mexer e os pequeninos repararam que a cama estava ganhando distância da parede. Logo ficou claro, Flávia estava puxando a mobília para verificar se estavam ali. Eles tiveram de agir rápido ou seriam arrebatados antes mesmo que Lonomia pudesse atravessar a porta da frente do colossal sobrado.

Atta e Padius correram por baixo da cama tão rápido quanto suas perninhas permitiram, entretanto não saíram da área da cama antes dela estar exposta ao campo de visão da giganta, a luz penetrou a pele pálida dos adolescentes que apesar do pânico não deixaram dede movimentar por um segundo. Para a graça de ambos Flávia não havia olhado para o chão tão logo puxara a cama, assim não os viu correndo. Atta notou uma vassoura posicionada ao lado da gigantesca cômoda de Flávia, em frente a cama, ela teve a ideia de se esconder nas cerdas então correu. Porém quando finalmente a menina se enfiou nas grossas cerdas acreditando estar segura, olhou para o companheiro e não o encontrou no novo esconderijo.

Padius tropeçou em um prego jogado no chão, ele tentou chamar Atta mas não quis ser um fardo, e quando finalmente levantou-se para continuar correndo, um tremor violento abalou o piso de madeira mandando ele de volta para baixo. Abrindo os olhos o garotinho viu a imensa projeção do corpo de Flávia além da cama, seu corpo maciço e sua expressão furiosa fez ele gelar e tremer enquanto encarava a giganta sem saber como reagir. Porém ao vê-lo acuado e trêmulo, Flávia se enterneceu e mudou para uma expressão afável. Ela contornou a cama e se agachou até o pequenino quem não ousara até então levantar-se.

**Oh, meu Henriquezinho....** Disse ela num tom meigo enquanto esticava os enormes dedos para pinçar o corpo esguio de Padius. **, Não precisa ter medo, eu não vou te machucar!**, ela levou o garotinho assustado até seu imenso peito quente e aninhou ele. Flávia viu que o menino tremia muito, quase convulsionando, mas ela esforçou-se para ser delicada enquanto deixava o menino sentir seu calor, seu ritmo cardíaco e sua proteção.

Por outro lado o pequeno Padius não entendia o porquê de Flávia estar falando com ele de forma tão amável. Ela foi tão rude com Atta mais cedo, então porque seria gentil com ele? Afinal porque ela insistia em chamar ele de Henrique? Quem era Henrique? Ele não sabia, mas no momento só precisava não surtar. Só precisava controlar seu coração para não infartar entre a mão e o seio daquela imensa porém bela criatura. Quem era Flávia? Como entendê-la? Será que afinal ainda não era tarde para negociar? Se não era, então por que estavam fugindo? Por que simplesmente não confiar nela? Será que Atta era a única culpada pelo desentendimento anterior? Será que ele deveria tentar se comunicar com Flávia apesar do medo que sentia? Mas por que sentia medo? Flávia até o momento não tinha o machucado. Ela brincou com ele, o prendeu e o assustou, mas não o machucou mesmo agora quando estava claramente furiosa. Padius precisava pensar.

Ao ver Padius acalmando-se em seu peito a moça gigante resolveu deixar Atta temporariamente de lado. Valia mais aproveitar seu pequeno "Henrique" , agora que ele parecia cativado, do que se aborrecer procurando a pequena rebelde. Assim Flávia tratou de deitar-se em sua cama sem nem mesmo empurrá-la de volta para a parede. Ela não falou, não queria assustar o pequenino, ela acreditou que tinha conseguido a confiança dele e tentou preservá-la por quanto tempo pudesse.

Quanto a Atta, ela assistiu Padius ser agarrado e aninhado contra o volumoso peito da jovem, ela pensou que deveria ter se revelado e deveria tê-lo ajudado. Se estivesse com seu rifle certamente acertaria o olho da giganta a essa distância, contudo somente com a pistola seria arriscado denunciar sua posição no chão sem a certeza de que seu disparo acertaria Flávia. Antes a mulata estava sentada a sua frente, agora estava agachada há uma distância considerável para um ser tão pequeno. 

Atta sentiu-se frustrada por ter deixado seu colega ser capturado, ela recordou-se de como Padius enfrentou seus medos antes para ir ajudá-la, ainda que isso só o levasse a ser capturado também. Ela sentiu-se inique por não ter se revelado ainda que pouco pudesse fazer para ajudar. Restava restaurar sua lealdade ao parceiro voltando até sua captora e, se preciso, a enfrentando. Atta viu o cenário, haviam duas possibilidades, ou ela voltava para a área anteriormente embaixo da cama e escalava as cortinas novamente. Ou ia até o criado mudo de Flávia e escalava por suas saliências. Seria uma tarefa mais laboriosa, entretanto como recompensa ela poderia talvez reaver seu rifle, que repousava na faceta do criado mudo. Ela optaria pelo segundo caminho, afinal seu treinamento militar ensinou-lhe o suficiente de alpinismo para ter certeza que era possível realizar o trajeto.


Quando encerrou a comunicação com Atta encontrou ainda Lonomia uma óbice a fim de lhe atrasar, Persgu, quem não queria deixá-la ir. **Soldado, não posso permitir que aja de forma imprudente!**, disse o sargento , ao que a menina ruiva simplesmente respondeu, **com todo o respeito, Sargento, você não consegue me impedir.**, Persgu bufou bravo enquanto continuava, **Lonomia, Atta é experiente, ela vai se cuidar até o helicóptero estiver pronto! Confie nela.**, Porém a soldado não deu ouvidos ao superior, ela começou a mexer nos itens que trouxeram do caminhão e afinal pegou um guincho, um rifle e um paraquedas. **Eu vou levar isso. Vocês podem encher o tanque e dar o fora**. Persgu olhou para ela claramente aborrecido e disse simulando calma, **minha querida... Você está esquecendo quem é o comandante aqui...**

Lonomia se aproximou de Persgu, ela era praticamente da mesma altura que ele embora ele fosse mais gordo. Ela agarrou seu próprio braçal e o arrancou, depois disse em tom sério olhando profundamente nos olhos redondos do sargento. **Se for preciso eu não farei isso como soldado, mas duvido que o capitão queira me executar por decidir salvar uma das queridinhas do coronel. Além disso você precisa de mim mais do que eu preciso de você, sargento. Então ou você cala a boca e vem comigo atrás da Atta, ou entra no jipe e volta para o acampamento antes que tenha o mesmo destino do Aedes!**

Persgu ficou pálido, ele suava e sentia que não podia deixar tanta insubordinação passar impune, afinal Blastius testemunhara essa situação embaraçosa e logo isso se espalharia entre os soldados. Mas seria mais fácil calar Blastius do que enfrentar Lonomia, então o homem permaneceu calado. A menina entregou o braçal vermelho para o sargento e foi em direção a gigantesca porta de madeira do sobrado. Seria necessário transpassar um degrau antes de se preocupar em como passar pela intransponível muralha de madeira, mas Lonomia era implacável.

Persgu decidiu ir com Blastius para o acampamento, ele entrou no jipe após o cabo encher seu tanque e partiram sem olhar para trás. No meio do caminho porém, o sargento olhou para seu caderno e fez um comentário que Blastius não entendeu o significado, **se Atta estiver naquela casa isso é irônico, querido...**


Atta estava escalando pelo criado mudo, apesar de não ser uma tarefa particularmente problemática, ela não sabia quanto tempo já tinha passado desde que Padius foi pego pela giganta. Era bizarro que Flávia não tivesse até agora tentado ir atrás dela, ou mesmo se mexido. Ela foi tão ousada antes então por que não continuou com seu assédio agora que possuía Padius ao alcance de sua mão? Era melhor assim, no mínimo o rapaz não estava sofrendo.. mas por que tudo parecia tão calmo? 

Afinal a menina em miniatura alcançou a faceta do criado mudo, lá havia uma "árvore" em forma de abajur, e estava acesa gerando calor. Também tinha um despertador, alguns livros e um pacote de tic tac praticamente do tamanho de Atta. Seu rifle estava ali também, assim como o bornal que até recentemente encontrava-se no ombro de seu colega. Ao ver a bolsa ali a menina pensou que a giganta teria feito algo com o rapaz, mas ao correr sorrateiramente até a borda do móvel ela pôde olhar no horizonte a imensa forma marrom de Flávia repousando sobre a cama com o minúsculo homenzinho em posição fetal sobre seu seio esquerdo. Não era possível olhar com clareza o rosto de Padius mas Atta tinha certeza que ele chorou e eventualmente dormiu.

Flávia encarava o pequenino e ocasionalmente acariciava seu corpúsculo com o indicador, sua expressão era serena. Atta não sabia o que se passava na mente da mulata, mas sabia que ela era perigosa e embora esse momento parecesse oportuno para uma fuga, seria traição deixar Padius entregue aos prazeres desta sequestradora.

Atta não tinha certeza de qual seria a melhor maneira de proceder, mas ela começou pegado seu rifle, carregando-o e vendo se no bornal do amigo havia qualquer coisa útil. Porém Padius a essa altura possuía menos recursos que ela, mesmo suas granadas já haviam sido usadas. Atta porém conservava as dela e achou que se fosse preciso deveria depositar sua confiança nesse equipamento.

Quanto a abordagem, ela duvidou que tentar algo diplomático novamente traria quaisquer resultados, pois antes Flávia sequer deu atenção a ela senão para assolá-la e quase esmagá-la. Não era prudente revelar sua posição apenas para ficar a mercê dos caprichos dessa civil megalitica. Claro que Atta sabia que era estupidez simplesmente atacá-la, mas não havia jeito de resgatar Padius sem perturbar Flávia de algum modo. Então entre uma negociação infecunda e vulnerabilizadora e uma abordagem dinâmica com consequências severas mas vantajosa; Atta resolveu que deveria dificultar as chances de Flávia a capturá-la neutralizando um de seus olhos. Talvez ela pudesse ter tentado falar com a giganta, mas quem isso beneficiária realmente?

Ela mirou, em cima do criado mudo, num ponto cego do campo de visão de Flávia, tinha a posição perfeita para alvejar seu globo ocular esquerdo. Ela atirou! Atirou entretanto o tiro saiu pela culatra, quase que literalmente... Ocorreu que no exato instante em que o gatilho foi puxado e o cão acionado a arma entrou em combustão tão rápido que explodiu ferindo as mãos de sua portadora. 

Atta gritou aflita devido a dor de ter suas mãos esfoladas pela explosão de seu rifle, seu brado não seria audível para Solano, como o de Flávia outrora, mas era alto o suficiente para chamar a atenção da giganta deitada, que fez um leve sorriso e virou a cabeça olhando ainda encostada no travesseiro para a minúscula criatura agoniando em seu criado mudo. **Olha só quem resolveu aparecer!**

Atta caiu de joelhos na superfície de madeira, ela estava olhando para as mãos latejantes e mau pôde notar a sombra da imensa mão de Flávia pairando sobre sua minúscula forma. Ela foi jogada na palma esbranquiçada de Flávia e presa pelos dedos dela. Em seguida a mulata trouxe a meninazinha até seu rosto, abriu a mão e encarou ela com um sorriso malicioso, **, confusa?**

Atta não respondeu, ela ficou sentada na mão de Flávia, escondendo suas próprias mãos e controlando-se para não chorar, apesar de que seu rosto já estava vermelho. A giganta explicou, **quando eu estava procurando vocês, bichinho, eu sabia que você iria usar essa arminha ridícula em mim de novo se achasse ela! Então eu fiz uma pequena armadilha! ** Ela riu, **eu joguei seu brinquedinho no álcool! Eu não entendo de ciências mas acho que você queria atirar em mim, quando atirou... Kabum!**

**O que.... O que você vai fazer comigo...?** Perguntou Atta trêmula na mão da jovem. Flávia então usou sua mão livre para tirar Padius de seu peito delicadamente e depositá-lo no criado mudo, em cima de um livro. Ela então permaneceu deitada apenas com Atta em sua mão. Flávia sorriu e disse: **eu vou castigar você... Você é uma vadiazinha estúpida que não merece a companhia do meu Henriquezinho!**

**O nome dele...é Padius...**, ao ouvir isso Flávia virou a mão e deixou Atta cair sobre entre seus seios, a menina escorregou e ficou presa desconfortavelmente entre as enormes massas de carne marrom, cujo suor ainda era profundamente forte, bem como o calor e a pressão que eles exerciam. A giganta fez um rosto sério e decretou, **você se acha muito importante né, bichinho? Tirado onda com essa beca de gambé! E se eu tirar esse trapo, o que acontece?

Por estar espremida entre os seios da giganta Atta mau pôde ouvir o que ela disse, então foi repentinamente pinçada entre os dedos de Flávia e quando se deu conta a garota maior já estava com o polegar e o indicador da outra mão puxando seu casaco. Bastou uma simples movimento e a menina viu a parte superior de sua farda ser feita farrapos. Tanto o casaco quanto a camisa de baixo foram rasgados deixado a pequenina só de sutiã.

Ao ver Atta assim a moça riu e comentou, **onde estão seus peitos, coisinha?**, envergonhada, Atta só não cobriu os bustos porque seus braços estavam levantados e presos pelos poderosos dedos da mulata. Ela então ficou vermelha e gritou na defensiva, **eu... Tenho 13 anos!**, **jura?** , zombou Flávia, **eu tinha peitos maiores que você aos 10 anos! Se bem que... Minhas tetas seriam maiores de qualquer jeito, já que cê não passa de um inseto, né?**, Atta ouviu as palavras de Flávia e não pôde responder, ela foi novamente capturada, dessa vez por ter caído numa armadilha. Esse dia estava sendo horrivelmente humilhante, não tinha como piorar. 

Isso é... até que Flávia continuou seu assédio, dessa vez agarrando as calças da menina e arrancando-as com a mesma facilidade. As botas e as mangas do casaco logo foram removidos e a giganta ficou segurando sua presa semi nua pelas costelas. Ela sorriu satisfeita e disse, **você é tão magrela... Tão frágil... Hahaha! Tão fraca!** Ela soltou Atta no colchão e pegou seu maço de cigarros, levantando-se em seguida. **Se quiser pode correr bichinho, eu duvido que você chegará longe nesse estado... Sem falar que meu querido Henrique não vai sair junto com você**

Atta permaneceu imóvel, até que ela notou algo horrível, Flávia sacou um cigarro do maço e valendo-se de um isqueiro o acendeu. **Não!** Gritou ela claramente assustada. Flávia mau ouviu os protestos da pequenina, ela começou a fumar o cigarro absolutamente indiferente a criatura. Em sua mente ela havia triunfado e agora podia simplesmente relaxar através de seu vício. 

Atta se distanciou no colchão tanto quanto pôde, ela estava ainda com as mãos doloridas e não poderia descer no chão escalando as cortinas, então apenas se abrigou longe e tapou o nariz com os dedos. Ela começou a tossir pois inevitavelmente a fumaça propagou-se pelo ar como ondas. Ao ver que Atta estava incomodada com o cheiro do cigarro, Flávia resolveu assolá-la com esse objeto. Ela voltou para a cama com o entorpecente na boca e se deitou, em seguida engatinhou até a minúscula adolescente como um predador caçando. 

Quando Atta não tinha mais para onde recuar Flávia removeu o cigarro da boca e abrindo a enorme cavidade deixou a fumaça escapulir por seus lábios envolvendo todo o corpinho de Atta, quem entrou num ataque violento de tosses e convulsões. Ela rastejou tentando se afastar da fumaça mas estava tão entorpecida que nem conseguia se orientar. Flávia se deliciou com os esforços patéticos de sua prisioneira e procurando estender o sofrimento dela, estendeu a mão e bloqueou sua passagem. Em seguida Flávia tragou mais um pouco o cigarro e novamente liberou uma carga altíssima de fumaça e nicotina em cima da pobre garotinha que de tanto tossir, lacrimejar, babar, espirrar e contrair seus músculos; já estava inerte e esgotada. Mas para Flávia isso era só o começo.

Flávia pegou Atta com os dedos e dessa vez pôs a menina inteira dentro de sua boca, Atta estava tão cansada que não tinha forças nem para demostrar o medo que tinha de que esse fosse seu fim. Ela sabia que humanos não comeriam animaizinhos vivos e crus, mas depois de todos os abusos de Flávia ela já não duvidava que a moça fosse bem capaz de a devorar se assim quisesse. Mas para sua sorte ou azar, a jovem apenas colocou o cigarro na boca e deu a derradeira tragada.

Uma tragada que gerou tanta fumaça e calor que ameaçou asfixiar Atta e explodir seus pulmões. Quando Flávia tirou o cigarro ela soltou a fumaça pelo nariz e depois abriu a boca revelando Atta esparramada por sua língua. Ela a cuspiu na mão e disse com um sorriso macabro. **Você está viva?** Atta não respondeu, ela precisava recuperar sua energia antes de fazer qualquer coisa. Seu corpo nu estava encharcado por uma mistura de seu próprio suor e saliva da giganta. Atta queria que seu tormento acabasse, ela ainda não chorou, só lacrimejou devido a fumaça; mas sofria com todo esse tormento.

Flávia deixou Atta na cama e continuou fumando, após um minuto o cigarro havia chegado ao fim, então Flávia disse, **isso tudo foi pelo que você fez a minha irmã! Deus que te ajude para que ela não fique cega de um olho, senão eu vou acabar com você!**, Atta estava deitada, calada. De repente ela gritou, rolou para o lado e se levantou ainda que apenas para cair de novo. Então ela olhou para a coxa e percebeu que Flávia havia queimado sua perna com a ponta da bituca do cigarro. Atta afinal chorou e disse, **por que você fez isso? Por que você não me deixa em paz?**

Flávia jogou a bituca num cinzeiro que tinha em cima da cômoda e olhou para a forma patética da garota em sua cama, **isso foi por minha irmã... Agora vou dar um castigo por você ter atirado em mim!**, Ao ouvir isso Atta tentou criar forças para correr , ela sabia que era inútil mas seu corpo já foi levado ao limite com a última tribulação. O que mais Flávia queria dela? 

Sua tentativa de fuga foi simplesmente risível, mau saira do lugar e Flávia já obstruiu seu caminho com a palma, que também serviu para lhe enclausurar. A moça gigante então levou a minúscula presa até o rosto e quando a tinha a frente de seu nariz, ela fez uma expressão séria e ordenou: **tire suas roupas de baixo!**

**Não! Não!** Protestou Atta, para sua infelicidade, pois Flávia decidiu tirar pessoalmente e no ato arranhou a costa da garotinha enquanto rasgava seu sutiã. **Olha o que você me fez fazer!**, a unha de Flávia era grande e forte, fez um corte na pele lívida de Atta que começou a expelir sangue, ainda que em pouca quantidade. Flávia ordenou em seguida que Atta tirasse a calcinha, ameaçando arrancá-la se a menina não o fizesse, o que garantiria provavelmente um novo hematoma no ventre ou nas nádegas do minúsculo projeto de gente.

Visando a evitar uma nova lesão em sua pele, Atta removeu muito a contragosto mesmo sua calcinha, revelando seu tucking. No início Flávia estranhou a cobertura de esparadrapos no lugar da vulva e brincou, **tudo isso para segurar sua menstruação?**  Atta abaixou a cabeça e ficou calada, Flávia mandou ela retirar a cobertura e finalmente assustou-se quando encontrou um microscópico pênis pendendo da pelve da menina. No início ela não entendeu mas logo associou os conceitos e ficou claro que Atta era uma menina transgênero. O que Flávia não poderia deixar de insultar,


**Quem diria! Você é um menino!**

**Não! Não sou!!!** Gritou a menina numa explosão de sentimentos pesados enquanto escondia sua genitália com ambas as mãos. **É mesmo...? Então o que é isso?** Questionou a giganta enquanto com a mão livre afastava os braços da pequenina da região que ela queria esconder. 

**Você é um menino sim!** Continuou zombando, **e eu vou provar!**

Flávia esticou sua própria calcinha e depositou Atta na parte de trás, em sua bunda. Então numa última gota de veneno declarou: **quando eu terminar, vamos ver se seu pintinho ainda funciona!**


Continua...

Chapter End Notes:

Enfim, o que acharam? Eu sei que Flávia de demonstrou-se um pouco... Preconceituosa, mas personagens emulam a realidade então nem todos aceitaram certas coisas. Acredite, Atta também tem seus defeitos e isso logo será evidenciado... Eu acho...

Enfim, não deixem de comentar o que pensam.

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